crise provocada pela disputa do comando da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa) obedece à dinâmica do futebol, sem tirar, nem pôr - embora faltando, por assim dizer, sua excelência o Vídeo Assistant Referee, o Var, no português claro: a disputa é acirrada e os contendores não medem esforços para alcançar a vitória até o apito final, com direito à prorrogação e coisa e tal.
Nomeada e
empossada, porém, a nova Junta Administrativa tinha prazo judicial de 48 horas
para nomear todos os seus integrantes. Contudo, em vez de focar no objetivo
principal, que seria organizar novas eleições em 90 dias, os dirigentes atuais
decidiram agir além da já polêmica decisão judicial, criando um clima nada
amistoso para uma entidade do tamanho da representatividade do setor produtivo
do Estado.
Meia volta legal
A situação foi instaurada na
segunda-feira, 28, após decisão monocrática do desembargador Walter Paro, do
Tribunal Regional do Trabalho, que contraria sua própria determinação anterior,
a que previa novas eleições e a formação de uma junta governativa composta por
membros de ambas as chapas. Esse ato levanta questões sobre legalidade e
coerência, mas, como dizem os operadores do Direito, decisão judicial é para
ser cumprida. A essa altura, por exemplo, Carlos Raimundo Albuquerque
Nascimento, delegado do Sindicato Nacional da Construção Pesada -
Infraestrutura, o Sinicon, já havia sido empossado dentro dos prazos
estabelecidos, tornando a imposição do empresário Hélio Melo à frente da junta
governativa ainda mais controversa.
Especialistas
jurídicos ouvidos pela Coluna Olavo Dutra são cautelosos, mas
apontam que essa situação representa um “grave equívoco”, criando um precedente
perigoso para a autonomia das instituições de trabalhadores e patronais.
Reação do Conselho
Na semana
passada, o Conselho de Representantes da Fiepa já havia expressado “profunda
preocupação” em carta aberta ao presidente e aos desembargadores do TRT. Com a
assinatura de 22 delegados, a carta destaca que o Conselho não é eleito junto
com a diretoria da Federação, sendo seus membros indicados exclusivamente pelos
sindicatos. Essa medida, portanto, fere a autonomia sindical garantida pela
Constituição Federal, pois a indicação de seus membros é prerrogativa do
Conselho, e não da Justiça.
Além do estatuto
Os representantes da Fiepa argumentam
que a criação de uma junta governativa, se realmente necessária, deve ser de
sua alçada, conforme previsto em estatuto. O processo eleitoral de 2022, que
resultou na vitória da chapa José Maria Mendonça, transcorreu em conformidade
com todas as normas e determinações judiciais, e qualquer intervenção externa é
uma “afronta à legitimidade do processo”.
Apelo ao bom senso
Com a crise instalada e dando margem a uma sucessão de polêmicas, a expectativa é de que a Federação não entre na espiral que costuma tirar do eixo os pilares que sustentam o bom senso e, no caso, quebrem o equilíbrio do setor produtivo do Estado, ainda que seja preciso chamar sua excelência o Vídeo Assistant Referee.
Integrantes da Junta Governativa
Papo Reto
· A Prefeitura de Belém deu
calote nas agências de publicidade. O prefeito Edmilson Rodrigues (foto) não
vai homologar o resultado da licitação travada há meses, passando a bola para a
nova gestão.
· Parece política da boa
vizinhança. Afinal, esses afagos das últimas horas são meramente transitórios.
A ‘gentileza de passar a bola’ para quem vai administrar Belém é decisão
estrategicamente estudada.
· Em Belém, o comando da Semob
admite não ter pernas para coibir, 24 horas por dia, a circulação de
motocicletas com escapamento adulterado. Parece o Papa Léguas e o Lobo do
desenho animado.
· A quinta-feira foi mais uma
noite de tormento para moradores dos bairros Cidade Velha, Jurunas, Batista
Campos e adjacências. As motos saíram do Portal da Amazônia para rasgar o
silêncio da madrugada.
· Não precisa consultar
nenhum especialista para entender o que significa a expressão “distorção cognitiva”.
Parece doença do alto escalão; e é.
· Com a decisão da Justiça
Eleitoral de indeferir a candidatura do ex-prefeito Edson Oliveira, que
concorreu nas últimas eleições municipais, o candidato do MDB, Mário Júnior,
herdou 13.227 votos.
· Em resumo: com a votação dada
a Edson Oliveira transferida para o adversário, Mario Júnior é considerado
eleito não com 75,42% dos votos, mas com 92,33%. Bragança é um case...
· Estão valendo desde ontem as
novas regras do Pix. Para evitar atropelos, além dos que a rede bancária
oferece todo santo dia, convém atualizar o número do celular, em caso de um
novo aparelho em uso.