expressão popular “não faz, nem desocupa a moita” - infame pela própria natureza, diga-se de passagem - é usada para definir uma pessoa indecisa e, nos dias de hoje, cai bem ao modus Edmilson Rodrigues de fazer, ou de não fazer.

É o caso do Parque Ecológico de Belém
Gunnar Vingren, no bairro da Marambaia. Nesta semana, conforme já noticiado, a
área virou peça de disputa entre a Prefeitura de Belém e o governo do Estado,
que tenta obter licenciamento do órgão ambiental de Belém para entrar com obras
na área visando a COP30. A prefeitura se recusa a ceder, até o momento, e não
se sabe em que isso vai acabar, porque o tempo urge.
Teste de São Tomé
Agora veja esta situação: denúncias
oferecidas à Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público provocaram ação
da lavra do promotor Benedito Sá contra o município de Belém por conta do
completo abandono do parque, falta de delimitação e perda da função que
originou sua criação.
Acionada, a Prefeitura de Belém alega
justamente o contrário, fato que acabou tirando do conforto do seu gabinete o
juiz Raimundo Santana. Entre a versão das comunidades do entorno e do MP, o
magistrado foi a campo ver a situação in loco e constatou o
óbvio: o abandono dá na cara até de quem passa ao largo. Santa é do tipo que
decide, doa a quem doer.
A inspeção judicial ocorreu no final
do mês passado, respaldada na Ação Civil Pública n.º
0843511-18.2023.8.14.0301, com a presente do juiz da 5ª Vara de Fazenda da
Capital, Santana, que apurou presencialmente a situação de abandono da unidade
de conservação, além de representantes da prefeitura, Defensoria Pública e
associações de moradores que residem no entorno do parque.
As fotos não mentem
Durante a inspeção foram feitos
registros fotográficos, inclusive na área situada na divisa do Conjunto Médici,
onde há trechos visivelmente deteriorados e com a estrutura comprometida.
Edificações originais do interior do parque e trilhas não existem mais; árvores
que tombaram dentro do parque continuam no chão; o pórtico na avenida
Independência está comprometido e muito lixo.
Fazer o dever de casa
Segundo o promotor de Justiça, as
imagens e constatações resultantes da inspeção judicial confirmam a tese
sustentada na petição inicial, que invoca a necessidade de medidas
administrativas emergenciais voltadas à segurança e à preservação do parque. As
autoridades presentes à visita obtiveram também a informação de que há
anos foram suspensas todas as atividades educativas e lúdicas, inclusive
com alunos de escolas públicas.
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Seduc extingue ensino médio
em escola do Tapanã, deixa
alunos sem opção e revolta
comunidade escolar
A Escola Estadual Padre Francisco Berton (foto abaixo), no bairro do Tapanã, em Belém, é referência no ensino médio, conseguindo sempre boa aprovação dos seus alunos nos mais diversos processos seletivos, sejam públicos ou privados. Entre os alunos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio, alguns cravaram mais de 800 pontos na redação, atingindo pontuação de até 940. Muitos deles também se destacam em concursos de redação local e nacional e até nas Olimpíadas de Língua Portuguesa e Matemática.
Contudo, apesar desse desempenho, a
Secretaria de Educação do Estado decidiu acabar, do dia para noite, com esse
nível de ensino, deixando, a partir de 2026, a escola apenas com nível
fundamental e sem a devida estrutura para receber um público infantil. Isso sem
falar que, neste ano, o estabelecimento de ensino teve o turno da noite
fechado, não funcionando mais com a Educação de Jovens e Adultos, o EJA, outra
modalidade também bastante procurada na escola devido ao grande número de
alunos que precisam trabalhar durante o dia.
Opção quase zero
Para agravar a situação, a opção de
remanejamento que a Secretaria oferece aos alunos do ensino médio foi a Escola
Estadual Aldebaro Klautau, no Conjunto Cordeiro de Farias, que há um ano
funciona parcial e precariamente no ensino remoto devido às difíceis condições
do prédio. Com isso, quem precisa avançar nos estudos ficou com essa sequência
comprometida, com a comunidade escolar batendo todo dia na porta do
“Berton” pedindo o retorno do ensino médio.
De porta em porta
Devido a essa decisão arbitrária e
sem qualquer consulta aos discentes e docentes, alguns já falam até em procurar
o Ministério Público para tentar reverter a situação, que vem prejudicando em
muito a educação no bairro. Por causa também dessa decisão repentina, muitos
docentes perderam suas cargas horárias, passando a bater de porta em porta e de
pires não atrás de lotação, já que algumas disciplinas do ensino médio não são
as mesmas do ensino fundamental.