o último dia 10, sábado de carnaval, o Pará acordou com as repercussões da homenagem que a cantora Fafá de Belém recebeu no dia anterior, à noite, no carnaval de São Paulo. A vida da cantora era o tema, mas a escola de samba Império de Casa Verde usou - e pelas reações - e abusou das figuras icônicas do Círio de Nazaré, como a Berlinda e a própria imagem da Santa, que hora aparece na Comissão de Frente, ora em uma alegoria com o rosto de Fafá carregando o que seria o Menino Jesus.
Foi o suficiente para uma enxurrada de reações e
protestos de toda ordem. Jornalistas, políticos e uma centena de outras
pessoas, direto das suas redes sociais, até chegar à cúpula da Igreja,
criticada por estar atrasada com alguma manifestação, que veio pelo chefe da
Igreja no Pará somente nas cinzas do carnaval.
Uma cantora, as reações
Na quarta-feira, cinco dias após o desfile, o Arcebispo
Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira, se pronunciou, sem citar nomes,
mas referindo-se à escola de samba de São Paulo e A “uma cantora da nossa
terra” que, juntas “tocaram na nossa devoção e na nossa prática religiosa”, disse
Taveira.
O arcebispo considerou naturais as reações fortes. “De
jornalistas, políticos E até às pessoas simples do meio do povo de Deus, todos
estamos contrários a essas formas de utilização das figuras religiosas da nossa
devoção pela absoluta falta de bom senso, um gesto lamentável da escola e da
cantora, que prestaram um desserviço à Nossa Senhora, pelo qual estamos muito
tristes”, disse ele.
Taveira também afirmou que não houve qualquer consulta à
Igreja Católica sobre o uso dos símbolos do Círio. “Isso partiu das liberdades
da figura artística, que se julgou no direito a esse uso inadequado da devoção
Mariana. Esperamos que essas pessoas tenham a bondade de rever seu modo de agir
e suas ações”, disse o arcebispo. Já a cantora Fafá de Belém, até o momento,
não se manifestou. Nem botou a cara na varanda.
Novo chute na imagem
Movido pela fé vigilenga que embala sua terra natal,
Vigia de Nazaré, nordeste do Estado, o jornalista Nélio Palheta resumiu o
desfile a um “novo chute na imagem” de Nossa Senhora. “Chutaram novamente a
imagem de Nossa Senhora de Nazaré. E desta vez, não foi um pastor evangélico.
Foram os carnavalescos paulistas”, disse ele em um artigo publicado em seu
perfil no Facebook, onde lembrou o episódio de 1996, em que, à época do Círio,
o pastor evangélico Edir Macedo chutou a imagem da Santa.
Ele diz que a forma como se deu o uso não se justifica
por sincretismo religioso. “Considerei impróprio o uso da imagem religiosa como
alegoria de carnaval. Só os desprovidos do senso religioso, conhecimento sobre
a fé e ignorantes a respeito da devoção a Nossa Senhora, Mãe de Deus, fazem uma
sandice dessa ordem. Foi uma apropriação deveras inadequada do mais importante
ícone da religiosidade popular paraense”, escreveu Palheta, ressaltando, ainda,
que o que foi visto na avenida, como alegorias semelhantes ao boi de Parintins,
além de pajelanças que não são usadas na devoção Mariana nem no Brasil nem em
Portugal, foge completamente ao respeito.
Vilipêndio à fé Mariana
O também jornalista paraense Walbert Monteiro registrou
em um artigo que “a estupidez humana, na era contemporânea, parece não ter
limites. E, embora se proclame a todo instante o respeito aos direitos humanos,
à liberdade de crença e opinião, às etnias e às minorias, nunca se testemunhou
tanta agressão e vilipêndio a todos esses princípios”, afirmou, alertando que a
“a expressão artística, mesmo que se defenda total e absoluta liberdade de
criação, há que ser presidida, ela também, por uma ética que não ofenda
gratuitamente pessoas ou coletividades”.
Ele foi um dos que criticaram a demora da Igreja em
dizer algo, e lamentou que o carnaval brasileiro, de uns tempos para cá,
“perdeu a sua genuína pureza como símbolo maior da alegria de um povo para se
transformar em manifestação onde se extravasam recalques ou a ignorância a
serviço de interesses ideológicos espúrios”, afirmou.
O jornalista também citou o que chama de constantes
ataques à religião cristã no carnaval. “Há um claro e indesmentível intuito de
desmoralizar o cristianismo: em passado recente, a figura de Jesus Cristo foi
escarnecida na Marquês de Sapucaí, arrastada e vencida por um figurante
travestido de demônio. E, no desfile paulista de 2024, uma agremiação não
‘manchou’ apenas a tradição mariana. Foi mais além e decidiu, deliberadamente e
com o apoio da cantora que homenageava, ultrajar toda a população católica do
Estado do Pará, dando à Mãe de Deus a caricata figura dessa artista que, em
nome do pudor e da defesa das nossas mais caras tradições, deveria de pronto
repelir as iniciativas do carnavalesco e não permitir a cena que se tornou mais
grave e sacrílega: que na representação da Berlinda, um dos mais expressivos
símbolos do Círio de Nazaré, uma sambista seminua tomasse o lugar de Nossa
Senhora”, protestou Monteiro.
Uso recorrente do Círio
A tese mais presente em tantas opiniões de protesto nas
redes é que de que na homenagem à cantora Fafá de Belém houve um excesso
desnecessário, que a própria artista paraense, que todo ano se manifesta
durante o Círio como devota fervorosa, deveria ter repudiado a inclusão da
imagem da Santa entre as alegorias da escola que a homenageou.
Faz sentido, mas talvez não combine com o que se percebe
no comportamento de Fafá anualmente em relação ao próprio Círio, único momento
em que ela “chega”, por assim dizer, já que não atua em nenhum outro projeto
ligado à cidade. Somente no Círio, e faturando alto para isso com o evento que
nasceu como “Varanda da Fafá” e, posteriormente, mudou de nome para “Varanda de
Nazaré”.
Faturando bem alto
É bom para o turismo uma leva de artistas visitando
Belém no Círio? Não há relatos de pesquisas qualitativas sobre esses
resultados, comparados ao custo. A coluna apurou que no ano passado o orçamento
da 13ª edição do evento foi em torno de R$ 5 milhões somente das leis de
incentivos, já que o evento conta com o patrocínio master do
Instituto Cultural Vale e do Banpará, por meio da Lei de Incentivo à Cultura
Semear.
Artistas sem cachês
Mas, para todos os microeventos da agenda, que duram em
torno de quatro dias, há apoios e incentivos - leia-se investimento em dinheiro
- de marcas. Porém, estranhamente à arrecadação de tantos recursos, nenhum
artista convidado por Fafá para a exaustiva programação recebe cachê. O convite
é a título de recompensa por visibilidade, por Fafá ser quem é e daí convidar
tanto famosas, enquanto os cá de casa nada recebem.
Ano passado, por exemplo, além do patrocínio oficial via
Lei Semear, marcaram presença junto aos cofres de Fafá a telefonia TIM, o
Magalu e o Sebrae, também na condição de patrocinadores, com o apoio da
Prefeitura de Belém por meio da Fumbel, do Café Santa Clara e da Cervejaria
Cerpa.
Desde o ano passado, o evento lançou também a
programação “Explora Belém” para mostrar a cidade escolhida como sede da COP30,
em 2025.
Papo Reto
A situação é tão crítica na Emater que servidores
de vários setores do Escritório Central, em Marituba, fazem coleta mensal para
comprar toner e papel para as impressoras.
No mesmo escritório, denúncias de servidores voltam a
colocar a chefe de Gabinete, Ana Carla da Silva Costa, no olho do furacão.
Prima do deputado estadual Ronie Silva (foto),
a moça “é quem dita regras na empresa: se estiver de bem com a vida, autoriza
demandas e pedidos; caso contrário, trava tudo”.
Ana Carla Silva é esposa do diretor Administrativo da
Emater, Robson de Castro Silva, aquele que era servidor do Inmetro, mas dava
expediente na Emater.
Depois da denúncia da coluna, o espertinho foi exonerado
do Inmetro e assumiu de fato na Emater.
O Instituto Federal do Pará - campus Belém - deve abrir
processo seletivo para a contratação de professores de matemática, química e
engenharia de materiais para reforçar o quadro, porque a instituição cedeu
servidores para cursos pós- graduações e graduações.
O diretor geral, professor Hélio Almeida, conta com a
vinda de novos profissionais da educação para atender áreas específicas de
nível técnico, pós-graduação e graduação.
A colônia de pescadores Z 16, de Cametá, aprovou cerca
de 40 ribeirinhos através de um projeto social e totalmente gratuito.
O programa Rede de conhecimento - pescando oportunidades
foi criado pelo professor e pescador José Domingos, com a aprovação do
presidente da maior colônia de pescadores América Latina, José Fernandes.
Leme das bolsas americanas e amplamente valorizadas em
Wall Street, as empresas de tecnologia conhecidas como "Sete
Magníficas" venderão 12% a mais este ano e outros 12% em 2025, percentual
inimaginável no mundo das empresas "normais".
A Alphabet, dona do Google, Apple, Amazon, Meta e
Microsoft, faturaram juntas cerca de US$ 327 bilhões em 2023, 25,6% a mais do
que no ano anterior, número próximo, por exemplo, do PIB total da Colômbia ou
do Chile.