Sete dos nove candidatos a prefeito de Belém declaram R$ 9 milhões para campanha eleitoral

Candidato à reeleição, Edmilson Rodrigues, do Psol, chama atenção pela modéstia financeira, inclusive na peça sobre o seu plano de governo.

12/09/2024 08:20
Sete dos nove candidatos a prefeito de Belém declaram R$ 9 milhões para campanha eleitoral
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o Brasil, não há salário de prefeito que forme um padrão nacional. Pela Constituição Federal, a remuneração desse cargo é definida pelas Câmaras de Vereadores de cada município. Segundo a Constituição, o salário de prefeitos deve ser menor que a remuneração de um ministro do Supremo Tribunal Federal, categoria que passou a receber R$ 44 mil neste ano. Pois bem: considerando as 26 capitais brasileiras, os salários dos prefeitos ficam entre R$ 17.690,57 e R$ 38.039,38, levando em conta os valores brutos, sem os descontos aplicados.

 

A remuneração mais alta entre as capitais é a da cidade de São Paulo, onde o prefeito Ricardo Nunes, do MDB, recebe R$ 38.039,38 por mês. O menor é o de Dr. Pessoa, do PRD, em Teresina, Piauí, com R$ 17.690,57 mensais. Mas um projeto em tramitação na Câmara prevê aumentar esse valor em mais de 47% a partir deste ano, totalizando R$ 26.080,98.

 

Em Belém, o salário do prefeito é de R$ 25.332,25, que é o que recebe atualmente Edmilson Rodrigues, do Psol, o mesmo que é pago a Bruno Reis, do União Brasil, prefeito de Salvador, na Bahia. Belém paga o 14º mais alto salário entre as 26 capitais da Federação.

 

Pobre de marré, marré

 

Ainda que esse salário não seja dos maiores, Belém tem nove candidatos à prefeitura. Segundo o que declararam ao TRE do Pará, sete dos nove candidatos têm para gastar nas campanhas um total de R$ 9.355.275,68, e dois deles não declararam qualquer doação recebida.

 

Uma coisa chama à atenção: dos nove planos de governo apresentados ao TRE e que estão na plataforma DivulgaCand, quase todos se esmeraram em fazer um documento ‘agradável’ aos olhos e que facilite a leitura, menos o de Edmilson Rodrigues, que é um documento criado no Word e passado para PDF pela plataforma I Love PDF, que é de graça.

 

Nem um designerzinho foi chamado, muito menos um “sobrinho que entende de internet”, para dar uma “cara” mais atrativa ao documento. É somente texto, muito texto, uma enxurrada de texto.


Dados oficiais sugerem que disputa deve contrariar a regra sobre o que se entende por gastos de campanha/Fotos: Divulgação


Ou voto de pobreza

 

É como se o prefeito de Belém tivesse feito, para dizer o mínimo, voto de pobreza. Tanto que quem criou o plano de governo ou quem o encaminhou ao TRE do Pará foi a advogada de Edmilson Rodrigues, Sylmara Symme Leite que, meses atrás, foi nomeada por ele diretora interina da Agência Reguladora Municipal de Belém, a Arbel, mas já deixou o cargo.

 

Irmãs generosas

 

Segundo o DivulgaCand, Edmilson tem R$ 2.079.500,00, no total líquido de recursos recebidos. A maioria dessa verba de campanha, R$ 1,7 milhão, vem da direção do Psol nacional, seguida de R$ 320 mil vindos do PT. Mas as irmãs de Edmilson, Selma Leni e Edilene Brito Rodrigues são generosas e doaram à campanha, juntas, R$ 30 mil, sendo R$ 15 mil para cada uma. Ricardo Augusto da Silva também doou R$ 15 mil.

 

Pela plataforma, a maior despesa da campanha do atual prefeito de Belém é com o impulsionamento de conteúdos no Facebook-Meta, com gastos de R$ 50 mil.

 

Demais candidatos

 

Eder Mauro - O Delegado Eder Mauro, do PL, tem R$ 2.542.275,68 no total líquido de recursos recebidos. Desses, R$ R$ 2.442.675,68 vieram da direção nacional do Partido Liberal. O próprio Eder Mauro doou R$ 51.600,00 para a campanha; o filho dele, Rogério Barra, R$ 28 mil; Tatiane Calábria Coelho repassou R$ 15 mil e Larissa de Jesus Melo, R$ 5 mil. Eder Mauro gastou R$ 270 mil com serviços advocatícios e R$ 286.620,00 com militância e mobilização de rua.

 

Everaldo Eguchi - O Delegado Eguchi, do PRTB, tem R$ 100 mil para gastar e esse valor completo veio da direção nacional do PRTB. Ele não tem ainda doação de terceiros e gasta com advogado e contabilidade, totalizando R$ 10 mil.

 

Igor Normando - O candidato Igor Normando, do MDB, tem declarado um total de R$ 1.830.000,00 em recursos recebidos. Desse valor, R$ 1.800.000,0 são oriundos da direção nacional do MDB. E há doações dele mesmo para a campanha de R$ 20 mil e R$ 10 mil de Humberto Bozi Spíndola. O maior gasto de Igor, assim como o de Edmilson, é com o impulsionamento de conteúdos no Facebook-Meta, com gastos de R$ 3 mil.

 

Jefferson Lima - O candidato do Podemos, Jefferson Lima, tem em caixa R$ R$ 2.002.500,00 de recursos recebidos, dos quais, R$ 2 milhões vieram da direção nacional do Podemos, e doações de Tereza de Jesus de Oliveira, R$ 2 mil, e dele próprio, R$ 500,00. Lima não declarou despesas, até este momento.

 

Thiago Araújo - O candidato Thiago Araújo dispõe de R$ R$ 780.000,00 em recursos recebidos, dos quais, R$ 735 mil vieram da direção nacional do Republicanos, partido de Thiago. O próprio candidato doou R$ 45 mil à campanha. As maiores despesas da campanha de Thiago são com material impresso e adesivos, com mais de R$ 62 mil gastos. No impulsionamento de redes sociais são mais de R$ 20 mil.

 

Raquel Brício - A candidata Raquel Brício, do Unidade Popular, tem R$ 21 mil em caixa, sem declarar a origem. Wellingta Macedo, do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado - PSTU, e Ítalo Abati, do Novo, não declararam valores recebidos, nem de seus partidos, nem de doações de terceiros.


 

Papo Reto

 

· Os gastos milionários de Janja (foto) em viagens e compras e o ‘sincericídio’ do presidente Lula com relação à primeira dama,

têm causado mal estar na cúpula nacional do MDB e do próprio PT. 


· O bagunçado trânsito nos arredores do Palácio Antônio Lemos dá bem a medida da situação da caótica mobilidade urbana em Belém, onde agentes de trânsito só existem na folha de pagamento da Semob.


· Quando a causa é justa, reclamar e protestar dá resultado. Depois que as senhorinhas e senhorinhos que integram o Gran Coral fizeram até uma manifestação de protesto e notas começaram a ser publicadas na imprensa, o governo do Estado recuou e garantiu os R$ 90 mil de patrocínio ao grupo.

 

· O Grand Coral se apresentará, como faz há 23 anos, na Trasladação e no Círio, celebrando Nossa Senhora de Nazaré.

 

· O grupo só mudou um pouco de lugar: antes, ficava na arquibancada da Presidente Vargas, com Serzedelo Corrêa; agora, vai se apresentar na esquina da rua Oswaldo Cruz. 

 

· De janeiro a agosto de 2024 já foram registrados, em todo o Pará, 370 mortes por intervenção policial. Já são 40 mortes a mais do que o mesmo período de 2023, quando foram registradas 330 mortes.


· O mais interessante é que o Estado não adota nenhuma política para redução dessas mortes, sendo o Pará, depois do Rio de Janeiro e da Bahia, a unidade federativa com maior letalidade policial do Brasil.


· Enquanto isso, as antes combativas Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa e entidades de direitos humanos continuam mudas e considerando essas mortes ‘normais’.


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