Psol chega às urnas dividido por disputas internas e alta desaprovação de gestão em Belém

Exigência de apoio dos candidatos à Câmara de Vereadores na reta final da campanha não supera os interesses individuais e racha até a tendência Primavera Socialista.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

06/10/2024 08:00
Psol chega às urnas dividido por disputas internas e alta desaprovação de gestão em Belém
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e o “50” que identifica o candidato número 1 do Psol nas urnas será mais ou menos sufragado nas eleições em Belém, conforme trombeteia as ruas e as pesquisas eleitorais amplificam em profusão e em alta-fidelidade, só o final do dia dirá. O partido, porém, que quatro anos atrás conquistou o comando da primeira capital do País, este sim, chega ao dia da eleição em frangalhos, ao menos internamente.


Não bastasse o fardo da tentativa de reeleger Ed50, Psol derrete internamente; últimos dias de campanha foram de ‘cada um por si’/Fotos: Arquivo
O que se diz é que a crise na campanha de reeleição do prefeito Edmilson Rodrigues estourou de vez: migrou dos bastidores para as redes sociais e as exigências para que candidaturas à Câmara de Vereadores ‘ajudem a salvar o que resta’ bateu no teto e ricocheteou, sob o comando da coordenadora-geral da campanha, a secretária Araceli Lemos.


Contudo, com o barco afundando, a debandada é grande, senão geral, inclusive entre os cinco candidatos da Primavera Socialista, tendência interna da qual faz parte o prefeito e a secretária, que estão em guerra aberta.

 

Faltando um pedaço

 

Na região oeste do Pará, populações tradicionais usam a palavra “puxirum” para expressar ‘ajuda mútua’, que vem a ser um esforço coletivo em favor de uma causa geralmente nobre. Pelo andar da carruagem, o Psol em Belém não atentou para este detalhe, observado por uma sucessão de gerações. Meses atrás, justiça seja feita, esta disputa interna no partido encontrou no “vidente” Luiz Araújo, irmão do chefe de Gabinete do prefeito, Aldenor Júnior, sua maior expressão, ao abandonar a Prefeitura de Belém e tentar a sorte com Guilherme Boulos, candidato do partido à Prefeitura de São Paulo.

 

Disputa do espólio


A ex-deputada estadual Marinor Brito se alinha entre os candidatos do partido que, por assim dizer, disputam o espólio do prefeito Edmilson Rodrigues, que chega às urnas, hoje, em condições nada razoáveis de temperatura e pressão, segundo a noção geral. Marinor estaria exigindo toda a estrutura disponível para se eleger à Câmara, custe o que custar, ante o entendimento de que uma eventual derrota eleitoral significaria uma aposentadoria compulsória.

 

Nesta refrega interna agem seus seguidores mais fiéis, segundo fonte da Coluna Olavo Dutra, “investindo para tirar" os apoiadores de Enfermeira Nazaré, Cláudio Puty, Leila Palheta e de Nice Tupinambá, inclusive prometendo céus e terras. Os concorrentes acusaram o golpe, mas se armaram mobilizando forças para contra-atacar através das redes sociais.  Segundo a fonte da coluna, a ordem foi para ‘desqualificar’ a adversária.

 

Fogo cruzado é pouco

 

Cláudio Puty, ex-secretário do governo Ana Júlia e da atual gestão municipal, também não ficou calado e passou a travar sua própria luta contra Leila Palheta e Nice Tupinambá, a ex e atual mulher do chefe de Gabinete Aldenor Júnior. E novamente as redes sociais viraram palco de desqualificação, mas não só isso: ameaças de desligamento do ‘Bora Belém’ e denúncias de assédio sexual na Secretaria para retaliar o ex-secretário.


Considerada ‘traidora da luta’ pelo piso de sua categoria, Enfermeira Nazaré tem sido alvo de ataques não apenas internos do Psol, mas também do PT, que encontrou na fragilidade da vereadora uma oportunidade para emplacar a Enfermeira Dani do PT. Atribui-se aos apoiadores de Nazaré o vazamento do áudio em que Nice Tupinambá afirma que a Enfermeira Dani não tem dinheiro e não é prioridade dentro do seu próprio partido.


Cores da perlenga

 

Recentemente, entrou na guerra do Psol a ex-deputada e suplente Vivi Reis, tendo como alvo Marinor Brito e Fernando Carneiro. À “guerrilha cibernética” de Vivi Reis são atribuídos os ataques de perfis falsos que vitimaram Marinor e Carneiro nas suas redes sociais. Nem a vereadora Giselli escapou. Em outra frente, as candidaturas do PT na Terra Firme não têm poupado críticas à parlamentar, usando termos como "patricinha" e acusações de que “nunca teve a Carteira de Trabalho assinada”, além de atribuírem uma suposta relação "pessoal" entre ela e Aldenor Júnior que responde pela soma de recursos destinada à candidatura.


Correndo por fora


Na soma das partes deste problemático momento do Psol, a única surpresa eleitoral possível aponta para a vereadora Sílvia Letícia que, mesmo com recursos minguados pela escassez do partido e sem “político de estimação”, como afirma, corre por fora de tudo e de todos, mas tem apoio concreto de servidores através de sindicatos de classe, principalmente professores.




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