Rosário de reclamações sobre atendimento ruim da Casa Civil cresce entre os aliados do governo

O MDB, que terminou as eleições com vitória em 85 dos 144 municípios paraenses, angariou antipatia entre aliados, prefeitos e deputados federais.

20/04/2025, 08:40
Rosário de reclamações sobre atendimento ruim da Casa Civil cresce entre os aliados do governo
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MDB, partido comandado pelo governador Helder Barbalho no Pará, foi um dos grandes vencedores das eleições municipais de 2024, conquistando prefeituras em 85 dos 144 municípios, mas esse desempenho corre risco nas eleições ao governo em 2026. É que por trás da capacidade de alegria de integrar os quadros do governo, prefeitos e deputados andam insatisfeitos com o tratamento recebido na Casa Civil.

Sempre empenhado em garantir a supremacia política no Estado, o governador Helder Barbalho tem mais uma pedra para remover do caminho para 2026/Fotos: Divulgação.
Quando o assunto é Luiziel Guedes, cartorário que ocupa o cargo de chefe da Casa Civil, o ressentimento é quase uníssono: muita conversa e pouca ou nenhuma solução. Para completar, as queixas se estendem também aos deputados federais, sempre bem mais exigentes.

Horas a fio de espera

O que se diz nos bastidores é que é recebido por Luiziel Guedes é uma luta árdua, que começa com uma longa fila de espera do lado de fora do gabinete. "Quando a gente finalmente consegue marcar uma audiência, precisa suportar horas de espera, e tudo para ser recebido com 'vaselina pura'. Se ele não encaminha e muito menos decidir nada, seria melhor nem atender em gabinete", reclama um deputado da própria base aliada.

De fato, a Coluna Olavo Dutra buscou ouvir outros membros do parlamento estadual e as reclamações são de que a Casa Civil se tornou apenas uma espécie de sala de espera sem fim, onde prefeitos e deputados reclamam que demandas urgentes se perdem em promessas brandas e acenos vazios.

Sem qualquer resposta

O prefeito de um município que é um grande colégio eleitoral do MDB também reclama que pleiteia junto ao governo apoio para algumas ações para que seu município também seja visto na COP30, mas não recebe respostas dos pedidos que, em tese, foi obrigado a reportar à Casa Civil. “Depois querem que a gente movimente o município por votos, mas se continue desse jeito, essa eleição já nasceu perdida”, diz o prefeito, referindo-se à movimentação para as eleições de 2026.

A mesma ‘grita’ que ecoa entre prefeitos e pelos corredores da Assembleia Legislativa também já chegou aos deputados federais, em Brasília. “O sentimento é de total desprestígio e de que a articulação política, que deveria ser a espinha dorsal do governo, está sofrendo de paralisia institucional”, disse um deputado federal em tom de muita chateação.

Paredes têm ouvidos

A mesma fonte que colocou alguns nomes insatisfeitos em contato com a coluna alerta que a conta dessa insatisfação, claro, pode acabar chegando no gabinete do governador Helder Barbalho.

E a fatura deve ser alta com a perda de aliados. Segundo a fonte, parece que as paredes da Casa Civil têm ouvidos, porque sempre que um insatisfeito sai do Palácio dos Despachos, recebe de imediato um telefonema para tomar café com alguns dos poucos nomes que hoje fazem oposição ao governador. "Há também muitos nomes que não foram eleitos têm lá sua parcela de votos. Essas figuras também são ignoradas pelo governo, e essa atitude prepotente pode custar muito caro em 2026", avalia a fonte.

Papo Reto

·Um agente policial discreto - só não é secreto porque se apresentou, embora pedindo reserva de identidade - aciona o redator da coluna para pedir informações sobre um tal “vazio sanitário” incrustado na aba do Sigeagro 2.0, sistema que alimenta o banco de dados da cadeia produtiva bovina no Pará. A coluna não sabe, mas aceita informações.

·Não há acordo nem qualquer negociação em curso com relação às eleições de 2026 entre o PSB do prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, e o PL, do deputado federal Eder Mauro (foto), segundo o gabinete do parlamentar.

·O que trabalhou nas eleições para a Prefeitura de Belém, ano passado, “morreu lá”, informa o gabinete, provocado pela coluna. Trocando em miúdos, Daniel e Eder Mauro estão quites.

·Poucos se lembram, mas a autorização dada aos empresários de ônibus para compra de novos veículos bateu a casa de R$ 50 milhões em impostos.

·É mais ou menos assim: a tarifa de ônibus ficou em R4 4,60, com ônibus “de graça” aos domingos e feriados. Parece, mas não é.

·Essa gratuidade, cantada em prosa e verso, sai como espera aos empresários que terão, nesses dias, quilometragem livre, leve e solta.

·Trocando em miúdos: governo e a prefeitura pagam a conta final, sem medir o mais importante: o número de veículos circulando nos domingos e feriados.

·Pergunta (im)pertinente: tem almoço de graça? Um óvulo! Em tempo: quem paga a conta é a população, quer dizer, está dando esmola com chapéu alheio.

·Líderes do Centrão ironizam as 'chantagens' de Lula - retirada de cargas e sepultamento de emendas, por exemplo -, para que retirem apoio à urgência pela apreciação da anistia na Câmara.

·“Vão retirar o que nunca deram?”, pergunta um parlamentar do PL.

·Então é assim: a Abin reclama da PF, que reclama da Abin. As disputas de poder entre alas do mesmo governo expõem nervosismo. Afinal, quem manda de fato na inteligência de Estado no Brasil?

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