frase é de Marco Aurélio, imperador romano que governou de 161 a 180 d.C. Ele é autor do clássico "Meditações", escrito como uma espécie de diário pessoal, refletindo sobre suas experiências e a filosofia estóica - escola de que surgiu na Grécia Antiga -, que o inspirava.
Os
estóicos acreditam que podemos controlar nossas ações, atitudes e decisões, mas
não podemos controlar eventos externos, como o clima, as opiniões dos outros ou
o destino. Portanto, devemos focar nossa energia no que podemos controlar e
aceitar com serenidade o que não podemos.
Em
política, como a simples observação pode comprovar, os estóicos são cada vez
mais raros. A necessidade que prefeitos paraenses têm de controlar eventos
externos, por exemplo, levou grande parte deles, em 2022, a exaurir a máquina
para eleger “os seus próprios deputados federais”, levando ilustres
desconhecidos a votações superlativas, o que não chama a atenção de ninguém em
um lugar onde o peso do dinheiro e do poder público sempre foram fatores
decisivos para a obtenção de mandatos.
Dentre
os que optaram por uma solução doméstica para garantir representação em
Brasília, destaque para Daniel Santos, prefeito de Ananindeua, que não apenas
elegeu a mulher dele para uma vaga na Câmara Federal, como o fez com requintes
de crueldade.
Médica
dermatologista, Alessandra Haber recebeu mais de 258 mil votos, tornando-se a
deputada mais votada daquele pleito.
As
relações entre Daniel Santos e Hélder Barbalho eram fáceis e fluidas até meados
de 2022. Vereador, presidente da Câmara de Ananindeua, em 2018 Daniel foi um
dos nomes decisivos para a vitória de Helder na região metropolitana.
Eleito
deputado estadual naquele pleito como o mais votado dentre seus pares, assumiu
a presidência da Assembleia Legislativa com apoio incondicional do governador.
Começo do fim
A
doce relação só começou a azedar depois que Daniel Santos assumiu o comando da
Prefeitura de Ananindeua, a mesma que Helder havia administrado duas vezes, e
começou a se movimentar publicamente como pré-candidato ao governo do Estado em
2026. Sem que houvesse uma ruptura pública entre ambos, estabeleceu-se uma
guerra fria, o que levou Helder a se mover no sentido contrário aos desejos e
projetos de Daniel - a demissão de aliados de Daniel e do deputado estadual
Erick Monteiro, que havia sido eleito vice-prefeito de Ananindeua em 2020.
Sigam-me os bons?
A
guerra fria entre os dois personagens centrais dessa história teve momentos de
tensão explícita, como no dia em que, na frente de Daniel Santos, durante a
inauguração de uma avenida em Ananindeua, Helder não titubeou: anunciou que
Hana Ghassan será sua sucessora por ser “a melhor opção” para o MDB e
aqueles que não concordassem teriam todo o direito de deixar a legenda. Daniel
e Alessandra Haber são filiados ao MDB.
Empreitada inútil
As
movimentações de bastidores de Helder para criar embaraços à reeleição de
Daniel ao cargo que já ocupa tendem ao mais absoluto fracasso. O prefeito de
Ananindeua exibe índices de aprovação e de intenção de votos, em seu
território, maior do que o governador exibe no Estado, o que torna qualquer
oposição a ele uma empreitada inútil.
Fora de controle
Esse
é um daqueles “eventos externos” aos quais o imperador romano Marco Aurélio se
refere: não estão sob sua governabilidade. Daniel tende a se reeleger no
primeiro turno com votação avassaladora e qualquer candidato que entre nessa
disputa com o sinete do governado colherá uma derrota. Se concentrar em praças
onde sua base está dividida - como Belém, Santarém e Parauapebas - e a direita
tem chances reais, seria menos arriscado. Ou seja, o ideal seria focar a
energia no que o governador pode, de fato, controlar.
Em
2022, o Helder Barbalho não teve oposição. Zequinha Marinho, senador eleito com
a estrutura e o prestígio do senador Jader Barbalho, retribuiu a gentileza e
simplesmente não fez campanha de oposição ao filho de seu tutor. Passou
despercebido. Mesmo assim, Zequinha teve mais de 26% dos votos. Imagine se o
candidato fosse um prefeito eleito e reeleito, com obras a mostrar e eleitores
gratos prontos a depor a seu favor. O efeito multiplicador seria inevitável.
Saída honrosa
Em
que pese o entorno de ambas as lideranças se empenhar diariamente em colocar
lenha na fogueira, a “turma do deixa-disso” já opina que o melhor talvez
fosse um acordo entre o governador melhor avaliado em duas décadas e o prefeito
melhor avaliado dentre todos do Pará nesse momento. Afinal, se a guerra fria
serviu para algo, foi para evitar que o confronto final acontecesse de fato,
remetendo as disputas para o campo diplomático e da inteligência, ou seja, para
depois.
Ecos na eternidade
Como
ensina o imperador filósofo, “o que fazemos agora ecoa na eternidade”. Para o
bem ou para o mal. Entender que o poder sobre o próprio espírito não se propaga
automaticamente para eventos externos é uma prova de sabedoria. Do mesmo modo,
juntar todos os adversários no mesmo balaio e enfrentá-los de uma só vez nunca
foi uma boa ideia.
A
história está aí, cheia de exemplos para contar.
Papo Reto
Veja
como são as coisas: a secretária de Educação de Belém, professora Araceli Lemos (foto),
autorizou o pagamento de R$ 102,4 mil de aluguel do Hangar Centro de Convenções
para promover, durante dois dias, a Jornada Pedagógica 2024, evento no qual
teve seu discurso bruscamente interrompido sob vaia dos professores.
O
contrato, assinado com a OS Pará 2000, ocorreu com dispensa de licitação e foi
publicado provavelmente com erro, pois em vez de o prazo de vigência apontar
dois dias de evento - 18 e 19 deste mês - anota dois meses. Isso é que é pagar
caro para ser hostilizada...
Ninguém
tem mais dúvida de que o previsível “padrão social polêmico” das propostas de
redação do Enem possibilitou aos cursos especializados e professores adestrarem
seus alunos, munindo-os com uma série de argumentos prontos.
O
Brasil é tão emergente - emergente? - que até o sonho de um carro 100% nacional
foi enterrado há três décadas, com o desmantelamento da fábrica Gurgel.
Em
1993, também a Engesa, que fabricava tanques de guerra desde 1958, fechou as
portas.
Para
fortalecer projetos emblemáticos e tão estratégicos como esses, o Brasil, que
fez evaporar bilhões de dólares com a corrupção sistêmica na Petrobras e outras
estatais, nunca encontrou dinheiro...
O
certo é que as montadoras estrangeiras de carros a combustão ou elétricos,
sobretudo as asiáticas, balançaram o mercado automotivo brasileiro, numa
disputa ferrenha e mortal.
O
presidente Lula sancionou a lei que cria uma bolsa a moradores de rua que
frequentem cursos de capacitação, profissionalização e qualificação.
Além
dos cursos, a nova política também vai dar incentivos à contratação de
moradores de rua por meio de parcerias com empresas, que serão sinalizadas com
selos por aderirem à iniciativa.