Deputado federal, Antônio Doido protagoniza atritos em municípios do Pará e expõe fragilidades do MDB

Partido acumula queixas de aliados por todo o Pará e parlamentar adiciona pitada de discórdia em ano eleitoral.

16/04/2024, 08:20

Antônio Doido anuncia candidatura à Prefeitura de Ananindeua, mas, até agora, nem o governador, nem o presidente do MDB confirmaram/Fotos: Divulgação.


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MDB parece estar meio atarantado neste começo da corrida eleitoral visando a renovação de prefeitos e vereadores no Pará.  Nos quatro cantos do Estado, o partido do governador Helder Barbalho, presidido pelo irmão e ministro das Cidades, Jader Filho, dá sinais, senão de inabilidade política, de desarrumação, atropelando acordos, antecipando candidaturas mal costuradas e por isso mesmo, indefinidas, bem distante de representar uma organização com objetivos.


A desarrumação começou por Parauapebas, no sudeste do Estado; passou por Marabá e outros municípios da região, como em Canaã dos Carajás; fez parada em Santarém e mudou de curso, atingindo Bragança, na região nordeste; chegou a Tomé-Açu e, de certa forma, estacionou em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, segundo maior colégio eleitoral do Estado. A contagem de perdas e danos deve aparecer nas urnas, mas as perspectivas são preocupantes.

 

Os fatos e o personagem

 

Em dois desses municípios aparece o mesmo personagem, o empresário e deputado federal Antônio Doido, eleito à base de milhões, depois de uma derrota na disputa pela reeleição na Prefeitura de São Miguel do Guamá, sua cidade de origem. De uns tempos para cá, por onde passa, além dos acordos empresariais com prefeitos de alguma forma ligados ao MDB, o empresário e deputado deixa até os aliados desconcertados.  

 

Antônio Doido é um ricaço do setor de construção e tem diversos contratos com o Estado, o que parece lhe conferir um poder que vai além da cadeira que ocupa na Câmara Federal.

 

Da água para o vinho

 

Em Tomé-Açu, por exemplo, Antônio Doido protagonizou uma cena muito bizarra, típica de quem quer parecer acima do bem e do mal, ao atacar os seus próprios companheiros de partido, o MDB. No lançamento da pré-candidatura a prefeito de Adriano, que coincidentemente também agrega “Doido” ao nome, pelo Republicanos, Doido, deputado federal, não poupou críticas ao prefeito Carlos da Vila Nova e ao deputado estadual Carlos Vinícios, que é filho do prefeito, ambos do partido do governador.


Mesmo sem grandes adesões, percebia-se o desconforto geral diante da situação. Afinal Doido, deputado federal, destacou ter sido o candidato mais votado à Câmara Federal no município - ele esteve em Tomé-Açu na campanha passada caçando seus próprios votos - era todo elogios para o prefeito Carlos da Vila Nova e o filho dele, Carlos Vinícios. Então, mudou por que?

 

Ninguém entendeu, mas, para quem presenciou a cena, foi uma infame demonstração de ingratidão política - além de lançar candidato a prefeito de Tomé-Açu por outro partido que não o seu. E criticou geral, a torto e a direito, enxergando e apontando problemas de gestão onde antes só cabia coisa boa e elogios.


Candidatura em Ananindeua

 

Esse Antônio Doido é o mesmo que se lançou candidato a prefeito de Ananindeua, quando sequer se reelegeu prefeito de São Miguel do Guamá. Contra ele pesa o fato de que se trata de uma pré-candidatura indefinida, segundo circula nas redes sociais: até agora, ao que se sabe, o governador Helder Barbalho dará apoio à candidatura Miro Sanova, pelo PT, e a direção do MDB ainda não se manifestou sobre um possível candidato do partido no município. Então, tem alguma coisa meio doida nesses acontecimentos, até prova em contrário; ou “tem doido pra tudo”, recorrendo à expressão popular.

 
O certo é que quando não se coloca ordem na casa, o vale-tudo é uma ameaça ao sucesso e a paz do sistema, seja ele qual for. Não bastasse que, por todo o Pará, são muitas queixas pipocando no campo da política, inclusive a partidária, envolvendo o maior partido do Estado e pelo qual o governador planeja eleger 100 prefeitos em 140 municípios.

 

Papo Reto

 

O governador Helder Barbalho (foto) garantiu repasse de R$ 150 mil para bancar a “Corrida Rei da Amazônia”, do Remo, que prevê a participação de 2 mil pessoas, com inscrição ao preço de R$ 85. A iniciativa é do vereador Mauro Freitas.

 

Dizem que, na Secretaria de Urbanismo de Belém, começou a chamada dança das cadeiras. Se a substituição de diretores da Secretaria não estiver ligada a candidaturas para as próximas eleições, é briga política.

 

Uma delação premiada ao Gaeco, do Ministério Público, é nitroglicerina pura: “plantação de drogas” na casa de um adversário político é apenas a ponta de iceberg que, se puxada, deve comprometer muita gente.

 

O misterioso episódio do barco com corpos de vítimas supostamente estrangeiras fugidas do Haiti começou a ser investigado pela Marinha e Polícia Federal.

 

A Fiepa recebeu ontem o ministro das Cidades, Jader Filho, o governador Helder Barbalho, autoridades locais e nacionais para o anúncio da Instrução Normativa que amplia os descontos para facilitar a aquisição da casa própria por famílias que recebem até R$ 4,4 mil mensais na região Norte.

 

Segundo Jader Filho, a região continua apresentando baixos resultados. Com cerca de 8,5% da população do País, registra déficit habitacional de 10,3%.

 

O Norte também detém uma das menores rendas per capita (1.175), alto índice de informalidade (52,8%) e a menor taxa de contratação de FGTS (3%).

 

Mais de 1 mil pessoas se submeteram ao Exame Nacional da Magistratura no Pará, ontem. Dos 1.236 inscritos, foram registrados 255 faltosos. 

 

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