inoperância das autoridades, notadamente da Guarda
Municipal de Belém, bem como a impunidade que paira sobre o assunto, tem
estimulado os criminosos a iniciar um verdadeiro desmonte do Monumento à
República, inaugurado em 15 de novembro de 1897, no centro da praça homônima,
uma das principais da capital paraense.
Em outubro do ano passado, foi subtraída a extremidade da
asa do ícone que representa a História. Embora a notícia tenha sido divulgada
nacionalmente, não despertou nem mesmo a indignação daqueles que são
responsáveis pela guarda do monumento. Mais recentemente, no início deste mês,
foi a vez da cauda do leão desaparecer, muito embora exista uma guarita da
Guarda Municipal a menos de cinquenta metros de distância de onde o monumento
se encontra.
É absurdamente incrível que esses crimes aconteçam sem que
ninguém adote providências para frear de uma vez por todas essas agressões que
mutilam para sempre marcos relevantes da história, muito embora a cidade conte
com uma guarda municipal com um efetivo de mais de mil integrantes.
MP já foi acionado
Recentemente, a Comissão Especial de Defesa do Patrimônio
Histórico de Belém do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, ingressou com
uma representação junto ao Ministério Público do Estado pedindo a abertura de
procedimento investigativo não apenas para apurar o sumiço dessas e de outras
obras de arte furtadas de logradouros públicos, como também para averiguar a
responsabilidade daqueles que, por sua desídia ou omissão, contribuíram para
esses desaparecimentos.
O furto de peças de bronze, seja inteira ou fragmentada,
vem acontecendo há mais de duas décadas, período em que a cidade perdeu obras
de grande valor, como as imagens assinadas por Bruno Giorgi que enobreciam a
Praça Floriano Peixoto, em São Brás, ou o busto do Barão do Rio Branco, de
autoria da paraense Julieta de França, a primeira mulher a se profissionalizar
como escultura em nosso País, e que chegou a estudar no atelier de Rodin, em
Paris.
Terra do sem jeito
Até quando os cidadãos vão permanecer mudos diante dessas
agressões que vêm subtraindo as riquezas urbanas sob o olhar bovino e
complacente daqueles que são pagos pelo dinheiro público para protegê-las, até
quando?
O Monumento à República completa em novembro 127 anos de
existência. No ponto mais alto do conjunto escultórico se encontra a alegoria
republicana de Marianne. Com a falta flagrante de rondas e ações de prevenção
de policiamento para resguardar equipamentos públicos, imagina-se que as peças
surrupiadas sejam vendidas ao mercado clandestino.
Praça da sucata
Não precisa andar muito para perceber que o sumiço do
rabo do leão do monumento é um reflexo do atual estágio da estrutura da praça,
localizada no bairro da Campina. Prova disso e do descaso são as caixas de rede
de esgoto, os bancos e os cestos de lixo, todos constituídos em ferro. Até o
prédio que abrigou a Guarda Municipal, às proximidades da avenida Assis de
Vasconcelos, entrou na “mira” dos vândalos. “Eles estão quebrando pedaços dessa
corrente que cerca o quiosque. Não há ronda policial”, diz Rose Santos.
“O quiosque estava sendo ocupado por funcionários da empresa Ciclus Amazônia,
responsável pela coleta de lixo em Belém.
Palavra dos guardas
Domingo, no único quiosque em funcionamento da Guarda
Municipal, localizado em frente ao Bar do Parque, os dois agentes de segurança,
que estavam no serviço de 24 horas, informaram que o contingente é insuficiente
para atender às demandas e possíveis ocorrências da Praça da República. Os dois
agentes se queixam de não possuírem suporte adequado para atuar, e acabam até
atendendo a inúmeros casos de ordem psicossocial, como as ocorrências
envolvendo moradores de rua, muitos dos quais dependentes químicos e com
problemas psiquiátricos.
Mas, atenção: segundo os guardas municipais, o rabo do leão foi retirado por técnicos do Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Cultural do Município de Belém. A peça estaria em manutenção. Com a palavra, a Prefeitura de Belém.
Papo Reto
· A sumária anulação das decisões da Lava Jato contra o
empresário e réu confesso Marcelo Odebrecht, por parte do ministro Dias
Toffoli (foto), do STF, surpreendeu zero em cada dez brasileiros.
· O
Supremo também reconheceu a prescrição da condenação de José Dirceu - condenado
por corrupção passiva a 8 anos e 10 meses de prisão -, no mesmo âmbito da Lava
Jato.
· O
ministro Edson Fachin, por sua vez, não poderia ficar por baixo: arquivou o
inquérito da Lava Jato contra o senador Renan Calheiros e o ex-senador Romero
Jucá, por terem recebido propina da antiga Odebrecht, na ação que tramitou
durante sete anos sem denúncia.
· No
Brasil varonil, o perdão à corrupção tarda, mas não falha.
· Acredite,
sem alarde da grande mídia, o Brasil ultrapassou a marca de cinco milhões de
casos de dengue.
· A
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) acabou suspendendo o leilão para
compra de 104 mil toneladas de arroz, ante às evidências de que o suprimento
nacional está sim garantido sobretudo pela produção gaúcha, colhida
integralmente antes da tragédia.
· Se
Deus mandar bom tempo, universidades amazônicas parece que vão estudar a
contaminação por mercúrio na região, fato já identificado em pesquisa da
Fiocruz na maioria dos peixes consumidos em todos os Estados.
· Políticas
públicas de enfrentamento à calamidade anunciada e mais que constatada,
nada.
· É bom
ficar "ligado": o Brasil pode virar alvo de graves ataques
cibernéticos, garante Emílio Nakamura, diretor da Rede Nacional de Ensino e
Pesquisa, ante o fato de as ameaças digitais terem evoluído mais rápido do que
os sistemas de proteção.
· A embriaguez
e a ressaca que ponham as barbas de molho: pesquisadores do Instituto Federal
de Tecnologia de Zurique, Suíça, descobriram um gel composto a partir de
proteínas de soro de leite com a capacidade de “digerir” o álcool no intestino,
antes que o mesmo chegue na corrente sanguínea.