bispo da Diocese de Bragança, Dom
Raimundo Possidônio da Mata, se manifesta incomodado com o que entende como
"frieza" do povo católico ao não demonstrar “entusiasmo” pela festa
de Nossa Senhora do Rosário, venerada justamente na Paróquia da Catedral, a
"Paróquia do Bispo", nem no restante da cidade e muito menos nas
paróquias da diocese, muitas da quais não têm sequer uma imagem exposta da
santa. A da Catedral, aliás, Dom Possidônio mandou recolher de um depósito na
igreja para exibir aos fiéis.
De fato, desde a fundação da diocese,
há quase cem anos, a veneração à Nossa Senhora do Rosário foi introduzida na
cidade de Bragança, mas esbarrou em um fator complicador: a veneração, que
remonta a mais de 200 anos, ao Glorioso São Benedito - onde, paralelamente,
ocorre a Marujada - tradição, como se vê, anterior enraizada no hábito
religioso e cultura da região, herança do sincretismo religioso do Brasil
Colonial.
Queridinho dos fiéis
No português claro, São Benedito é o
"queridinho" do povo católico de Bragança e região. Tanto que,
décadas atrás, a Câmara de Vereadores aclamou o “Santo Preto” como padroeiro da
cidade - lei, aliás, que não foi revogada até hoje. Mesmo ‘rebaixado’ - com o
perdão do vernáculo - para a atual condição, digamos de ‘padroeiro-adjunto’, ou
‘padroeiro-auxiliar’, é a São Benedito que a população católica recorre. Nesse
item, faltou à Igreja combinar com o rebanho, que nunca aceitou pacificamente a
decisão vertical e autoritária.
Rui Barata na causa
Conta a história que a então Prelazia
do Guamá, no governo de Dom Eliseu Maria Corolli, chegou a recorrer ao Supremo
Tribunal Federal - que à época não era ilustrado por um Alexandre de Moraes -
na tentativa de assumir a Festividade de São Benedito, então dirigida por uma
entidade privada, a Irmandade de São Benedito, também herança da tradição
colonial - movimento recorrente na Igreja Católica do Brasil, principalmente na
Bahia e em Minas Gerais. O advogado da Irmandade, nesta causa, foi
ninguém menos que Rui Barata.
A prelazia venceu a demanda na
Suprema Corte e assumiu os atos devocionais - e patrimoniais - da Irmandade, o
que deixou sequelas subliminares até hoje no sentimento do povo que, por
exemplo, faz da procissão de São Benedito, na tarde de 26 de dezembro de cada
ano, uma das mais gigantescas manifestações proporcionalmente do Pará e do Brasil,
com cerca de 200 mil romeiros nas ruas.
A raiz da questão
Talvez esteja aí a raiz dos fatos em
que se debruça a perspicácia de Dom Possidônio que, por sinal, é professor de
História da Igreja. Também talvez esteja aí a maior obra do bispo nomeado pelo
Papa Francisco em tempo recorde e que este mês chega aos 100 dias na
titularidade do cargo, substituindo, na prática, com uma canetada só, três
bispos que faziam da Diocese de Bragança única no País.
Marca de 100 dias
Depois dos 100 dias, também talvez, Dom Possidônio se sinta à vontade para corrigir os rumos da Igreja na região, abalada por uma série de denúncias de improbidade administrativa a partir do Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria, como bem sabe o povo que acompanha São Benedito e a Marujada; os que veneram a padroeira oficial, Nossa Senhora do Rosário, e até os opositores da Santa Madre Igreja - os que vivem dentro e os que a observam atentamente do lado de fora - todos.
Desde os primórdios que, em Bragança,
no nordeste do Pará, constantemente acontecem denúncias, críticas e outras do
ramo contra a administração do Hospital Santo Antônio.
Mesma ladainha
“Entram governos e saem governos e nada
muda; a ladainha é a mesma. Também desde as mesmas épocas não vimos nenhuma
providência dos órgãos de fiscalização sobre o assunto de grande repercussão. Sendo
verdade e havendo comprovação de crime, por que nunca se movimentaram e nem se
movimentam os responsáveis, que podem impedir a continuação do malfeito?
Em tendo verbas públicas municipais,
estaduais e federais, poderíamos ajudar apontando os órgãos - CGE, AGU, MPF,
MPE, TCE, CCM, TCU e Câmara Municipal de Bragança”.
Entre aspas extraído do Blog
Pero Vaz de Caminha, Bragança.
Papo Reto
· Análise de jornalistas que
comentaram em grupo de WhatsApp o debate entre os candidatos a prefeito de
Belém, ontem, sugere que Thiago Araújo, do Republicanos, se mostrou mais
preparado.
· O grupo considerou o
candidato “isolado” pelos demais concorrentes, que pouco se dirigiram a ele.
Jefferson Lima, do Podemos, se destacou por concentrar fogo em Igor Normando,
do MDB, e no governador.
· O prefeito Edmilson
Rodrigues (foto), que busca a reeleição, não foi de todo mal, mas
não desgrudou os olhos do papel, de onde tirou perguntas e respostas.
· O candidato do MDB cometeu um
ato falho ao citar os atendimentos nas Usinas da Paz. Não deixou claro se o
número de atendimentos - 3, 5 milhões - se referiam a Belém, foco do debate, ou
ao Estado.
· Os candidatos Eder Mauro, do
PL, e Everaldo Eguchi, do PRTB, ambos delegados, não corresponderam ao que a
militância esperava deles no debate.
· Aliás, Eguchi chega à eleição
com um baita problema na Justiça Eleitoral envolvendo o candidato a vice na
chapa, conforme a o Portal Olavo Dutra antecipou ontem à noite.
· A PF já abriu 660 inquéritos
para investigar crimes eleitorais. Na média, 14 inquéritos foram abertos por
dia. As acusações mais comuns se referem ao crime de caixa dois, objeto de 155
apurações.
· A pesquisa estimulada
registrada no TSE PA-02291-2024 aponta o empresário Orisvaldo Bateria, do PSD,
com 60,8% dos votos contra 39,2% dados ao atual prefeito de São Domingos do
Capim, Osny Oliveira, do MDB.
· Não se fala no assunto em
Belém, mas, em pelo menos 19 capitais brasileiras, haverá transporte público
gratuito durante o primeiro turno das eleições municipais, no domingo.
· O governo alterou os editais
que norteiam o Concurso Público Nacional Unificado na questão da titulação
acadêmica e experiência profissional.
· O Tribunal de Contas da União
vai acompanhar o impacto do próspero mercado das jogatinas, hoje pomposamente
rebatizado de "bets" - que deve movimentar quase R$ 130 bilhões só
neste ano - na saúde e na economia.
· Uma coisa é certa: a
Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços já proibiu
o uso de cartão de crédito para pagar bets, a
partir de janeiro do ano que vem.