o
final da Cúpula da Amazônia, a imprensa noticiou com estardalhaço a declaração
do Chefe Climático da ONU, Simon Stiell, de que mandará uma equipe avaliar a
cidade para a COP 30, lembrando que capital paraense precisará abrigar mais de
70 mil pessoas e hoje, tem apenas 12 mil leitos.
Ocorrida
em Belém, nos últimos dias 8 e 9, a Cúpula da Amazônia reuniu chefes de Estado
de países amazônicos para discutir iniciativas para o desenvolvimento
sustentável na região. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a cidade
recebeu presidentes ou representantes da Bolívia, Colômbia, Guiana, Peru,
Venezuela, Equador e Suriname.
A
cúpula teve início após os ruidosos Diálogos Amazônicos, que reuniu
representantes de entidades, movimentos sociais, universidades, centros de
pesquisa, centrais sindicais e agências governamentais do Brasil e demais
países amazônicos, para formular sugestões à reconstrução de políticas públicas
sustentáveis para a região. O resultado desses debates foi apresentado na forma
de propostas aos chefes de Estado durante a cúpula.
Os
países concordaram em criar uma Aliança Amazônica de Combate ao Desmatamento,
mas, obviamente, não definiram uma meta comum. Cada país deve perseguir seus
próprios objetivos: no Brasil, a meta é zerar até 2030.
O
“veto” do Ibama - subordinado à ministra Marina Silva - à exploração de
petróleo na Amazônia também não foi incluído no documento. O encontro não
conseguiu gerar compromissos entre os países para diminuir o desmatamento, o
que também era esperado.
O presente de Belém
Enquanto
os líderes se debruçaram sobre o futuro, o presente de Belém virou objeto de
fértil e barulhento debate nas redes sociais, tendo como ponto focal a
viabilidade ou não da capital paraense sediar a COP 30, a Conferência do Clima
da ONU, que acontecerá em novembro de 2025.
Belém
teve a sua candidatura apresentada pelo presidente Lula logo após a eleição em
2022. Como a floresta amazônica era o principal tema de debate nas conferências
das quais Lula participou, em Paris e Copenhague, além do Egito, o presidente
decidiu sugerir que a COP fosse realizada na região, para que as pessoas
pudessem “conhecer a floresta e suas riquezas”.
No
dia 26 de maio, a ONU confirmou Belém como sede da COP 30. Obviamente, a
realização de um evento do porte de uma Conferência do Clima exige um
"grande esforço" do país e da cidade-sede. O secretário de Clima,
Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, André Corrêa
Lago, reconheceu que não estamos prontos, o que é óbvio, mas ressaltou que
“todas as cidades que convidam para a COP têm que fazer um grande
esforço". É um evento que, nos últimos anos, tem média de 40 mil a 50 mil
pessoas durante duas semanas”, afirmou a jornalistas durante coletiva, em
Belém.
Palmatória do mundo
Desde
então, o pessimismo tomou conta das redes sociais no Pará, com opiniões
majoritárias de que Belém irá “passar vergonha”. Muitos comparam, ironicamente,
a capital e seus problemas com Dubai, cidade dos Emirados Árabes onde se
realizará a COP deste ano. Dubai é conhecida mundialmente por sua economia
extremamente desenvolvida e por seus enormes arranha-céus, ilhas artificiais e
largas avenidas.
Os
muitos opositores do prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol, surfam no mar de
pessimismo para tentar imputar a ele todos os problemas de um século de
desacertos urbanísticos da cidade. Se for verdade que o prefeito lilás vem
frustrando as expectativas da população de Belém de variadas formas, será
também verdade, por certo, que há problemas estruturais que têm passado de
gestão em gestão sem solução.
Um
deles é o crônico alagamento de certas vias centrais, produzido não apenas pelo
acúmulo de resíduos ou pelo alto índice de chuvas, mas por problemas
estruturais, como canais obstruídos por concreto para a construção de vias
ainda no século passado ou pela favelização agressiva da região metropolitana.
“Eu tenho a força”
Obviamente,
isso não perdoa a lentidão da máquina municipal em responder aos problemas mais
básicos - como capinar praças, recolher o lixo e tapar buracos -; nem perdoa o
próprio alcaide por reações destemperadas, como a ocorrida durante uma coletiva
em que foi indagado por um repórter da CNN se seria prefeito em 2025 e ele
reagiu mal: primeiro calando, para depois gravar um vídeo - quem dirigiu aquele
vídeo? - onde dizia que disputará a eleição porque tem “o apoio de Lula e do
governador”, que podem ser bastante. mas não são, por certo, o suficiente.
Ao
final da Cúpula da Amazônia, a imprensa noticiou com estardalhaço a declaração
do Chefe Climático da ONU, Simon Stiell, de que mandará uma equipe avaliar a
cidade para a COP 30, lembrando que capital paraense precisará abrigar mais de
70 mil pessoas e hoje, tem apenas 12 mil leitos.
Embaraço diplomático
O
susto não passa de alarme falso. Voltar atrás na decisão já tomada pelo órgão e
anunciada pelo presidente da República brasileira produziria um desgaste
diplomático sem precedentes. A liberação de recursos pelos parceiros da
Prefeitura de Belém, como governo federal e estadual, e a agilização na
execução de obras e serviços, podem ser suficientes se forem somados a alguma
boa vontade do povo de Belém, que de fato será beneficiado pelo legado que a
Conferência da ONU deixará quando 2025 acabar.
O ovo do omelete
E
aqui reside o maior problema. Os que querem antecipar a disputa no ano que vem
não pouparão despesas em mobilizar o mau humor subterrâneo contra aquele que
ocupa a cadeira de Antônio Lemos.