Dispensa sumária de médicos escancara lado obscuro e envolve Santa Casa em denúncias de favorecimento

Hospital abre espaço para empresas supostamente ligadas à família Carmona, médicos residentes atuando sem supervisão e quebra da qualidade dos serviços.

08/04/2024, 12:30

Bruno Carmona acumula denúncias de má gestão; áudios apontam sua suposta participação em negócios e o desserviço no hospital/Fotos: Agência Pará-Redes Sociais.


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hove muito em Belém nesta época do ano, mas, mesmo antes do inverno, a Santa Casa de Misericórdia do Pará vem sendo fustigada por tempestade de denúncias tão cabeludas que seriam capazes até de arrepiar os cabelos de quem não os tem em abundância.

 

O distrato recente - e de forma sumária - da Cooperativa dos Anestesiologistas no Estado, a Coopanest, com os cerca de 30 profissionais, escancarou os questionamentos sobre a gestão do presidente da Fundação, Bruno Carmona. O gestor entrou na mira não apenas do Sindicato dos Médicos, mas de outros órgãos de fiscalização.

 

Ao mesmo tempo em que o Sindicato sinaliza as supostas irregularidades em curso na Santa Casa, corporificadas na estranha e mal explicada dispensa dos médicos especialistas ocorrida no dia 23 de março, a atuação de médicos-residentes sem a supervisão devida coloca em xeque a atuação da administração de Carmona.

 

Jogo de interesses

 

Esses fatos parecem apontar para a possível perda de finalidade da gestão pública e o favorecimento escancarado de empresas ligadas direta ou indiretamente ao núcleo familiar dos Carmonas e a um conglomerado empresarial, vistos como concorrentes entre si, mas, no fundo, no fundo parceiros no jogo de interesse e conveniência. 

 

O jogo de interesse envolveria a empresa de Serviço de Anestesiologistas Unidos (SAU) e Instituto de Anestesia e Terapia Antálgica (IA-TA), que coincidentemente possuem o mesmo endereço - rua Manoel Barata, 1436, bairro do Reduto - e CNPJs distintos. Na SAU, a constituição mantém nomes como do médico Francisco Juarez Filho, enquanto no IA-TA, a ligação aponta para o próprio Bruno Carmona

 

O interesse das duas empresas estaria no pregão eletrônico para contratação de empresa especializada em anestesiologia com valor superior a R$ 7 milhões, relativos a 4,8 mil plantões anuais de seis horas, segundo a denúncia. Nesse contexto de suspeitas, a cooperativa, outrora prestadora de serviço à Santa Casa, sofreu não apenas o distrato, com seus profissionais cedendo espaço a residentes, mas ficou impedida de participar de pregões no âmbito do hospital ao qual prestou serviço por anos. Todavia, entrou com uma ação na Justiça contra as ilegalidades argumentadas por seus advogados. A cooperativa teve o direito reconhecido. Com a decisão judicial, a direção da Santa Casa resolveu suspender o pregão, quinta-feira, 4 de março, por tempo indeterminado.

 

Serviços prejudicados

 

Uma fonte consultada pela Coluna Olavo Dutra afirma que o atendimento no hospital perdeu a qualidade. “Pacientes estão sem conseguir marcar consulta, pois mudaram para agendamento via WhatsApp, que atende”, diz. As pessoas que tentam retorno pós-cirúrgico, inclusive do Grupo do Fígado, não conseguem consulta e precisam para pegar a receita de medicamento. “É muito raro conseguir marcar consulta”, alega a fonte.


 


 “O número de exames e procedimentos endoscópicos reduziu drasticamente desde que a empresa terceirizada assumiu a endoscopia. Pela manhã, eram feitos atendimentos de segunda à sexta-feira, e à tarde, de quinta-feira e sexta-feira. Hoje, somente segunda, quarta e sexta, pela manhã. Pacientes se queixam que vão fazer o procedimento de ligadura de esôfago e saem com biópsia, o que é muito grave”, relata. 

 

A denúncia encerra com uma grave acusação: que a empresa de Bruno Carmona estaria atuando na sedação dos exames combinada com outra empresa, a Procto Gastro.

 

Na calada da noite

 

Em publicação oficial no dia 25 de março, o Sindicato dos Médicos publicou: “Direção da Santa Casa dispensa e humilha anestesistas”, relatando que o hospital “dispensou, na calada da noite, os médicos anestesistas ligados à Cooperativa”.

 

Segundo as informações, o comunicado de desligamento da Cooperativa foi enviado na última sexta-feira, às 22h30, via e-mail, sem nenhum aviso prévio. O modo como o desligamento ocorreu causou um tremendo desconforto e humilhação aos profissionais. Os médicos plantonistas de sábado só tomaram conhecimento do desligamento quando chegaram ao hospital para realizar suas funções e encontraram outra empresa prestando os serviços.

 

Residentes sem controle

 

Em outra publicação, dia 26 do mesmo mês - “Residentes integram nova equipe de anestesiologia da Santa Casa”, o Sindicato aponta que, “contrariando a exigência que a gestão da Santa Casa fazia à cooperativa, de não admitir a contratação de médicos residentes como plantonistas na equipe, tão pouco auxiliares de anestesia e técnicos de enfermagem, a atual equipe de anestesistas é formada também por residentes, que substituem os especialistas, ou seja, médicos ainda em formação”.

 

Segundo a publicação, “tendo em vista o teor das denúncias recebidas, a gestão dispensou médicos qualificados com anos de profissão e serviços prestados à população por profissionais sem a devida qualificação”.

 

A saída da Cooperativa dos Anestesiologistas do hospital ocorreu como penalidade aplicada em processo administrativo feito às pressas, com desrespeito dos prazos legais, sem publicação da rescisão contratual., além do que, a mesma diretora que produziu a peça acusatória no processo foi designada como presidente da comissão que conduziu o processo e julgou o caso, ou seja, foi acusadora, juíza e executora.

 

Furos em escalas

 

A Santa Casa, porém, alega que a expulsão se deu em razão, principalmente, de furos em escala e por problemas com a execução do programa de aborto legal. Já a cooperativa, afirma alega que atuava com furos de escala em razão da ausência da atualização dos preços dos plantões que, em quatro anos, foi reajustado apenas uma vez, sendo aplicado logo em sequência o teto de gastos para o contrato, que obrigou os cooperados a diminuírem o preço de seus plantões.

 

Reação do sindicato


Após analisar as denúncias, o Sindicato concluiu que “a expulsão da cooperativa foi arbitrária e ilegal, realizado por um processo administrativo totalmente viciado, com desrespeito ao direito do médico de ter os valores de seus honorários atualizados e com desrespeito às garantias constitucionais do contraditório e ampla defesa, prometendo adotar providências em nome dos médicos sindicalizados que perderam ilegalmente seu posto de trabalho. 

 

Papo Reto

 

Oito armas sumiram do almoxarifado do BP da Guarda da Polícia Militar, responsável pela segurança dos prédios públicos. Dizem que o comandante da corporação, coronel Firmino (foto), deve cair - se já não caiu.  

 

De um atento leitor da coluna: “O PSDB no Pará virou sigla da idade dos dinossauros, ou Partitero Saurus Democratius Brasilis".

 

Embora a unanimidade de pais e alunos paranaenses aprovem o modelo de Colégios Cívico-Militares em funcionamento, lá, em razão dos resultados diferenciados - aprendizado e sólida disciplina -, a AGU, com base em STF, carimbou o modelo como "inconstitucional".

        

O governo faz das tripas coração para capitalizar o feito da Policial Federal e da Guarda Municipal de Marabá, que redundou na prisão de dois fugitivos de Mossoró, em Marabá, como "feito relevante" do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

 

Mas, como, se a inexplicável "fuga" dos dois bandidos não tivesse se traduzido em uma lambança inominável que acabou comprometendo até a imagem do presidente.

 

Aliás, o fuzil encontrado no veículo dos marginais fugitivos era um 5.56, com dois carregadores e 55 munições, prontinho para efetuar disparos.

 

Bem que o MP do Pará, tão diligente, deveria investigar as obras inacabadas dos estádios de Ananindeua, Castanhal e Santarém, onde muito dinheiro foi jogado fora e os clubes continuam local para jogar. 

 

Pelo menos 780 mil relatórios recebidos pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA logo após a distribuição das vacinas contra covid-19 e, agora liberados pela justiça, revelaram o impensável.

 

As pessoas experimentaram uma ampla gama de problemas pós-vacinação, como inflamação cardíaca, paralisia facial, abortos espontâneos, zumbidos, pensamentos suicidas, convulsões.


Registrados no V-safe, sistema de mensagens de texto criado pelo CDC para monitorar possíveis efeitos colaterais dos imunizantes, os relatórios apontaram que havia "fortes indícios" de que as vacinas possivelmente causavam miocardite, ou inflamação cardíaca, e uma condição relacionada chamada pericardite, mas tudo acabou escondido da opinião pública.

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