Crise de gestão no PSM do Guamá escancara descaso com saúde pública e favorecimentos políticos

Nem Prefeitura de Belém, nem Ministério Público e muito menos o TCM tomam providências para garantir qualidade e atendimento digno aos pacientes.

18/05/2024 08:15

As imagens são recorrentes, tanto quanto as denúncias envolvendo o hospital, mas não há providências em curso/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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Pronto Socorro do Guamá segue em crise. Denúncias constantes e vídeos divulgados por anônimos apontam a deterioração física do hospital público e a qualidade sofrível de serviços, apesar da suposta "gestão rigorosa" da administração e suas ligações diretas com o gabinete do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues. A julgar pelo que “não acontece” por parte da prefeitura e dos órgãos de fiscalização, como o Ministério Público ou o Tribunal de Contas dos Municípios, por exemplo, com relação às denúncias, que são recorrentes, está decretada a infame sentença segundo a qual “o que não tem remédio, remediado está”.

 

Uma fossa séptica estourada em frente ao hospital libera odor insuportável e água contaminada, ameaçando a saúde de pacientes, acompanhantes e moradores do bairro. Ainda há alegações de assédio moral, por um “considerado costa quente” da “gestão rigorosa”. A associação dos servidores e o Sindicato dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem também denunciam o coordenador de Informação à Saúde, tido e havido como assessor jurídico de uma das gestoras do hospital “por perseguir funcionários”, casos que viraram tema de debates na Câmara de Belém, através da vereadora Silvia Letícia, do Psol.

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Um vídeo que circula em aplicativo de mensagens revela a desordem interna do hospital, com pacientes amontoados em corredores, macas e camas improvisadas. Os acompanhantes, por sua vez, são forçados a sentar no chão ou em cadeiras de plástico, sem qualquer proteção. O ambiente hospitalar é dominado por cargos políticos, com mais "caciques" do que funcionários, segundo servidores ouvidos pela coluna.

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Fora da curva e além

 

A crise que envolve o Pronto Socorro do Guamá inclui a existência de um tomógrafo completamente inoperante há mais de três meses devido à falta de manutenção. Como resultado, exames que deveriam ser realizados na própria unidade - sem custos adicionais para o município - são encaminhados para clínicas privadas em Belém, gerando despesas significativas, conforme aponta um relatório ao qual a coluna teve acesso.  Imagens de superlotação e constantes denúncias de falta de insumos e medicamentos sugerem que o principal problema da unidade é de gestão.


Audiência na Câmara

 

Representantes dos funcionários do hospital encaminharam uma série de denúncias à vereadora Sílvia Letícia. Em resposta, a parlamentar se comprometeu a solicitar uma audiência pública da Comissão de Saúde para discutir a situação e buscar soluções aos problemas enfrentados pelo pronto socorro.

 

Tomógrafo: Produção, janeiro 2024
 

Favorecimento político

 

Outro problema denunciado por funcionários do Pronto Socorro do Guamá envolve a farra de carga horária, procedimento sem controle da administração que estaria beneficiando aliados, enquanto os funcionários que prestaram concurso público recebem salários abaixo do mínimo.  A lista de denúncias é longa e inclui até desvios de função. Veja a lista de cargos de indicação política fornecida por servidores:

  

Favores e desvios


Cláudio Marcelo - Técnico em enfermagem, chefe da Lavanderia: recebe extensão de carga horária

 

Mário Paes - Técnico em enfermagem, atua em atividade de assistência e recebe extensão de carga horária, mas não é encontrado no trabalho; tem dupla lotação

 

Wallace Freitas - Chefe das Contas Médicas, lotado no Gabinete do prefeito


Roberto Barbosa -   Chefe da informática, setor precarizado

 

Djacira da Silva Pereira -E encontra-se em Minas Gerais

 

Wanessa Belém da Silva - Lotada no hospital, mas trabalha na Secretaria de Saúde

 

Aldenor de Souza Ferreira - Extensão de carga horária


Júlio César Vulcão - Coordenação da infraestrutura, não exerce a função


Lorena Regina Velasco Silva Gomes - Coordenadora do CASS, atua como chefe do setor de regulação do Hospital Barros Barreto


Rubinaldo da Silva - Acusado de assédio, atua como cabo eleitoral de uma candidata a vereadora


Papo Reto

· Depois de uma agenda intensa e de vários dias em Nova York, nos Estados Unidos, onde participou de eventos da área econômica, o governador Helder Barbalho (foto) vai à churrascaria, hoje.

 

· Helder reúne cerca de 100 prefeitos em uma churrascaria na Augusto Montenegro para comemorar aniversário e, por óbvio, mostrar sua força política, que é inegável.

 

· A coluna fica até meio que sem jeito, mas o governador troca de idade, hoje. Assim: como se sabe, Helder tem ojeriza a certo número, mas, deixa isso quieto.

 

·  Digamos que o governador do Pará, que é inegavelmente um animal político, soma hoje 3 x 15 risonhas primaveras. Entenderam? Cést la vie...

 

· Aliás, na ausência de Helder e da vice-governadora Hana Ghassan, coube ao governador em exercício, deputado Chicão Melo, assinar a nomeação da ex-deputada Ann Pontes, escolhida a nova conselheira do TCM. Ann assumiu ontem, em cerimônia discreta.

 

· Sabe os sinais? A coluna os tem dado, em doses homeopáticas, para não intoxicar o leitor.

 

· O candidato do MDB à Prefeitura de Belém, Igor Normando, deve ganhar o impulsionamento que precisa com a indicação da secretária de Cultura do Estado, Úrsula Vidal, à vaga de vice na chapa.

 

· Atentem para os sinais...

 

· O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, estará em Belém, agora dia 22, para participar da abertura da Feira da Indústria do Pará.

 

·   Alckmin foi convidado pessoalmente pelo presidente da Fiepa, Alex Carvalho, em abril deste ano, em Brasília.

 

·  Uma das ações da pasta de Alckmin, o programa Nova Indústria Brasil é um dos temas que serão discutidos durante a feira, prevista para o Hangar.


· O plano prevê disponibilizar R$ 300 bilhões em financiamentos para impulsionar a retomada da produção industrial no País.

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