Ideologia: sem “uma pra viver”, Everaldo Eguchi é desfiliado pelo presidente do Avante em 24 horas

Sequência desastrosa de filiações desde as eleições de 2020 empurra delegado federal para o PRTB nos minutos finais do fechamento da “janela partidária”.

09/04/2024, 09:04
Ideologia: sem “uma pra viver”, Everaldo Eguchi é desfiliado pelo presidente do Avante em 24 horas
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ntronizado na carreira política na onda bolsonarista, chegando a concorrer, em 2020 - por pouco não venceu -, às eleições em Belém na disputa com o atual prefeito, Edmilson Rodrigues, o delegado federal Everaldo Eguchi já deve ter mudado de partido umas três vezes, depois de sair do PL, e acaba de levar um tombo, de se filiar ao Avante pelas mãos do presidente do partido, Wesley Thomaz. Como a mão que acaricia é a mesma que esbofeteia, embora não tenha sido esse o caso, também foi pelas mãos de Wesley que Eguchi foi desfiliado um dia após assinar a ficha de filiação do partido.


Delegado federal vai a Brasília e retorna “candidato”, mas filiação foi desfeita pelo presidente estadual do Avante, Wesley Thomas, que deve apoiar Thiago Araújo/Fotos: Divulgação.
 

Teoricamente, o Avante é um partido que reúne pessoas com convergência ideológica - teoricamente -, e parece ter repensado o gesto de filiação que se revelou, conforme as manifestações veiculadas nas redes sociais, como serventia a interesses momentâneos e circunstanciais de possíveis candidaturas. Eguchi seria um exemplo dessa relação.

 

Eguchi, delegado federal sem tanta movimentação política, foi para o segundo turno das eleições municipais de 2020 e quase venceu o atual prefeito de Belém, sob uma bandeira quase exclusiva: a do bolsonarismo. Quatro anos depois, muita coisa mudou. A própria movimentação partidária do delegado é caótica e nada ideológica.  

 

“Não” do Podemos

 

Primeiro ele se aproximou do Podemos e assinou ficha de filiação, mas a sigla, liderada pelo senador Zequinha Marinho, não manifestou apoio para uma possível candidatura do delegado federal para a Prefeitura de Belém, que chegou a se pronunciar como tal. Eguchi não tinha palco e ainda atropelou o samba, sem esperar as pesquisas encomendadas pelo partido para escolher entre ele e o radialista Jeferson Lima.

 

Meia volta, volver

 

Depois, Eguchi resolveu se aproximar do Avante, que é da base de apoio do governo Lula e é a representação partidária de nada mais, nada menos que André Janones, um dos principais inimigos políticos da família Bolsonaro - aquele mesmo que Eguchi defendeu em 2020. E a incoerência prossegue: Eguchi ofereceu o seu nome justamente para a Executiva Nacional do Avante.

 

O final dessa história de filiação e desfiliação é previsível. A Executiva Estadual do Avante, sob coordenação do deputado Wescley Tomaz, informou que o partido apoia Thiago Araújo para a Prefeitura de Belém. Ou seja, novamente sem palco e sem projeto, Eguchi “bateu em retirada” da sigla em menos de 24 horas.

 

O difícil é crer que o delegado representa um projeto político adequado para Belém. Há até curiosidade para saber qual o discurso será adotado por Eguchi, que tem coeficiente eleitoral, mas pode "minguar" diante da sua imprevisibilidade e instabilidade ideológica.

 

“Direita janonista”

O detalhe é que esse assunto causou bate-boca na direita do Pará. Irônico, o líder do Partido Liberal no Pará, a sigla de Bolsonaro, Rogério Barra expôs parte da história no seu Instagram. Atento às movimentações políticas e habituado a sobreviver diante da tática feroz do governo estadual para reduzir a oposição na Assembleia Legislativa, o deputado denunciou a "direita janonista" na política paraense.

 

 Filiado aos 45 minutos

 

Nas redes sociais circula a informação de que o novo partido de Eguchi é o PRTB, que teve como candidato à Presidência da República Levy Fidelis, morto há três anos. Filiado com metade do corpo para fora da “janela partidária”, Eguchi garante que irá concorrer à Prefeitura de Belém.

 

 

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