Garça faminta é resgatada por vendedor em logo poluído na Praça Dom Pedro II, centro de Belém

Reformado três anos atrás, espaço ocupado por dependentes de drogas virou depósito de detritos na ausência da prefeitura.

31/05/2024, 08:15

Praça que deveria ser refúgio paisagístico está abandonada, inclusive por visitantes/Fotos: Divulgação-Redes Sociais


N


o último domingo, 26, uma cena curiosa - e dramática - chamou atenção de quem passava na Praça Dom Pedro II, na avenida Portugal, espaço histórico no Centro de Belém: uma garça maltrapilha tentando desesperadamente escapar da fome em um lago completamente poluído graças ao descaso e à ação predadora de pessoas que fazem do espaço sua morada, despejando o lixo que se junta às montanhas vistas em toda a cidade. O lago foi reformado em 2021.

Supostamente à procura de alimento, a garça andava de um lado para o outro e, segundo os vendedores ambulantes que operam na praça, há cerca de uma semana era vista repetindo o mesmo exercício desesperado e infrutífero. O lago, que deveria ser um dos recursos paisagísticos da Praça Dom Pedro II, está totalmente sujo e poluído, consumido por um tipo de lodo que impede a presença de qualquer espécie como répteis, insetos e muito menos peixes capazes de alimentar a ave.

Resgate complicado

Compadecido com a situação, o vendedor Diego Tavares, 28, se entregou à difícil tarefa de resgatá-lo usando uma corda. Depois de muito insistir, capturou o animal totalmente ensopado e tingido com pontos verdes na pelagem.

A garça acabou sendo levada por um casal ao Mangal da Garças e entregue à equipe de veterinários para os cuidados necessários. Desse resgate, o vendedor refletiu que, grande parte do sofrimento da ave se credita à ausência de serviço de manutenção por parte da Prefeitura de Belém.

Limpeza só para eventos

“O pessoal da prefeitura só aparece aqui para limpar quando tem algum evento. Fora isso, nada. Só quando tem programação do governador ou do prefeito”, relata. “O animal ficou aqui esse tempo todo, e se não fosse, ia morrer de fome no meio desse lixo. É a segunda garça que cai aí; a primeira morreu”.

Refúgio de dependentes

A Praça Dom Pedro II tem sido o refúgio de moradores de rua e dentre eles, pessoas em situação de dependência de drogas, o que tem afastado os visitantes. Entre a praça e a calçada da avenida Portugal, às proximidades da rua João Alfredo, é grande o número de pessoas se drogando e sem qualquer atenção do poder público. Diariamente cresce o contingente de pessoas moradoras de rua em frente das lojas naquela área do comércio.

Dever de casa que é bom...

“Quem passa aqui diariamente como eu tem a impressão que esse problema de moradores de rua e pessoas se drogando só aumenta e ninguém faz nada”, afirma Maria das Graças da Silva, 37, feirante no Ver-o-Peso. Realmente, assim como se testemunha a falta de guardas municipais em praças como a da República, na Dom Pedro II não é diferente.

Uma cidade que sediará o evento climático da COP30, limpeza deveria ser regra, o dever de casa, não é, dona Garça? 


Papo Reto

• No próximo dia 6 a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal chega à cidade de Melgaço, no Marajó, para a audiência pública sobre os crimes sexuais envolvendo crianças e adolescentes.

O evento, presidido pelo senador Zequinha Marinho (foto), tem base nos números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, segundo os quais o Pará mantém uma taxa de mais de 3,6 mil casos de exploração sexual contra crianças e adolescentes acima dos 2,4 mil da média nacional.

• No Marajó, em 2022, 550 casos de crimes sexuais foram cometidos com esse perfil e pior: 407 casos foram de estupros de vulnerável.

O Núcleo de Gerenciamento Metropolitano liberou quatro quilômetros de pista pavimentada do BRT Metropolitano a partir do Viaduto do Coqueiro, sentido Belém Marituba.

• O Detran escalou 160 agentes para controlar o tráfego de veículos ontem, para desafogar a saída da cidade para o feriadão, mas nada é capaz de conter os engarrafamentos - absolutamente nada.

Pior fica quem deixa Belém rumo à Salinópolis: trechos do percurso em condições precárias, centenas de lombadas não sinalizadas e perigo constante.

• Decididamente, é uma situação que remete ao que se poderia chamar de Síndrome da hiena, como entenderão os bons entendedores.

Com todo o respeito: o Paysandu vai acabar entrando no Livro dos Recordes como a equipe responsável por tornar uma competição esportiva regional a mais insossa do planeta - a Copa Verde.

•  Neste ano, o Bicolor fechou a competição com o placar agregado de dez gols. Em ano anterior, esse placar bateu nove gols. Isso torna sem graça qual disputa futura.


Mais matérias OLAVO DUTRA