Vereador do PL "acha a fórmula mágica" para garantir mais recursos à gestão de Igor Normando

"Fiscal do povo" Zezinho Lima aponta que programa “Bora Belém” é eleitoreiro e revela duplicidade de pagamento com Bolsa Família de 90%.

31/03/2025, 08:00

Vereador afirma que relatório que norteou sua posição contra o programa foi dado pelo presidente da Funpapa, Arthur Houat/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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hega a ser “comovente” a forma como o vereador Zezinho Lima, do PL, em seu primeiro mandato na Câmara Municipal de Belém, se preocupa e se antecipa a fatos que irão impactar a população. Pois, somente essa preocupação pode explicar por que ele, que nem da base aliada do prefeito Igor Normando, do MDB, é, conseguiu, em menos de três meses, antever uma forma de Belém conseguir recursos para áreas como saúde e educação de roam mais rápida: extinguir o programa ‘Bora Belém’. 

O projeto, votado e aprovado na quinta-feira, só depende agora da sanção do prefeito Igor Normando, para entrar em vigor em 30 dias.  O texto da proposta é “curto e grosso”. Diz que a instituição responsável pelo pagamento do benefício - a Fundação Papa João XXIII, Funpapa - deve comunicar a todos os beneficiados a revogação do pagamento -; e que os recursos efetivamente previstos no Orçamento 2025 para o programa devem retornar para o Fundo de Assistência Social ou demais fundos públicos dos quais foram retirados.

O vereador Zezinho Lima se diz “O fiscal do povo”. Foi o 26º entre 35 vereadores eleitos, somando 6.258 votos, ou 0,79%, número de votos, bem longe dos mais de 21 mil votos dados à vereadora mais votada, Silvane Ferraz, do MDB.   Por se dizer “fiscal de povo” e um “opositor do governador Helder Barbalho, do prefeito Igor Normando e, em especial, da esquerda”, é que Zezinho Lima “busca ter um mandato impessoal, sempre pensando no bem de Belém”, enfatiza.

 “O programa ‘Bora Belém’ perdeu a função para o qual foi criado. Em 2021, ele foi criado porque estávamos no meio de uma pandemia. A pandemia acabou e o programa continuou e perdeu o objetivo inicial, acabando por se tornar um programa eleitoreiro”, explicou.  “Eu não tenho culpa se a base aliada do prefeito Igor Normando não se preocupa com coisas que estão ‘na cara’. Eu, desde que começou o meu mandato, comecei a procurar indícios das irregularidades do ‘Bora Belém’ e as encontrei”, conta. 

Favorecimento duplo  

As irregularidades a que o vereador se refere constam, segundo afirma, de um relatório produzido pela Funpapa cujos dados mostram, por exemplo, que há duplicidade entre os beneficiados do ‘Bora Belém” e o Bolsa Família, programa de renda mínima do governo federal.  

Segundo o parlamentar, o relatório foi repassado a ele pelo atual titular da Funpapa, Arthur Houat. Um desses dados afirmaria que a duplicidade de pagamento chegaria a 90%. Zezinho Lima não mede palavras e diz que o ‘Bora Belém' é “um programa eleitoreiro”. Diz também que esse programa elegeu Edmilson Rodrigues à Prefeitura de Belém em 2020, e elegeu Alfredo Costa, do PT, ex-presidente da Funpapa, como vereador em 2024.  

Críticas ao prefeito

Zezinho vai mais longe. “O prefeito Igor Normando não vive reclamando do ex? Tudo o que ele fala é do passado, vive disso. Todo dia é uma crítica, porque não tem dinheiro na prefeitura. E quando que descubro uma forma de conseguir economizar uma verba, tirando de um programa que é irregular desde a concepção, para que a prefeitura tenha como investir em educação e saúde, ainda tem gente me questionando e criticando. O que querem mais que eu faça?”, questiona.  

Zezinho faz as contas. “São R$ 60 milhões por ano, R$ 240 milhões em quatro anos de gestão que serão economizados se o ‘Bora Belém’ for extinto de vez. Esse dinheiro poderá ser mais bem aproveitado em unidades de saúde, que estão precisando muito de verbas”, aconselha.  

Votos do partido

Os sete vereadores que votaram contrários ao fim do programa foram Ágatha Barra (PL), Alfredo Costa (PT), Marinor Brito (Psol), Mayky Vilaça (PL), Néia Marques (PT), Rildo Pessoa (MDB) e Vivi Reis (Psol. Como se nota, dois colegas de partido de Zezinho votaram contra o projeto. Seria um racha no PL em Belém? 

Zezinho Lima disse não se preocupar com isso. “Muitos me perguntam como eu convenci os vereadores a votarem comigo. Eu respondo que conversei muito, por uns três dias seguidos. Os colegas do PL disseram que iriam votar a favor, mas, faltando poucos minutos para a votação, eles receberam telefonemas e votaram contra. Não me preocupo com isso. Eu penso no que é o melhor para Belém”, disse.  

Promessa é dívida

A Câmara de Belém votou pelo fim do programa de transferência de renda que, se sancionado, deixará 18 mil famílias - mais de 80 mil pessoas - sem esse recurso. O ex-prefeito Edmilson Rodrigues, em postagem em uma rede social, disse que durante a campanha eleitoral em 2024, Igor Normando prometeu que não acabaria com o ‘Bora Belém’.  O Psol já trouxe o vídeo de volta e nele é possível ver Igor Normando afirmando que o ‘Bora Belém’ não só continuaria, como seria ampliado, promovendo capacitação para as pessoas atendidas pelo programa.     

O ‘Bora Belém’ foi o primeiro ato da terceira gestão de Edmilson Rodrigues na Prefeitura de Belém, em 2021. Ele transfere valores de R$ 200 a R$ 500 à população de baixa renda, conforme o número de filhos, por família em situação de pobreza extrema. O investimento mensal da prefeitura, junto com o governo do Estado, por meio de convênio, era de R$ 5 milhões. 

Papo Reto

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