Ameaça decorre da não implementação do Planos de Cargos, Carreiras e Remunerações dos peritos criminais, conforme manda a regra, engavetado desde 2021.
Situação da categoria é considerada caótica: promessas de regularização da carreira caíram no vazio, mas poderá haver perdas para o Estado/Fotos: Divulgação.
s
peritos criminais do Pará vivem um drama que desafia qualquer senso de justiça
ou respeito profissional. Carregando o fardo de receber o pior salário da
Amazônia e um dos mais baixos do País, esses profissionais enfrentam um sistema
de progressão na carreira que é, na prática, uma miragem. O Plano de Cargos,
Carreiras e Remunerações (PCCR) atual impõe regras tão rígidas e inalcançáveis
que a aposentadoria chega antes que qualquer avanço real na carreira.
Para
piorar, as promoções dependem de um decreto do governador que simplesmente não
sai. Resultado: um travamento completo. Há mais de uma década, ninguém na Polícia
Científica é promovido e se configura em mais de dez anos sem avanços, sem
reconhecimento e sem justiça.
Em 2021, os peritos ainda acreditavam em mudanças. O governador Helder Barbalho, do MDB, sinalizou que as regras do PCCR seriam atualizadas, mas a Secretaria de Planejamento e Administração, a Seplad, optou por uma estratégia de protelação. O processo, que chegou à Secretaria, está engavetado desde abril de 2024, e até o momento os profissionais não conseguiram sequer ser ouvidos.
Enquanto isso, o caos se agrava. A
única promessa de respiro veio da Secretaria de Segurança, que tenta
implementar o novo PCCR. A pressão não é pequena: o Estado corre o risco de
perder R$ 40 milhões anuais do Fundo Nacional de Segurança Pública, às vésperas
da COP30, em 2025, em Belém, caso o plano não saia do papel.
O
Fundo Nacional de Segurança Pública é uma fonte de recursos para projetos e
ações de segurança pública e prevenção à violência. É gerido pela Secretaria
Nacional de Segurança Pública e foi instituído pela Lei 10.201, de 14 de
fevereiro de 2001.
Suas diretrizes estabelecem que pelo
menos 50% do valor desse Fundo deve ser transferido para os Estados e o
Distrito Federal, na modalidade fundo a fundo, sendo 80% para redução de mortes
violentas intencionais, enfrentamento ao crime organizado e proteção
patrimonial; 10% para enfrentamento à violência contra a mulher e 10% para
melhoria da qualidade de vida dos servidores da segurança pública.
Entre 2019 e 2023, o Ministério da
Justiça e Segurança Pública repassou, via FNSP, R$ 4,8 bilhões aos entes
federados. No entanto, desse total, apenas R$ 2,5 bilhões foram executados.
Em outubro
passado, um total de R$ 42.404.744,50 foram transferidos pelo Fundo Nacional de
Segurança Pública ao Pará. No entanto, a Lei 13.756, de 12 de dezembro de 2018,
em seu artigo oitavo, prevê que: “O repasse dos recursos de que trata o inciso
I do caput do art. 7º desta Lei ficará condicionado: à existência de um conjunto
de critérios para a promoção e a progressão funcional, por antiguidade e
merecimento, de peritos, de policiais civis e militares e de integrantes dos
corpos de bombeiros militares”.
O cenário é ainda mais desesperador
quando se olha para o trabalho dos peritos criminais. Esses profissionais
enfrentam uma crescente onda de violência e criminalidade. São eles que estão
na linha de frente, garantindo que as provas cheguem à Justiça. Mesmo assim,
seguem abandonados por um governo que prioriza obras milionárias para eventos
como a COP30, enquanto se esconde atrás de decretos de contenção de despesas
para ignorar os direitos desses servidores.
A
bomba-relógio já está armada. As operações de Carnaval, Semana Santa e veraneio
de 2025 dependem de uma perícia que, neste momento, está à beira do colapso.
Sem recursos adequados, sem um PCCR funcional e sem perspectivas de mudança, o
que acontecerá quando o sistema quebrar de vez?
O Pará
corre o risco de perder seus peritos - não por demissões -, mas pela exaustão
de quem foi empurrado ao limite.
A educação na região do Marajó, no
Pará, é uma das mais problemáticas do Brasil, segundo um trabalho da Ong
Articule e Todos pela Educação, que identificou gargalos do setor. Entre as
questões deficitárias está a taxa de abandono, generalizada entre os anos
iniciais, finais e ensino médio.
A interpretação do estudo é que quase
10% dos estudantes “deixam a escola antes de concluir a educação básica”. A
infraestrutura é um drama: apenas 4,3% das escolas têm internet e 30% das
escolas sequer têm energia elétrica. Salas de aula com recursos multifuncionais
são raras: apenas 8,3%.
Este e outros trabalhos bateram à porta do Ministério da Educação, em Brasília,
e o raio-x foi célere: o MEC identificou que os municípios do Marajó têm baixa
adesão ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Inicialmente,
viu-se uma luz no final do túnel.
Com recursos diminutos - ou empregados em outras áreas -, os municípios do
Marajó região tinham uma espécie de dilema, sem resolução: 133 obras inacabadas
de unidades escolares, como escolas e creches municipais. As prefeituras
iniciaram a construção e reforma e, por alguma razão de ordem financeira é
claro, paralisaram.
O MEC disponibilizou recursos e a última estimativa é que 67 unidades escolas e
creches na região Marajó estão sendo reformadas. Inclusive obras de uma creche,
em Bagre, foram retomadas. O detalhe é que a creche estava paralisada havia dez
anos. O investimento federal foi na ordem de R$1,8 milhão para a reativação. Em
Bagre, 100% de obras de escolas e creches públicas foram destravadas - no
total, R$ 3 milhões de recursos federais foram disponibilizados.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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