Belém aparece entre as 12 capitais com aumento do registro de pessoas em situação de rua

Capital paraense conta com 1.576 famílias inscritas no Cadastro Único do governo federal; na Região Norte, são mais de 16,5 mil.

22/04/2025, 11:30
Belém aparece entre as 12 capitais com aumento do registro de pessoas em situação de rua
É


inegável e preocupante ver o número de pessoas vivendo em situação de rua em todo o Brasil. Estudo recente publicado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais, registradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal, mostra que em março deste ano, esse número chegou a 335.151 famílias.

Em relação ao registro de dezembro de 2024 (327.925) de pessoas nessa situação, houve um aumento de 0,37% no primeiro trimestre deste ano/Fotos: Divulgação
O Pará está entre as 12 unidades da federação que registraram em suas capitais no registro de pessoas em situação de rua, em relação à série histórica. O estudo apontou que Belém, há um total de 1.576 famílias, em situação de rua, inscritas no Cadastro Único. Na Região Norte, 16.582 (4%) indivíduos estão nesta condição de vulnerabilidade social.

Apesar da situação que se mostra crescente, Belém não está entre as dez capitais com mais famílias nesse segmento, que é líder pela cidade de São Paulo, com mais de 90 mil famílias vivendo nas ruas, seguidas do Rio de Janeiro, com pouco mais de 21 mil.

Estudo comparado

Se comparado ao registrado em dezembro de 2024, quando havia 327.925 pessoas nessa situação, houve um aumento de 0,37% no primeiro trimestre deste ano. Os dados são do relatório técnico de abril do Observatório, e o estudo, feito com base nos dados disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) sobre o CadÚnico.

O número apurado em março passado é 14,6 vezes superior ao registrado em dezembro de 2013, quando havia 22,9 mil pessoas vivendo nas ruas no País.

Crianças e adolescentes

No Brasil, o relatório demonstra que o CadÚnico registrou em março de 2025 9.933 crianças e adolescentes em situação de rua (3%); 294.467 pessoas em situação de rua na faixa etária de 18 a 59 anos (88%); 30.751 idosos em situação de rua (9%); e que 84% são pessoas que fazem sexo masculino.

Em relação à renda, 81% (272.069) das pessoas em situação de rua sobreviveram com até R$ 109 por mês, correspondente a 7,18% do salário-mínimo, hoje R$ 1.518.

Educação formal

Mais da metade (52%) dessas pessoas não terminaram o ensino fundamental ou não têm instrução, a maioria é de pessoas negras.

Esse percentual é mais que o dobro do total da população brasileira que não completou a escolaridade básica ou em condição de analfabetismo, de 24%, segundo o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A baixa escolaridade dificulta o acesso das pessoas às oportunidades de trabalho geradas nas cidades, sugere uma pesquisa.

Número absoluto

Em números absolutos, as cinco capitais com as maiores populações em situação de rua são: São Paulo, com 96.220 pessoas; Rio de Janeiro, 21.764; Belo Horizonte, 14.454; Fortaleza, 10.045; eSalvador, 10.025; e Brasília, 8.591.

Se considerado a proporção por mil habitantes, o levantamento mais recente aponta que o município de Boa Vista tem 20 pessoas em situação de rua por 1 mil habitantes. Na cidade de São Paulo, a cada 1 milhão de pessoas, oito estão em situação de rua. Em Florianópolis, a cada 1 mil pessoas, sete estão em situação de rua, e em Belo Horizonte, são seis a cada 1 mil pessoas.

Violências nas ruas

De 2020 a 2024, foram registrados 46.865 atos de violência contra a população em situação de rua no Disque 100, coordenado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).

As capitais brasileiras são responsáveis por 50% das ocorrências, com destaque para São Paulo, com 8.767 casos de violência registrados; Rio de Janeiro, 3.478; Brasília, 1.712; Belo Horizonte, 1.283; e Manaus, com 1.115 ocorrências.

A maior parte das pessoas em situação de rua que sofreram algum tipo de violência tem entre 40 e 44 anos de idade, o que representa 5.697 pessoas violentadas. As violências contra a população em situação de rua ocorrem, sobretudo, em vias públicas, com mais de 20,5 mil ocorrências.

Políticas públicas

Por meio de nota, o Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua declarou que o cenário é preocupante e acentuado que as políticas públicas estruturantes como moradia, trabalho e educação externas para a população em situação de rua no Brasil são inexistentes ou ineficientes.

“O descumprimento da Constituição Federal de 1988 com as pessoas em situação de rua continua no Brasil, com pouquíssimos avanços na garantia de direitos dessa população”, diz a nota.

O Ministério do Desenvolvimento Social declarou que tem investido “de forma contínua no fortalecimento do acolhimento e da proteção de adultos e famílias em situação de vulnerabilidade, contribuindo para a inclusão social e o enfrentamento das desigualdades”.

O ministério listou as ações do governo federal nesta temática e detalhou que os recursos da União são usados para fortalecer os Centros de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), que oferecem serviços como refeições, espaços para higiene pessoal, apoio na emissão de documentos e outras atividades essenciais.

Na Região Metropolitana de Belém há três Centros POP, sendo dois em Belém - em São Brás e Icoaraci -, e um em Ananindeua, no bairro do Atalaia. Há ainda o custódia do funcionamento do Serviço de Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos, direcionado para apoiar famílias e pessoas em situação de risco social ou que tiveram direitos violados, que é oferecido, obrigatoriamente, em um Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), que em Belém são 12, distribuído por toda cidade, inclusive em Mosqueiro e Icoaraci.

Papo Reto

·Sete cardeais brasileiros vão poder votar para a escolha do novo Papa, ante a morte do Papa Francisco, anunciada ontem pela Igreja Católica.

·Detalhe: somente cardeais com menos de 80 anos terão o direito a voto no conclave, um deles, Dom Orani Tempesta (foto).

·Afinal, qual foi, de fato, o estopim para que o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, peça demissão da carga no Itamaraty?

·Ninguém crê que tenha sido tão somente por não conseguir compatibilizar a tarefa com as atribuições do cargo de secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério de Relações Exteriores.

·Após 16 anos, a Fundação Oswaldo Cruz ainda não jogou o papel o que seria “a maior fábrica de vacinas da América Latina”.

·A verdade é que, desde 2009, o projeto do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde, no Rio, já devorou R$ 1,2 bilhão, seguindo apenas nos alicerces dos 46 prédios.

·Em 2024, as fraudes no Pix renderam cerca de R$ 5 bilhões – 70% a mais que 2023 -, aos bandidos, revelam dados do Banco Central.

·Apesar de muitos "avanços", o remédio contra o câncer não mudou desde 1947.

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·O que, misteriosamente, ninguém explica é por que até hoje nenhum paciente de depressão foi curado com antidepressivos.

·Não à toa, pela primeira vez no planeta o índice de suicídios de mulheres superou o de suicídios masculinos.

·Nos EUA, bate recorde o número de prescrições de antidepressivos entre crianças com menos de 5 anos.

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