odo mundo está careca de saber do apreço que a Prefeitura de Belém tem pelos pets – e como já se disse antes, nada contra os animais, os quais, aliás, são do agrado da maioria. Na terça-feira, 10, o prefeito de Belém, Igor Normando, participou, no Palácio do Governo, do ato de sanção da lei que institui no Pará o selo Pet Friendly - Amigo dos Animais Domésticos, voltado a estabelecimentos que permitem o acesso de cães e gatos às suas dependências, desde que tenham a infraestrutura adequada. O prefeito fez questão de ir ao evento, acompanhado de Frida, a mascote dele.
Também na terça-feira, 10, foi o dia em que a prefeitura informou que a sala de exposições permanentes “Armando Balloni” foi devolvida pela administração ao Museu de Arte de Belém - mas isso somente depois de uma grita generalizada nas redes sociais.
Comentário de um internauta sobre a decisão: “Eu teria muita vergonha de ter em meu currículo de vida dois bilhetes de ‘puxada de orelha’ do imortal João de Jesus Paes Loureiro” - em referência ao poeta Paes Loureiro, que escreveu ao prefeito de Belém em defesa da cultura.
Salas fechadas
Foi um respiro rápido que continua carregado de preocupação com o que está acontecendo com a cultura em Belém, que parece ser o alvo preferencial da gestão, nem bem completou seis meses. Agora, nova denúncia dá conta de que “a propalada vitória é apenas em relação à sala “Armando Balloni”, porque no Mabe “ocorre um desmonte silencioso, longe dos olhos do público”.
A denúncia aponta que no Ateliê de Ação Educativa, a Sala “Acácio Sobral” - denominado Salão de Arte Contemporânea -, o espaço da documentação, da quarentena, e do miniauditório no prédio foram tomados do Museu e viraram áreas administrativas do Gabinete do prefeito e de lotação de assessores.
“A equipe técnica do Mabe está reduzida a cinco técnicos e um agente de serviços gerais. Não houve concurso nos últimos 30 anos para suprir os cargos na antiga Fumbel e consequentemente, no Mabe, que continua em risco. Desde o início deste governo, o Mabe está sem direção e sem as chefias das Divisões de Curadoria e Montagem e de Conservação e Restauro”, continua a denúncia.
“A situação jurídica do Mabe é muito frágil e a comunidade tem que fazer mais pelo Museu. E ainda tem a ilegalidade de estagiários que trabalham na mediação das exposições nos finais de semana, o que é ilegal”, aponta.
Alhos com bugalhos
A denúncia é confirmada por outras fontes, especialmente com relação à Sala “Armando Balloni”, que está longe da sanha de ocupar os espaços do Mabe. Outras salas do museu, porém - a parte educativa, por exemplo -, estão sendo fechadas. “Além disso, não está claro qual a situação jurídica e administrativa do Mabe, depois que a Fumbel foi extinta”.
A discrepância das ações da gestão no tema pets versus cultura já começa no fato de que os animais têm uma entidade para chamar de sua, a Secretaria de Proteção e Defesa dos Animais, enquanto a cultura foi juntada com o turismo, antes duas entidades autônomas, na Secretaria de Cultura e Turismo.
Os meios e os fins
Saber que é importante ter uma fundação pública é a grande diferença ante uma secretaria. As fundações são entidades sem fins lucrativos, criadas por órgãos públicos para desenvolver atividades de interesse público, como educação, saúde, cultura ou pesquisa. Têm personalidade jurídica de direito público ou privado e possuem autonomia administrativa, patrimonial, financeira e orçamentária.
As fundações, geralmente, recebem um patrimônio inicial, que vai sendo incrementado com dotações, subvenções, contribuições do Estado, além de recursos provenientes de atividades próprias, como prestação de serviços, sem desvirtuar sua finalidade. Do lado oposto, estão as secretarias que dependem do orçamento geral do poder Executivo.
Para ilustrar, em nível estadual, o governo do Pará tem a Secretaria de Cultura e a Fundação Cultural, que pode receber doações de entidades particulares da sociedade civil. No município de Belém, agora, essa possibilidade deixou de existir, depois da extinção da Fumbel.
Palacetes sem rumo
O desmonte da cultura municipal se dá também nos palacetes Bolonha e Pinho. O primeiro, em Nazaré, só continua funcionando para visitas pela força de vontade dos poucos estagiários que ficaram por lá, porque funcionários, mesmo, não existem. No Pinho, na Cidade Velha, ainda não se sabe o que vai ocorrer, depois do verdadeiro desmonte de salas do prédio e do Memorial Bruno de Menezes.
No Palacete Pinho, a informação que correu à época, mas não foi confirmada pela Prefeitura de Belém, apesar de ter sido questionada, era de que o local serviria para abrigar a Secretaria de Inclusão e Acessibilidade, mas Nay Barbalho, que foi por pouquíssimo tempo titular da pasta, pediu exoneração e assumiu o cargo de vereadora para o qual foi eleita. Ela foi a única pessoa que confirmou qual seria a destinação do Palacete Pinho para esse fim.
Vem que resolvo
Na segunda-feira, 9, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, anunciou um novo edital do Arraial de Belém 2025, que será em dois diferentes pontos da capital, no final de junho, e contará com a participação de diversas manifestações culturais. O que a prefeitura não comentou é sobre a desistência de 40 quadrilhas da Federação das Quadrilhas Juninas do Pará, que divulgou nota em que repudia o novo edital lançado pela prefeitura.
A entidade aponta que a prefeitura alegou falta de recursos para ampliar prêmios no concurso municipal, mas divulgou depois premiação de até R$ 40 mil para um concurso intermunicipal. A federação reafirmou: “Os grupos federados manterão a decisão de não participar do Arraial de Belém em protesto contra o que consideram descaso e falta de valorização da cultura popular por parte da gestão municipal”.
Quem não perdeu tempo nesse imbróglio foi a Prefeitura de Ananindeua, que convidou todas as quadrilhas juninas de Belém para o evento junino naquele município vizinho.
Papo Reto
•O Corpo de Bombeiro ultima providências para comemorar os 169 anos de criação no Brasil.
•A corporação foi criada pelo imperador D. Pedro II, atualmente liderada pelo coronel bombeiro Jayme Benjó (foto) no Pará.
•Dia desses, os bombeiros receberam no Comando-Geral da corporação centenas de crianças obedecendo um projeto denominado “Manhã alegre”, que prevê aproximar a “turma miúda” dos Bombeiros.
•Uma comitiva do Sesc no Pará esteve no Rio de Janeiro, ontem, em visita à CNC. Na pauta, o alinhamento estratégico entre as entidades do Sistema para as ações previstas no pré, durante e pós COP30.
•O primeiro grande evento programado será o Fórum Internacional de Sustentabilidade, que ocorrerá simultaneamente em Belém e São Paulo, no início de agosto, marcando os 100 dias para a conferência da ONU.
•O Brasil deve receber US$ 250 milhões - equivalentes a R$ 1,3 bilhão - dos Fundos de Investimento Climático para o Programa de Descarbonização da Indústria.
•Pesquisadores da USP desenvolveram drone com sensores capazes de monitorar queimadas e emissão de gases de efeito estufa no meio ambiente.
•O empresariado de Abaetetuba quer avançar no ranking de exportação de açaí. Os empresários José Miguel e Carla Bastos, por exemplo, em parceria com o Estado e IFPA, trabalham na melhoria do manejo do açaí na região do Tocantins.
•A ideia é profissionalizar e industrializar o setor, aproximando a robótica para ultrapassar a concorrência, estabelecida em Igarapé Miri.