Pesquisa Doxa aponta aprovação de 80,1% do prefeito de Ananindeua; juntos, desafiantes somam 7%

Levantamento demonstra que a soma de intenção de votos de seis pré-candidatos é inferior ao total do número de brancos e nulos.

26/05/2024 08:03
Pesquisa Doxa aponta aprovação de 80,1% do prefeito de Ananindeua; juntos, desafiantes somam 7%
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e as eleições fossem hoje, Daniel Santos seria reeleito prefeito de Ananindeua com 80,1% dos votos. A conclusão emerge da segunda pesquisa Doxa registrada no TRE, que também revela uma aprovação de 90,2% dos entrevistados à administração do gestor da segunda maior cidade do Pará. A pesquisa avaliou sete pré-candidatos: Dr. Daniel, Antônio Doido, Miro Sanova, Eliel Faustino, Professora Nilse, Carlito Begot e Luiz Freitas. Os seis pré-candidatos desafiantes somam pouco mais de sete pontos percentuais.


Estudo avaliou sete pré-candidatos no município, cuja gestão tem aprovação de 90,2% dos entrevistados/Fotos: Divulgação.

A pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 22 de maio deste ano, abrangendo todos os bairros de Ananindeua, com uma amostra de 600 entrevistas. Está registrada no TRE sob o nº PA-00327/2024. A margem de erro é de 4,1 pontos percentuais para mais ou para menos.

 

Liderança com folga

 

Quando os nomes dos possíveis candidatos à Prefeitura de Ananindeua são apresentados, os votos indecisos diminuem drasticamente, beneficiando o atual prefeito. Daniel Santos (PSB) preserva a folgada liderança com 80,1% das intenções de voto. O segundo colocado, deputado federal Antônio Doido (MDB), cuja intensa atividade no município chamou atenção de autoridades eleitorais do Estado, amealha apenas 2,3% de intenção de votos, seguido pelo deputado estadual Eliel Faustino, com 1,5%. A ex-deputada estadual Professora Nilse e Carlito Begot estão empatados com 1,3% cada um. O ex-deputado estadual Miro Sanova tem 1,2%, e Luiz Freitas, 0,2% das intenções de votos. Outros 12,2% dos eleitores estão indecisos ou planejam anular o voto.

 

Nível das rejeições

 

No quesito rejeição, o deputado federal Antônio Doido lidera com 39,5%. Carlito Begot é o segundo mais rejeitado, com 9,8%. Dr. Daniel tem 5,1% de rejeição, seguido por Eliel Faustino com 4,6%, Miro Sanova com 3,6%, Professora Nilse com 2,0% e Luiz Freitas com 1,2%. Outros 14,1% não se manifestaram, e 20,1% não rejeitam nenhum dos pré-candidatos.

 

Aprovação-desaprovação

 

Quando perguntados sobre a administração de Dr. Daniel, 90,2% dos eleitores aprovam, enquanto 5,3% desaprovam. Outros 4,5% não emitiram opinião.

 

Analisando a série histórica de pesquisas em Ananindeua, observa-se que em maio de 2023 a aprovação do governo de Dr. Daniel era de 84,9%, com uma desaprovação de 11,5%. Em março de 2024, a aprovação subiu para 87,8%, enquanto a desaprovação caiu para 7,5%. Na pesquisa mais recente, de maio de 2024, a aprovação atingiu 90,2%, e a desaprovação diminuiu para 5,3%.

 

Avaliação do governo

 

A pesquisa Doxa também avaliou a gestão do governo Helder. Entre os eleitores de Ananindeua, 64,7% aprovam o governo Helder, enquanto 28,5% o desaprovam.

 

A análise histórica mostra uma queda na aprovação do governo Helder em Ananindeua. Em maio de 2023, 81,2% dos eleitores aprovaram a gestão de Helder. Em março de 2024, essa aprovação caiu para 75,0%. Na pesquisa mais recente, a aprovação diminuiu ainda mais, chegando a 64,7%. Em contrapartida, a desaprovação aumentou de 16,4% em maio de 2023 para 17,0% em março de 2024, e agora está em 28,5%.

 

Para além dos números

 

Assim como a expressiva liderança e a alta aprovação do prefeito Daniel Santos são atribuídas a uma combinação de vários fatores, a fragilidade dos desafiantes também tem origens diversas.

 

Não seria racional pensar que a simpatia por Daniel tenha se construído do nada. “Não seria razoável ignorar que nos últimos três anos se implementaram projetos que realmente melhoraram a qualidade de vida das pessoas em Ananindeua, com destaque para as melhorias na infraestrutura - com pavimentação de vias, iluminação pública e drenagem de canais - saúde - novo pronto socorro - e educação”, frisou o sociólogo Sérgio, consultor da coluna. A inauguração da orla de Ananindeua e do Parque Cultural Vila Maguari ampliaram o leque de entregas expressivas e que alimentam a percepção positiva da gestão e do gestor Daniel Santos.

 

Sérgio Santos chama a atenção para outro aspecto: o carisma pessoal do gestor. “O carisma pessoal e a reputação de Daniel, construídos ao longo de sua carreira como médico renomado e empresário bem-sucedido, como vereador e deputado estadual mais votado e prefeito eleito com maior percentual de votos da história da cidade, são fatores que influenciam fortemente a percepção dos eleitores e se somam ao visível resultado de uma gestão competente e que levou a prefeitura para lugares onde ela nunca tinha estado”, concluiu.

 

Brigada de choque

 

Se esses e outros fatores, combinados, criaram uma imagem positiva da administração de Dr. Daniel, refletindo-se na alta aprovação e intenção de voto, dando a ele um favoritismo inédito entre os prefeitos, o que levaria o experiente governador Helder Barbalho a empreender naquele território uma luta que não tem chances matemáticas de vencer?

 

A brigada de choque de Helder para derrotar Daniel Santos e sepultar suas pretensões futuras - de disputar a eleição ao Executivo estadual em 2026 - é comandada pelo empreiteiro, ex-prefeito de São Miguel do Guamá e deputado federal Antônio Doido. No segundo pelotão perfilam-se o deputado estadual Eliel Faustino e os ex-deputados Miro Sanova e Professora Nilse. Como demonstra o levantamento Doxa, a soma de intenção de votos de todos eles é inferior ao número de brancos e nulos.

 

Mesmo considerando o poderio e a mobilização de recursos - materiais, humanos e imateriais - que o governador tem plenas condições de mobilizar e sem menosprezar sua força e capacidade de fazê-lo, chama atenção dos que analisam a cena a tibieza do elenco convocado para a jornada, a começar pelo comandante da brigada, Antônio Doido, que transferiu seu domicílio eleitoral para Ananindeua com vistas a disputar a eleição majoritária em outubro.

 

Atenção: sinal amarelo

 

No final de abril, a Câmara dos Deputados decidiu manter a prisão preventiva do deputado Chiquinho Brazão, apontado como mandante do assassinato, em março de 2018, da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro. Foram 277 votos a favor da prisão, 129 a favor da soltura e 28 abstenções. Um dos votos pela soltura do suspeito de mandar matar a vereadora carioca foi Antônio Doido.

 

Derrotado na tentativa de se reeleger prefeito em São Domingos do Capim, Doido, como gosta de ser chamado, foi um daqueles fenômenos inexplicáveis de um notório desconhecido - que entra e sai de locais públicos sem ser reconhecido por ninguém - que amealhou mais de 120 mil votos em 2022.

 

No dia do trabalhador, 1 de maio, o governo do Estado promoveu uma ação do programa “o Governo nos bairros", tendo Doido como protagonista - e toda a estrutura paga com recursos do Estado -, para o deputado discursar e distribuir prêmios - motos, cestas básicas, etc... Por muito menos que isso, Igor Normando, candidato do MDB em Belém, foi multado e advertido pelo TRE.

 

Exército de Brancaleone

 

Não há como olhar para essa movimentação trôpega e não lembrar do filme “O Incrível Exército de Brancaleone”, de Mario Monicelli (1966), um clássico da cinematografia italiana.

 

A história é livremente baseada no livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Na Itália do Século 11, o maltrapilho Brancaleone forma um exército de mortos de fome e parte em direção a terras a que julga ter direito. Percorrendo a Europa medieval em um pangaré, ele se depara com a peste negra, com bruxas e bárbaros. A aventura, na ficção, acaba mal para seus protagonistas. Há poucas chances de, na realidade, o resultado ser diferente.

 

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