m meio a uma das maiores crises ambientais do Pará ano passado, provocada pelo avanço das queimadas e com impactos diretos sobre comunidades tradicionais, o então secretário de Meio Ambiente Mauro O’ de Almeida deixou o cargo em circunstâncias não esclarecidas, mas não saiu de cena. No início deste mês Mauro Ó de Almeida foi nomeado pela Presidência da República para uma função estratégica: gerente de projeto do Gabinete da Diretoria-Executiva da 30ª Conferência das Partes da Convenção, a COP30, em Belém.


Construção a todo vapor
Em conversa exclusiva com a Coluna Olavo Dutra, Mauro foi categórico: “A COP30 em Belém não estará esvaziada.” Segundo ele, os quatro grandes pilares do evento estão em pleno andamento e contam com a articulação de diversos atores nacionais e internacionais: ação, a mobilização da sociedade, a cúpula de chefes de Estado e governo e as negociações diplomáticas multilaterais.
Ele garante que essa construção está a pleno vapor. “Essa conversa de esvaziamento da COP30 não se sustenta. A agenda de ação do evento está sendo cuidadosamente construída para garantir o engajamento de todos os setores da sociedade, enquanto a cúpula de líderes oferecerá um espaço de decisões de alto nível. Já as negociações são essenciais para alinhar os interesses globais em torno de objetivos comuns”, destaca.
Cenário pouco explicado
Em setembro do ano passado, a exoneração de O’ de Almeida e a nomeação do novo titular da Semas, Raul Protázio Romão - até então secretário-adjunto da pasta - ocorreram no mesmo dia em que o Ministério Público Federal acionou a Justiça para exigir medidas emergenciais contra as queimadas em regiões críticas como Itaituba e Marabá, nas regiões sul e sudeste do Pará.
Embora não explicada, a saída de Mauro O’ de Almeida, no entanto, foi tratada pelo governo do Pará como uma mudança estratégica, diante da missão ambiental internacional que ele passaria a exercer: "Uma nova função estratégica, visando a realização da COP30 em Belém", informou o governo estadual.
Integração federativa
O fato é que a nomeação de um ex-secretário para uma função executiva no núcleo da COP30 sinaliza o esforço de integração federativa que o governo Lula tem buscado. A estrutura de organização do evento envolve múltiplas esferas: a coordenação diplomática, sob a chancela do Itamaraty e a operacional, a cargo do Ministério do Meio Ambiente, Casa Civil e a Secretaria Extraordinária para a COP30.
A entrada de Mauro O’ de Almeida neste núcleo fortalece a representação do Pará nos bastidores do evento, em um momento em que a realização da COP30 é considerada prioridade estratégica para a imagem ambiental do Brasil no mundo.
O paraense José Mauro de Lima O’ de Almeida é um renomado advogado da União, mestre em Direito pela Universidade Federal do Pará e com uma carreira sólida no serviço público federal e estadual, especialmente nas áreas de direito ambiental, administrativo e urbanístico. Embora não possua filiação partidária, Mauro tem raízes políticas: é filho do ex-vereador de Belém Emanoel O’ de Almeida, ligado ao MDB.
Um nome de peso
Seu perfil técnico e sua experiência em gestão pública o tornam uma figura central na articulação de políticas ambientais no Brasil. Em 2019, assumiu a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Pará, cargo que ocupou até setembro de 2025. Durante sua gestão, destacou-se pela implementação do Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio), estruturado em eixos como pesquisa e inovação, patrimônio cultural e genético, e cadeias produtivas sustentáveis.
Ele também é autor do livro “Terras Marinhas: proteção ambiental e cidades” (2008) e participou de diversos congressos e fóruns nacionais e internacionais sobre direito ambiental e desenvolvimento sustentável.
Papo Reto
•Dizem que o prefeito Igor Normandos cedeu à pressão familiar e reformou seus planos políticos para as eleições de 2026.
•Igor planejava indicar a mulher dele, Fabíola Cabral (foto), à Assembleia Legislativa, em detrimento do irmão vereador Renan Normando. Só faltou combinar com os russos - os de fora e os de dentro.
•Sob pressão, segundo dizem, o prefeito se agarrou à ideia de lançar o irmão a deputado estadual e a mulher à Câmara Federal, criando uma nova situação.
•O plano não estaria lá sendo muito bem digerido pelas mulheres do partido, entre elas Renilce Nicodemos, que vai à reeleição e a prefeita de Marituba Patrícia Alencar, que pretendo se lançar a voo mais alto.
•Embora pouco conhecida em Belém, Fabíola Cabral já frequentou a seara política, como deputada estadual em Pernambuco, onde embarcou no nome do pai, o deputado estadual Lula Cabral.
•Desde o ano passado, “invasões patrocinadas” vêm tirando o sossego de proprietários de terrenos em Marituba pela falta de ação da polícia.
•Os patrocinadores, por assim dizer, tem nomes, sobrenome e apelidos, e nem sempre se escondem das ações, inclusive compartilhando parte do butim fundiário. A Polícia passa a faz que não vê.
•Anotem para conferir logo, logo: pelo menos um juiz eleitoral no Pará arruma as gavetas a caminho da aposentadoria. Pelo andar da carruagem, deve deixar o cargo antes da votação do processo do senador Beto Faro, prevista para a próxima semana, mas que ainda pode se estender.
•Corre solta a informação de que a Secretaria de Meio Ambiente do Estado alimenta a expectativa de - sabe-se lá como - assumir as funções do Ibama no controle do desmatamento no Pará.