s professores da Secretaria de Educação do Pará tomaram um susto imenso na segunda-feira, dia 5 - a publicação do Memorando 58/2024, com data de 19 de julho, que impõe a retirada das aulas suplementares de dois segmentos altamente vulneráveis da categoria: os que aguardam aposentadoria e os readaptados provisória ou definitivamente. Os servidores estimam que a medida poderá atingir até 5 mil profissionais.
Um dos denunciantes afirma que o memorando estava oculto
e sua divulgação remete à necessidade “de reação imediata”. O que aconteceu é
que, pela portaria, as vantagens que alguns desses professores tinham foram
retiradas a partir do momento da divulgação da portaria, sem comunicação
prévia.
Implicações da medida
No português claro, a Seduc reduziu os proventos dos
professores que estão nas duas condições citadas: os readaptados - aqueles que
por motivo de saúde, principalmente, são realocados em outros postos que não de
ministrar aulas, como por exemplo, em bibliotecas escolares -, e os que já
estão à espera da aposentadoria, e que passam também a ter menos das chamadas
“horas aulas”.
Para que esses professores não tenham redução salarial,
eles passam a receber como “aulas complementares” e são essas que foram
cortadas pela portaria da Seduc. Já no assunto do Memorando 58/2024 fica bem
claro: “aulas suplementares". Supressão de pagamentos indevidos aos
servidores lotados nos quadros da Secretaria. Concessão de aulas suplementares
quando houver necessidade”.
Razões da Secretaria
O que os servidores denunciam é que essa portaria é a
resposta da Seduc ao decreto do governo do Pará, do início do mês passado, que
impôs a todos os órgãos estaduais a ordem de “apertar os cintos”. Tanto que o
decreto é citado na portaria, cumprindo a determinação que recebeu o pomposo
título de “decisão da Egrégia Corte de Contas do Estado do Pará” e as
determinações da Procuradoria Geral do Estado (PGE).
Para dar legalidade à portaria, a Seduc lançou mão da
Lei Ordinária de número 8.030, de 21 de julho de 2014, que sumariamente afirma
que as aulas complementares devem “atender exclusivamente à regência de classe
na educação básica nas escolas da rede pública estadual de ensino, bem como que
a concessão deve ser cuidadosamente analisada e justificada, evitando-se
qualquer decisão sem uma necessidade real e comprovada”.
A portaria também afirma que a decisão “não se limita
apenas ao uso racional de recursos financeiros, mas também envolve a gestão de
pessoas, melhoria contínua, inovação, processos e tecnologia”. E completa:
“Isso significa que o princípio da eficiência está ligado à responsabilidade e
à accountability na administração pública”.
A secretaria argumenta, ainda baseada na lei, que a
parcela de aulas complementares tem natureza jurídica temporária e transitória.
Também diz que o pagamento de horas complementares é vedado aos readaptados.
A portaria destaca que a “determinação” teria sido feita
até 31 de julho de 2024 e que “seja efetivada a supressão de pagamentos de
aulas complementares aos professores que se encontram sem regência de classes”,
ou seja, os que estão sem ministrar aulas, os que estejam esperando
aposentadoria; os lotados em Centros Especializados; e os que estejam lotados
na sede da Seduc.
Nas redes sociais
Nas redes sociais, a notícia caiu como uma bomba e
gerou reclamações generalizadas. Uma pessoa disse: “Um absurdo e
uma falta de respeito com quem se dedicou uma vida à Educação neste Estado”.
Outra internauta afirma: “Esse memorando não respeita os direitos adquiridos”.
Sinais de paralisação
Muitas das postagens já falam em uma “poderosa greve” em
pleno ano eleitoral. “Convocar é construir uma forte greve geral na educação
pública paraense. Basta de ataques! Basta de conciliação! Essa tática de
conciliar com o governo e seus agentes, através de mesas de negociação, impediu
o roubo dos recursos dos precatórios?
Nota do redator: a Secretaria de Comunicação do governo do Estado
não costuma atender a pedidos de esclarecimentos, mas a Coluna Olavo
Dutra aguarda manifestação.
Papo Reto
· Uma declaração do candidato a vice-prefeito na chapa do
MDB, Cássio Andrade, durante a convenção, está dando o que falar: “O governo do
Estado tem feito um belo trabalho no Pará, mas o povo de Belém não vê o mesmo
ritmo na prefeitura”.
· Cássio
Andrade (foto) ‘esteve’ aliado do prefeito Edmilson Rodrigues
por mais de três anos, quando ocupou três secretarias - de Urbanismo; Agência
Distrital de Outeiro, e Secretaria de Esporte e Turismo.
· Dizem os observadores da cena em Belém que vem do tempo
dele na Secretaria de Urbanismo o acúmulo de lixo nas ruas da cidade e isso o
povo de Belém vê até hoje.
· Falando
nisso, a equipe de podagem de árvores da Prefeitura de Belém é composta de
apenas seis pessoas para atender a capital, Mosqueiro, Outeiro e Cotijuba.
· Há mais
de 15 dias a coluna tenta fazer contato com um diretor do Sindicato de
Enfermagem no Pará, em vão. Quando um não está doente, outro está ausente e
nada se resolve. Deve estar tudo às mil maravilhas no setor; só pode.
· A
Polícia Federal está sob nova direção. A troca foi publicada no Diário Oficial
da União de ontem.
· Saiu
Cezar Luiz Busto de Souza e entrou o delegado de Polícia Federal José Roberto
Peres, que comandava a Superintendência Regional no Pará.
· O Pleno
do TJE aprovou o anteprojeto de lei que cria mais dez cargos de desembargador
na estrutura funcional do Poder Judiciário do Pará.
· Também
foi aprovada a Emenda à Constituição do Estado que altera seu art. 155 e trata
da composição do Tribunal de Justiça.
· Uma
empresa privada chamou para si o compromisso de pavimentar as ruas da
Comunidade Vila Nova, no bairro São João, em Marituba, para favorecer um
candidato à Câmara.
· A
promessa divide a comunidade, uma vez que outro candidato havia prometido
construir uma caixa d’água comunitária, mas a empresa estabeleceu, em nome da
concorrência, que será ou uma, ou outra obra.
· Se
não é leilão de votos, parece, com um detalhe: a prefeitura está ciente de
tudo, mas não interfere, porque sua dívida no bairro é alta, mesmo depois de
‘pintar’ ruas da cidade com asfalto ao custo de R$ 26 milhões.