Influenciadora digital, prefeita Patrícia Alencar faz da internet fazenda onde alimenta seu rebanho

No melhor estilo Bolsonaro, gestora posta nas redes sociais aprovação de 92% dos seus seguidores

Por Olavo Dutra | Colaboradores

28/04/2024 07:58

A dança com o gari para animar o povo (Crédito: Redes Sociais)


C


omo prefeita, a, a mandatária de Marituba, senhora Patrícia Alencar prova, cada dia mais, que é apenas uma boa influencer digital; nada mais. Usa e abusa da internet como palco particular - doravante não privativo -, para expor cenas regadas a bizarrices e estereotipias non sense que vão desde uma dança com um dj de aparelhagem, passando por passeios extravagantes de lancha pelo rio Guamá, até o rebolado insosso em plena via pública nos braços de um gari em horário de trabalho que, no frigir dos ovos, nem poderia dizer não. A desfeita, como se sabe, nunca foi bem de raiz.

Aprovada em quê?

A prefeita Patrícia Alencar fixou no seu perfil das redes sociais o banner com a pesquisa onde seu mandato aparece com 92% de aprovação em Marituba. Muito, de acordo com os analistas de plantão, por ter se transformado neste personagem político que vive quase que exclusivamente para agradar e impressionar aos outros e pela falta de oposição expressiva na corrida eleitoral na qual a influencer, quer dizer, a prefeita, tentará a reeleição. Deve ganhar. Seus seguidores, porém, devem continuar se deslumbrando com as imagens, caras e bocas, enquanto a cidade segue com os pés na lama em uma corrida de obstáculos que atende pelo pomposo nome de buraqueira. 

Menos em Marituba

O programa Asfalto por todo o Pará, do governo do Estado, nunca foi tão ridicularizado como em Marituba, onde as ruas asfaltadas ontem viraram buraqueira hoje, envergonhando até a empresa responsável pela obra ao custo de R$ 13 milhões - sem falar em um dessas ruas, especificamente - Amaro de Freitas, de acesso à BR-316 -, que, por questões que só a prefeita sabe, sequer foi asfaltada. Bem verdade que, em cerca de 250, 300 metros de extensão, nas urnas, na eleição deste ano, essa dita rua deve parir menos de uma dúzia de votos a quem quer que seja o candidato. 

Caras e bocas

A verdade é que muito da popularidade da prefeita de Marituba, seguida de aprovação, é fruto das poses, não necessariamente das ações administrativas. Até onde se sabe, esse jeito extravagante nunca fez parte do comportamento habitual da empresária que, mesmo antes da política, sempre tratou todos bem, e dificilmente se daria ao trabalho de uma exposição tão estravagante, por assim dizer.

Imoral, mas engorda

Em outras palavras, Patrícia Alencar se profissionalizou na política eleitoreira, aquela do “pão e circo", a mesma onde o vale tudo pelo voto molda atos e comportamentos. Crime não é. Trata-se de uma mulher de respeito que encontrou a fórmula do sucesso político, desde que as redes sociais abriram as portas das possibilidades. Verdade seja dita, não é a primeira pessoa a fazer uso dessa ferramenta, nem será a última. E, como o povo gosta e quem elege é o povo, o personagem segue fazendo seu papel, uma encenação que, até aqui, tem rendido bons frutos.

 O eco do Humberto

Sobre influenciadores digitais: em 2015, ao receber o prêmio doutor honoris causa na Universidade de Torino, na Itália, o filósofo e teórico da literatura, Umberto Eco, cunhou a expressão segundo a qual a internet “deu voz a uma legião de imbecis”. É pesado, mas, no Brasil, o ministro Alexandre de Moraes, ao se destacar a transparência das eleições, deu eco a Humberto.

Só os seguidores da prefeita de Marituba não sabem. A coluna está aberta a esclarecimentos.


Papo Reto


O governo do Estado acaba de aumentar em R$ 500 o auxílio alimentação dos servidores da segurança

pública. Mas os servidores da Polícia Científica continuam ganhando R$ 300 a menos.


A Polícia Militar está trocando todos os pontos chaves da corporação. O comando da PM em Ananindeua,

por exemplo, passou para o coronel J. Wilson, ligado ao senador Beto Faro. 


O ex-vereador de Eldorado do Carajás Eurípedes Reis Filho (foto) foi "dispensado" de sua "interinidade profunda" - padrão esfinge -, ao ser substituído na direção-geral da Arcon por Marcos Dias do Nascimento, obscuro ex-prefeito de Brejo Grande do Araguaia. Ambos foram indicados pelo deputado Chamonzinho, do MDB.

O que se diz nos corredores da Arcon é que Eurípedes entrou para a história da repartição como "coveiro-mor-juramentado" da Agência de Regulação, na qual "foi sem nunca ter sido" diretor-geral.

Com uma gestão 100% política, ignorando cotidianamente os fatores e o time técnicos, Eurípedes conseguiu a façanha de ficar na cadeira mais de cinco anos sem nunca ter sido sabatinado no plenário da Assembleia Legislativa, como manda a lei.

Além disso, fechou os olhos e o caos tomou conta da Agência, que mergulhou em uma ciranda de denúncias de corrupção a ponto de incomodar o Palácio dos Despachos, que se viu obrigado a a criar uma outra agência de regulação para cuidar do transporte intermunicipal de passageiros no Pará.

Belém ficou em 16º lugar entre as 150 cidades que mais consomem artigos para casa e decoração, do país. Já o Pará, principal consumidor neste setor na região Norte, representa 2,0% do consumo geral desses artigos, no Brasil. Regionalmente, o Amazonas aparece em segundo lugar, com 0,8%.

Os dados são da pesquisa realizada pela ABCasa em colaboração com o IEMI - Inteligência de Mercado. Entre pequenos varejos e lojas especializadas, o Estado do Pará emprega 74.046 pessoas, no setor de casa e decoração.

Quem apostou que o bissexto 2024 traria uma boa safra de camarão rosa deu com os burros n'água.



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