Disputa política entra no rol de justificativas para atraso das obras de mercados em Belém

Empresa contratada se retira definitivamente dos canteiros e alega que teria sido “pressionada” a desacelerar os serviços.

22/08/2024, 08:00
Disputa política entra no rol de justificativas para atraso das obras de mercados em Belém
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m tempos de arengas políticas, o burburinho que se ouve nos gabinetes da Prefeitura de Belém aponta que no item ‘execução de obras dos mercados da cidade’, as relações com o governo do Estado azedaram de vez. O estrupício começou quando a empresa contratada para o serviço se retirou em definitivo dos canteiros de obras, levando máquinas e equipamentos.


Empresário “entrega jogo”, mas, internamente, Prefeitura de Belém vive um clima de intensa disputa/Fotos: Divulgação.

Dizem que o atual secretário de Economia, Leone Azevedo Gama da Rocha, levou pessoalmente ao prefeito Edmilson Rodrigues o distrato de contrato, com o cuidado de anexar as portarias de exonerações de parte dos componentes do corpo técnico da Secretaria, entre eles o do diretor do Núcleo de Planejamento, Rosemiro Souza. Nesses dois casos, apenas as demissões da equipe técnica não foram questionadas.

 

Leone Gama credita o atraso nas obras de reforma e adequação dos mercados ao corpo técnico da Secretaria, mas o gabinete do prefeito e o núcleo político da gestão têm outra versão: a paralisia teria o dedo do Estado.

 

Pressão vem de cima

 

Essa opinião formada ganhou corpo a partir da postura e das falas do empreiteiro Oseas Fróes, responsável pela execução das obras. Cobrado pela prefeitura sobre a lentidão dos serviços, o empresário teria se confessado “pressionado a desacelerar” a execução dos serviços. Apesar de ser habituado a citar supostas relações com ‘figurões’ do governo do Estado, Froes regou a desconfiança com a dose certa. Contra ele pesa o fato de que detém contrato com o Estado - e o jogo é de perde e ganha, inclusive dentro da própria Prefeitura de Belém.

 

Estranho no ninho

 

Ao contrário do que se poderia imaginar, as disputas internas patrocinadas pelas tendências e correntes políticas e ideológicas, além dos interesses comerciais, também concorrem para favorecer a marcha lenta engatada pela gestão do prefeito Edmilson Rodrigues. Na cozinha do prefeito estão se digladiando o ex-secretário Cláudio Puty e Apolônio Brasileiro, ambos insatisfeitos com os últimos acontecimentos e a intromissão do atual Secretário de Urbanismo, Lélio Costa, que tenta emplacar sua empreiteira favorita nos negócios.

 

Ocorre que a assessoria Jurídica da Prefeitura de Belém alertou o prefeito sobre as particularidades dos convênios celebrados entre a Prefeitura de Belém e o governo do Estado, em particular as obras dos mercados municipais, cujos recursos provêm da Secretaria de Obras.


O peso do fardo

 

Rede de intrigas ou não, o fato é que, a menos de dois meses da eleição, Edmilson Rodrigues está com um ônus muito pesado para romper as barreiras da campanha de reeleição, principalmente em bairros populosos e com alta densidade eleitoral - Guamá, Terra Firme, Pedreira, Jurunas e Icoaraci.


Papo Reto

 

· A chapa da prefeita Patrícia Alencar (foto) corre risco de impugnação. A candidata a vice, Bárbara Bessa, não teria se desincompatibilizado do cargo de secretária de Educação em tempo hábil.

 

· Pesquisas encomendadas por candidatos majoritários nas eleições municipais sobre especificamente a Conferência do Clima, que será realizada em Belém, em 2025, provam a percepção de sentimentos diversos do belenense sobre o evento.

 

·  Há apoio, por considerar que a COP trará emprego e renda por meio do turismo, mas, também há um reconhecimento de que as obras estão atrasadas.

 

· Outro ponto nevrálgico: para muitos, as obras são realizadas durante o dia, prejudicando o caótico trânsito da capital.

 

· O exemplo dos japoneses que fazem obras durante à noite são observados como referências para os gestores daqui.

 

·  Subiu para quatro o número de disparos em eventos com a presença de políticos na Grande Belém, quando, na noite de sábado, 17, por volta das 23h, disparos foram feitos contra a residência do ex-vereador e candidato Franklin Costa, do PP, no bairro de Itupanema, em Barcarena.

 

· Ele e a família estavam no local no momento dos disparos e ninguém ficou ferido. Desde que o Instituto Fogo Cruzado passou a mapear a RMB, em novembro de 2023, houve quatro disparos de arma de fogo na presença de políticos, todos sem mortos ou feridos. 

 

· Perguntar não ofende: a recente queda nos preços internacionais da gasolina e do diesel, como fruto da desaceleração da economia chinesa e da menor tensão geopolítica no Oriente Médio, além da valorização do real frente ao dólar, vai baratear os preços do produto no Brasil? 

 

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