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uma cidade de muro baixo como Belém, o nome da empresa Terraplena ecoa como o
escolhido pela gestão municipal para assumir o ciclo de coleta do lixo na
capital pelos próximos 30 anos. No dia 31 deste mês, enquanto todos estão
retornando das férias, ocorre a entrega das propostas para concessão de 30 anos
dos serviços de coleta de resíduos sólidos - 30 anos!
A escolha foi construída com o apoio do grupo Simpar, empresa listada na Bolsa de São Paulo, dona das empresas CS Brasil, JSL e Movida.

Simples e lucrativo
O
modelo de negócio é simples: a Terraplena, cujo proprietário é Carlos Nascimento, ex-Eletronorte com sócios ocultos - como envolvidos no negócio há figurões de todas as
estirpes -, entraria com o capital político e as relações com a atual gestão
municipal, enquanto JSL seria o braço financeiro forte, entrando com a longa
lista de equipamentos exigidos para satisfazer seus acionistas com um duradouro
contrato de três décadas, inclusive sujeito à renovação por igual período.
Depois das eleições
Não
fosse suficientemente anormal duas empresas decidirem como a complexa situação
do lixo de Belém de desenrolará nas próximas três décadas, o lado mais
pernicioso da história é que o contribuinte é que arcará com o contrato
bilionário, através do aumento nas suas contas de água e energia, fato negado
pela Secretaria de Saneamento, mas que está expressamente previsto no edital de
licitação, o que deve onerar o cidadão da capital por um serviço público que já
é financiado pelo IPTU. A Secretária, como de hábito, jura que a cobrança só
virá à tona depois das eleições.
Enquanto
isso, em apenas uma semana, a mesma Secretaria de Saneamento notificou uma das
duas únicas empresas que coletam resíduos sólidos na capital com 75 autuações.
A
cidade tem mais lixo largado por metro quadrado do que se pode imaginar, mas a
penalidade só recai para quem não frequenta o Palácio Antônio Lemos, sede do
poder municipal.