Prefeitura de Belém fez o dever de casa direitinho, ao publicar e divulgar o Relatório Resumido da Execução Orçamentária dos Poderes Executivo e Legislativo no dia 17 de junho no Diário Oficial. Tudo estaria em atividade considerada ‘normal’ se o relatório não fosse referente ao bimestre novembro-dezembro de 2021, anexado em portaria com data de 24 de janeiro de 2022. Assim: são dados de quase três anos atrás.
O relatório, realizado e registrado
no sistema de Gestão Integrada de Informações Governamentais, ocupa nove
páginas do Diário Oficial e traz os demonstrativos sobre a execução
orçamentária relativos aos dois últimos meses de 2021.
A Coluna Olavo Dutra observou,
aleatoriamente, dois dados de orçamentos desse relatório: um sobre a verba
municipal do segmento de cultura e outro sobre as despesas com comunicação
social - jornalismo, publicidade e redes sociais.
O orçamento aprovado pela Câmara de
Belém para 2021 foi de um total estimado no valor de R$ 3.702.581.080,00 (Três
bilhões, setecentos e dois milhões, quinhentos e oitenta e um mil, oitenta
reais), quase R$ 4 bilhões.
Comunicação social
Pelo balancete, em 2021, a
comunicação social da Prefeitura de Belém teve uma verba de cerca de
R$ 8 milhões, com dotação atualizada para mais de R$ 13,7 milhões. Gastou quase
tudo e, até o final de 2021, tinha apenas R$ 3.380,43 de sobra.
Na parte de cultura, o orçamento
destinado para 2021 foi de R$ 17.241.362,00, com dotação atualizada para menos,
com R$ 9.779.375,42 e, nos dois últimos meses daquele ano, empenhou apenas R$
667.888,60. Depois de liquidar algumas despesas, ainda assim o setor de cultura
fechou o ano com mais de R$ 1,5 milhão de saldo, segundo o balanço - justamente
a área de cultura em Belém, que vive de “pires na mão”.
Lei não é cumprida
O orçamento para a área de
cultura em Belém é baseado na Lei Valmir Bispo dos Santos, de 24 de maio de
2017, que foi revisada e aprovada no final de 2022, sancionada e publicada em
12 de janeiro de 2023 sob o número 9.880/2023. A lei estabelece o percentual
mínimo de 2% da receita corrente líquida do município de Belém a ser
transferido ao(s) órgão(s) gestor(es) da Política de Cultura para custeios e
investimentos em ações administrativas e de fomento à cultura do município sob
a sua competência.
A revisão da lei teve por finalidade
adequá-la às normas do Sistema Nacional de Cultura, com a reinserção de
princípios e ampliação da representação de segmentos artísticos populares
tradicionais e contemporâneos. E também a colocou, na atual gestão Edmilson Rodrigues,
aos moldes do programa “Tá Selado”, no qual as decisões sobre verbas e
orçamentos são de grupos de pessoas ligadas a comunidades e bairros de Belém.
Conta que não bate
Na ponta do lápis, se em 2021 a
prefeitura cumprisse a lei rigorosamente o orçamento para cultura deveria ter
sido de cerca de R$ 80 milhões., mas foram destinados somente R$ 24 milhões e a
execução autorizou somente R$ 17 milhões, que ficaram com um valor menor, ao
final, e ainda teve saldo, porque o orçamento não foi gasto como deveria ter
sido. Não é à toa que a cultura em Belém sofre duras penalidades.
Entre os vários pontos da Lei Valmir
Bispo há um item que estipula que o orçamento deverá ter como destino: “ao
financiamento de projetos culturais escolhidos pelo município por meio de
seleção pública”.
Festival cancelado
O público de Belém já estava acostumado com as atrações, sempre no primeiro semestre do ano, do Festival Sonido, da produtora paraense “Se Rasgum”, a mesma que promove o Festival de Música Se Rasgum no segundo semestre de cada ano. O Sonido 2024 teria a sua sétima edição, mas foi cancelado, pelo menos temporariamente. Um dos motivos foi a falta de apoio da Prefeitura de Belém, que sempre esteve junto com esse projeto de música instrumental e de jazz. O local de grandes edições do Sonido foi o Mercado de Carnes Francisco Bolonha, no Ver-o-Peso, que é ligado à Secretaria de Economia.
As três noites do festival, com
entrada gratuita, sempre foram lotadas de público, mas, este ano, a Prefeitura
de Belém disse “não”, e o festival ainda não foi realizado.
Entrada gratuita
Em postagem no Instagram, os
produtores lamentaram o cancelamento: “Como se trata de um festival gratuito,
sua realização não pode ser garantida com recursos de bilheteria ou bar. Se não
fosse a pandemia, estaríamos indo para a nona edição do Festival Sonido”, diz a
nota.
E enfatiza: “Ao longo dos anos, o
Festival Sonido já comprovou sua importância, não só para a cena instrumental
local e nacional como para o público e, principalmente, aos permissionários do
mercado de Carnes Francisco Bolonha, que todo ano abraçam o festival, se
preparando com comidas e bebidas para servir o público e, claro, fazer uma
renda extra super necessária”.
Papo Reto
· No final de 2022, a
Prefeitura de Belém entregou, com pompa e circunstância, o teatro popular - que
leva o nome de velho amigo da coluna - Nazareno Tourinho (foto), na
Praça do Carmo.
· Um ano e meio depois, nenhuma
peça foi encenada por lá e quem saiu no lucro foram os proprietários do belo
sobrado, que abriga, agora, o teatro: trocaram débitos municipais para alugar o
prédio à prefeitura e ainda ganharam uma boa reforma, no valor de mais de R$
100 mil.
· Nos canais de Belém que serão
transformados em parques lineares, as águas são esgotos puros. Então, os
espaços serão construídos sobre os dejetos existentes, apenas mascarando a
situação dramática da inexistência de esgotos da cidade.
· Só para informar: os
franceses, a despeito das modernas tecnologias disponíveis, não conseguiram
balneabilidade para as águas do rio Sena até hoje. Pense nas promessas de
tratamento dos esgotos na capital paraense.
· O diretor de benefícios
do Instituto Nacional do Seguro Social, André Fidelis, rodou do cargo
por conta da farra dos descontos de entidades sobre os vencimentos de
aposentados, aqui denunciada em várias ocasiões.
· Cerca de 30 entidades,
algumas de um mesmo grupo empresarial, conseguiram o aval de Fidélis para assinar
"termos de cooperação" que redundaram em descontos irregulares,
movimentando cerca de R$ 2 bilhões só este ano.
· Candidatos ao Concurso
Público Nacional Unificado poderão solicitar devolução de sua taxa de
inscrição.
· O Superior Tribunal de
Justiça deletou a greve de servidores federais do meio ambiente, determinando
multa diária de R$ 200 mil em caso de descumprimento.
· Finalmente, o ministério da
Saúde instalou grupo de trabalho para elaborar ações de cuidados a pessoas com
autismo, que afeta cerca de 2 milhões de brasileiros.
· O Pix
por aproximação deve começar em fevereiro de 2025. Os testes começam em
novembro, e o serviço deve ser lançado em fevereiro de 2025.