A Promotoria Eleitoral de Soure, município do Arquipélago do Marajó, investiga uma denúncia que aponta, com provas anexadas de fotos e vídeos, suposta exploração do trabalho infantil durante a campanha eleitoral dos candidatos Paulo Victor Silva de Lima, a prefeito; Charley Augusto Leal e Max Victor Abdon Nascimento, ambos candidatos à Câmara.
O trio foi denunciado por pessoas da comunidade por utilizarem crianças em atividades laborais da campanha, como a aplicação de adesivos e a distribuição de materiais impressos pelas ruas, entre eles os famigerados “santinhos”.
Diante das provas levadas pela comunidade e que evidenciam a gravidade da situação, o promotor André Cavalcanti de Oliveira, titular da Promotor de Justiça de 2ª Entrância da Comarca de Soure, determinou a instauração imediata de procedimento investigatório eleitoral, já que nestas eleições Cavalcanti também é o promotor da 3ª Zona Eleitoral.
Diligências e apuração
As primeiras diligências estão em andamento e preveem, junto ao Conselho Tutelar da comarca, identificar os menores envolvidos que aparecem nas imagens, apurar e confirmar se eles estão sendo vítimas de exploração ou trabalho em condições inadequadas em violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente, além das intimações dos acusados pela prática contra as crianças.
O promotor já solicitou à Justiça Eleitoral cópias da primeira prestação de contas dos candidatos acusados, para verificar a existência de quaisquer registros relacionados a pagamentos ou benefícios vinculados à utilização de menores nas atividades de campanha, embora também esteja trabalhando diretamente na análise de material audiovisual anexado à denúncia, e que se houver necessidade, serão periciados.
Queda do trem político
Os três envolvidos na acusação são todos do MDB. Paulo Victor Lima é candidato a prefeito apoiado pelo governo do Pará não apenas por ser do partido do governador, mas por ser filho do deputado Iran Lima - com a prefeita de Moju, Nilma Lima -, município de origem da família e um pouco distante de Soure.
A mudança de domicílio eleitoral de Paulo Victor Lima para o Marajó, aliás, não teria sido lá tão bem recebida pelos bastidores da política da região, onde o candidato é considerado como quem teria ‘caído de trem’, sendo que para chegar ao Marajó, o caminho ainda é uma longa travessia.
Em Soure, além de Paulo Victor Lima, concorrem ainda à prefeitura os candidatos Nic Junior, do PT; e Fagundes Gomes, do Rede.
A tal bola dividida
É nesse ponto - a ‘queda de paraquedas’, como se diz em Soure -, que os caminhos do PT conflitam com os do MDB do governador Helder Barbalho na cidade. O PT lançou o professor Nic Júnior, com apoio do senador Beto Faro e da mulher dele, a deputada federal Dilvanda Faro, que, ao lançar Nic, fez um forte discurso contra a ‘importação’ do candidato.
“Não precisava trazer gente de fora. Nós precisamos de um prefeito comprometido com Soure, com a população de Soure. Vim aqui para dar esse recado e venho muito mais vezes, porque não pouparei esforços, e a hora que eu tiver um tempo na agenda eu estarei aqui para apoiar Nic Júnior”, declarou a deputada na ocasião - e de fato tem cumprido essa agenda de apoios.
Papo Reto
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