Recado dado: blog ligado ao governador do Pará denuncia "poder paralelo" na gestão Igor Normando

Conhecido pela proximidade com o Palácio do Governo, blogueiro revela “decepções e frustrações” e prevê, sem mencionar fontes, que o prefeito fará “jus ao apelido de Igor Enrolando”.

23/05/2025, 09:00
Recado dado: blog ligado ao governador do Pará denuncia
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exatos dez dias de fechar o sexto mês de um mandato de quatro anos recebido pelas graças do governador Helder Barbalho, o prefeito Igor Normando, do MDB, eleito com mais de 420 mil votos nas últimas eleições municipais - o equivalente a 56,36% do eleitorado de Belém -, recebeu ontem à noite o primeiro petardo supostamente disparado pelo Palácio do Governo, senão pela “Torre” de controle político no Pará.

Sávio Barbosa dá pano para as mangas na rede social: a dúvida está em saber se passou mesmo um recado ou apenas deu trela a impulsos pessoais, mas animou o arraial/Fotos: Divulgação.
Escancarada nas linhas atropeladas do blogueiro Sávio Barbosa, a mensagem sugere que o desconforto com a gestão Igor Normando não é recente, sendo marcada por “decepções e frustrações” e “muitas reclamações de parceiros e aliados que não vêm sendo atendidos”. 

Mais que isso, aponta a existência de “um poder paralelo” imperando nas decisões do prefeito e outra vez sugerindo que “teremos mais um gestor sem controle da prefeitura”. O recado acaba meio que desesperançado, mas consolida na figura do prefeito Igor Normando o que metade da população de Belém comenta: “...vai fazer jus ao apelido de ‘Igor Enrolando’”. E sé é assim que a cúpula do MDB vê seu prefeito, é porque já o sabia de outras circunstâncias.  

Origem da indigestão

A indigestão política parece ter várias causas, segundo se especula. Há relatos que envolvem o suposto descaso do prefeito com reivindicações de aliados e de figuras bem próximas da cúpula do MDB, quando não diretamente vinculadas ao próprio governador do Estado, onde a leitura aponta não para a simples desatenção, mas para desobediência política. 

O caso mais agudo, porém, talvez esteja prestes a estourar, mas pode constar no recado do blog no trecho onde se lê “muitas reclamações de parceiros e aliados que não vêm sendo atendidos”. A se confirmar, a vereadora Nay Barbalho, filha da conselheira Mara Barbalho, do Tribunal de Contas do Município, prima do governador Helder Barbalho, portanto, estaria com um pé de volta à Câmara de Vereadores de Belém, de onde se licenciou para assumir o cargo de secretária de Inclusão e Acessibilidade da gestão Igor Normando. 

A vereadora licenciada não foi localizada pela Coluna Olavo Dutra para se manifestar, mas os bastidores apontam que “Nay Barbalho está cansada de esperar pelo cumprimento de promessas do prefeito” - e do próprio governador, segundo os relatos - “para alavancar seu projeto na Secretaria, enquanto Igor só tem olhos e atenção para os pets”.    

Horizonte perdido

As informações dão conta de que a quase ex-secretária de Inclusão de Igor Normando já teria ingressado com o pedido de retorno ao Parlamento municipal, mas também não há confirmação. Esse movimento, porém, além de abalar relações políticas e de parentesco na frondosa árvore genealógica da família, pode representar outro fato político - a saída da atual vereadora Eduarda Bonanza, que assumiu a vaga de Nay Barbalho. 

Vinculada ao Partido Progressista, Eduarda Bonanza, nascida Eduarda Nazaré Graim Palheta, obteve quase 6 mil votos nas últimas eleições e assumiu a vaga pela qualidade política, enquanto a titular é considerada apenas técnica, supostamente mal aproveitada pela prefeitura. Fora da Câmara, Eduarda volta a atuar na área de ações sociais no Jurunas.

Minas e bala perdida

O certo é que, no campo minado da política em Belém também tem bala perdida - ou “tiro ao Álvaro”, por assim dizer - podendo ser improvável, mas possível, que o prefeito Igor Normando esteja apenas no meio do tiroteio: há mais pessoas “influentes” entre o Palácio do Governo e o Palácio Lauro Sodré do que imagina a vã leitura dos fatos. Algumas já receberam “não” do prefeito e foram se queixar não ao bispo; outras, barradas na porta; e outras entraram, fizeram seu jogo e não agradaram àquelas outras.

Mas há outra possibilidade bem mais possível, e também bastante provável: a postagem de Sávio Barbosa pode ter sido um tiro equivocado de sniper, quer dizer, no próprio pé, com direito e ricocheteio. 

Como diz o ditado popular, “de panela em que muito se mexe, sai insosso ou sai salgado”.

Papo Reto

• Tanto a ex-secretária de Saneamento da gestão Edmilson Rodrigues, Ivanise Gasparim (foto), quanto a diretora-geral da Arbel, Georgina Galvão, negam a informação segundo a qual passaram a ser funcionárias da Ciclus, em São Paulo.

 A Ciclus, como se sabe, comanda o consórcio contratado pela Prefeitura de Belém responsável pela coleta de resíduos sólidos e, conforme a coluna apura - anote, porque, dizem -, é impagável. Dizem.

• Fonte de dentro da Curuzu esclarece que a permanência do técnico Luizinho Lopes à frente do time se dá, única e exclusivamente, pela falta de opção à altura. Não há treinadores bons no mercado. Todo mundo à altura, é menor... ou maior.

• Claudinha Gonçalves foi escolhida como candidata do MDB à Prefeitura de Tucuruí nas eleições suplementares previstas para 3 de agosto deste ano.

• Claudinha Gonçalves é ex-secretária de Assistência Social da gestão Alexandre Siqueira, e compôs como vice na chapa de reeleição de Alexandre Siqueira indeferida pela Justiça Eleitoral. 

• O ex-prefeito foi comunicado pela área jurídica que a deputada federal Andrea Siqueira, mulher dele, teria impedimento legal para concorrer.

• O governador Helder Barbalho participou do anúncio da pré-candidatura de Claudinha Gonçalves por videoconferência. 

• As comidas típicas das festas juninas ficaram em média 10% mais caras em relação ao ano passado, aponta o Dieese.

• Dendê, fubá de milho, coco ralado, leite condensado e a canjiquinha, além da canela em pó e do milho, são os produtos que mais apresentaram alta.

• Segundo o supervisor técnico do Dieese, Everson Costa, esses aumentos certamente irão impactar no preço final ao consumidor. 

• E viva São João!

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