ntronizado na carreira política na onda bolsonarista, chegando a concorrer, em 2020 - por pouco não venceu -, às eleições em Belém na disputa com o atual prefeito, Edmilson Rodrigues, o delegado federal Everaldo Eguchi já deve ter mudado de partido umas três vezes, depois de sair do PL, e acaba de levar um tombo, de se filiar ao Avante pelas mãos do presidente do partido, Wesley Thomaz. Como a mão que acaricia é a mesma que esbofeteia, embora não tenha sido esse o caso, também foi pelas mãos de Wesley que Eguchi foi desfiliado um dia após assinar a ficha de filiação do partido.

Teoricamente, o Avante é um partido
que reúne pessoas com convergência ideológica - teoricamente -, e parece ter
repensado o gesto de filiação que se revelou, conforme as manifestações
veiculadas nas redes sociais, como serventia a interesses momentâneos e
circunstanciais de possíveis candidaturas. Eguchi seria um exemplo dessa relação.
Eguchi, delegado federal sem tanta
movimentação política, foi para o segundo turno das eleições municipais de 2020
e quase venceu o atual prefeito de Belém, sob uma bandeira quase exclusiva: a
do bolsonarismo. Quatro anos depois, muita coisa mudou. A própria movimentação
partidária do delegado é caótica e nada ideológica.
“Não” do Podemos
Primeiro ele se aproximou do Podemos
e assinou ficha de filiação, mas a sigla, liderada pelo senador Zequinha
Marinho, não manifestou apoio para uma possível candidatura do delegado federal
para a Prefeitura de Belém, que chegou a se pronunciar como tal. Eguchi não
tinha palco e ainda atropelou o samba, sem esperar as pesquisas encomendadas
pelo partido para escolher entre ele e o radialista Jeferson Lima.
Meia volta, volver
Depois, Eguchi resolveu se aproximar
do Avante, que é da base de apoio do governo Lula e é a representação
partidária de nada mais, nada menos que André Janones, um dos principais
inimigos políticos da família Bolsonaro - aquele mesmo que Eguchi defendeu em
2020. E a incoerência prossegue: Eguchi ofereceu o seu nome justamente para a
Executiva Nacional do Avante.
O final dessa história de filiação e
desfiliação é previsível. A Executiva Estadual do Avante, sob coordenação do
deputado Wescley Tomaz, informou que o partido apoia Thiago Araújo para a
Prefeitura de Belém. Ou seja, novamente sem palco e sem projeto, Eguchi “bateu
em retirada” da sigla em menos de 24 horas.
O difícil é crer que o delegado
representa um projeto político adequado para Belém. Há até curiosidade para
saber qual o discurso será adotado por Eguchi, que tem coeficiente eleitoral,
mas pode "minguar" diante da sua imprevisibilidade e instabilidade
ideológica.
“Direita janonista”
O detalhe é que esse assunto causou
bate-boca na direita do Pará. Irônico, o líder do Partido Liberal no Pará, a
sigla de Bolsonaro, Rogério Barra expôs parte da história no seu Instagram.
Atento às movimentações políticas e habituado a sobreviver diante da tática
feroz do governo estadual para reduzir a oposição na Assembleia Legislativa, o
deputado denunciou a "direita janonista" na política paraense.
Filiado aos 45 minutos
Nas redes sociais circula a
informação de que o novo partido de Eguchi é o PRTB, que teve como candidato à
Presidência da República Levy Fidelis, morto há três anos. Filiado com metade
do corpo para fora da “janela partidária”, Eguchi garante que irá concorrer à
Prefeitura de Belém.