Governo federal propõe ajustamento de conduta contra alta de preços de hospedagem na COP30

Ministro do Turismo, Celso Sabino puxa mediação, incluindo a Casa Civil, onde o ministro Rui Costa auxiliou no fechamento de um possível acordo.

23/04/2025, 11:00
Governo federal propõe ajustamento de conduta contra alta de preços de hospedagem na COP30
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pressão continua forte sobre a rede hoteleira de Belém por conta da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, em novembro deste ano. Enquanto nas plataformas de aluguéis de imóveis por temporada há todo tipo de preços aplicado, a rede hoteleira sofre uma forte cobrança para reservar leitos a valores mais racionais, especialmente para acomodar líderes e chefes de Estado.

Encontro em Brasília reuniu os ministros Celso Sabino e Rui Costa, o secretário da COP30, Valter Corrêa e representantes do setor hoteleiro de Belém/Fotos: Divulgação.
Com a intenção de chegar a um consenso, durante a semana passada representantes do setor hoteleiro de Belém se comprometeram com o governo federal a assinar um termo de ajustamento de conduta (TAC) nos próximos dias. Além disso, o governo conta como certos os leitos em navios, que mudaram de lugar para o Porto de Outeiro, que receberá nesta quarta-feira, 23, a visita do secretário extraordinário da COP30, Valter Correia, que chega direto de Brasília para acompanhar as obras de adequação do porto que deve receber os navios para um incremento em torno de 4 mil leitos.

Correia integrou os dois dias de reuniões no esforço comandado pelo ministro paraense Celso Sabino, do Turismo, para a assinatura do futuro TAC, uma espécie de iniciativa preventiva para garantir o equilíbrio nos preços das hospedagens durante a realização do evento da ONU.

Comitiva da hotelaria

De Belém, participaram das reuniões na capital federal Eduardo Boullosa Jr, vice-presidente da Confederação Nacional do Turismo (CNTur) e proprietário do hotel Grand Mercure; Elton Cunha, representante da ABIH Pará e gerente de vendas do hotel Princesa Louçã; Romulo Maiorana Neto, representando o Grupo Roma, que detêm em Belém a bandeira Radisson Maiorana e já corre contra o tempo para aprontar o hotel no prédio arrendado da Receita Federal, que irá acomodar um hotel da bandeira espanhola Tívoli.

A empreitada comandada por Sabino entre os hoteleiros de Belém e organizadores da COP30 durou dois dias. No primeiro, os representantes da rede hoteleira da capital paraense se reuniram com o ministro, o secretário extraordinário da COP 30, Valter Correia, técnicos do MTur, da Embratur e assessores do presidente da COP, e assessores do embaixador André Lago na própria sede do MTur, para chegar a um diagnóstico da situação atual dos hotéis e definir propostas realistas para a atender os pedidos de hospedagens para a COP30.

Preocupações mútuas

Após a primeira reunião, realizada na terça-feira, 15 de abril, o ministro levou no dia seguinte o grupo ao Palácio do Planalto, onde o encontro envolveu ainda o ministro da Casa Civil, Rui Costa, no qual a melhor proposta foi fechada em torno do TAC que deve assegurar que a capital paraense esteja preparada para receber os milhares de visitantes esperados, incluindo a parte que muito preocupa o governo, que são os chefes de Estado, as delegações internacionais e os jornalistas.

Por outro lado, representantes da sociedade civil também estão preocupados com a prática de preços abusivos na rede hoteleira. Juntando todas as pontas, a principal preocupação é que as negociações necessárias ao enfrentamento da mudança do clima sejam bem-sucedidas e contem com a presença de todos os segmentos que precisam estar no evento.

Mediação necessária

Para o ministro Celso Sabino, que mediou o encontro desde a reunião preparatória com o setor hoteleiro do Pará a fim de definir as propostas apresentadas no Planalto, a participação e o diálogo com a rede hoteleira é uma importante ferramenta para o governo federal transformar a COP30 na melhor de todas as edições.

“Estamos trabalhando para tranquilizar o Brasil, e também os meus conterrâneos, como paraense, que o planejamento tem sido árduo na mediação necessária entre a rede hoteleira do Pará e a organização do evento, para que nós tenhamos as melhores soluções possíveis em relação à hospedagem dos participantes e visitantes da COP, para que todos sejam bem recebidos e conheçam essa que é uma grande característica do povo paraense, que é a nossa hospitalidade”, afirma Sabino sobre os encontros.

Negociações delicadas

O fato é que essa não é uma mediação fácil diante de tanta procura. Os representantes dos hotéis de Belém reticentes sobre baixar em demasia os preços, uma vez que já foram procurados por delegações para fechar seus hotéis por inteiro.

“Eu tive oferta para fechar meu hotel por inteiro e com pagamento adiantado, mas não concordei por entender que precisamos trabalhar em parceria e atender a segmentos diferentes que terão a necessidade de estar no hotel”, disse um dos proprietários de um grande hotel de Belém.

Outro desses proprietários informou que já fechou parte das reservas de seu hotel para o evento. Segundo ele, a situação é muito delicada sobre fazer a essa altura uma redução drástica de preços. “Todos entendem que um evento como esse torna as datas obrigatoriamente um período de alta temporada, e vendo isso muitos segmentos reservaram antecipadamente. E como agora vou vender os leitos restantes por um preço menor do que já vendi anteriormente? A gente também fica numa situação muito delicada”, argumentou um hoteleiro.

Meio termo

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, participou do segundo dia, para definir os termos do TAC, e ressaltou a importância de que Belém se destaque também após a COP como destino turístico com boas condições de receptividade. Para isso, pediu aos membros da rede hoteleira que ajudassem a chegar a um meio termo, para que os preços cobrados nas diárias de hospedagem não sejam exorbitantes. “Nem todos os países e delegações podem arcar com alguns dos valores anunciados. Queremos receber a todos e dar condições de que todos venham participar da COP30 e retornem aos seus países com uma boa experiência. Isso é bom para o setor, é bom para Belém e para o Brasil”, disse ele.

A assinatura do termo ainda não tem data definida, mas deve ocorrer nos próximos dias e contar com a participação de representantes do Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e entidades do setor hoteleiro de Belém, além das plataformas de hospedagem.

Papo Reto

·O modelito usado pela prefeita de Marituba, Patrícia Alencar (foto), na festa em que comemorou aniversário, domingo, encantou seus seguidores na web.

·Na cor vermelha, com motivos que lembram a bandeira do Pará, o modelito caiu bem no corpo de menina da prefeita, festejada nos quatro cantos da cidade.  

·Tem jabuti subindo na árvore na campanha que se avizinha para escolha do sucessor do governador Helder Barbalho. Vai ser a maior mistura da água com areia de que se tem conhecimento no Pará.

·É braba a crise financeira no Hospital Ofir Loyola. Pacientes que precisam se submeter ao tratamento de quimioterapia estão há cerca de três meses sem receber atenção, o que pode comprometer o estado clínico. Faltam medicamentos e equipamentos.

·Preso desde setembro de 2023 sem denúncia formal, como tem virado moda, o indígena paraense Helielton dos Santos foi finalmente para prisão domiciliar por decisão do Supremo Tribunal Federal.

·No inquérito, consta que ele é investigado pela prática de diversos crimes relacionados à suposto envolvimento no bloqueio de rodovias após o segundo turno das eleições de 2022.

·Processos contra a "pejotização" - prática pela qual uma empresa contrata trabalhadores como pessoas jurídicas visando evitar a aplicação CLT e seus encargos -, crescem 57% em 2024.

·Em 2025, até fevereiro, foram ajuizados 53.783 novos processos, o que coloca o tema em 16º no ranking dos que mais levam as pessoas à Justiça do Trabalho.

·Além das adversidades climáticas, o encarecimento do crédito, a alta do dólar e o aumento nos custos de produção em razão da inflação fizeram disparar a quantidade de pedidos de recuperação judicial entre empresas do agronegócio. 

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