emana passada, a menos de três dias do Natal, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, negou, no melhor estilo vapt-vupt, pedido da Advocacia Geral da União, através do Tribunal de Contas da União, que solicitava, em caráter de urgência, a revogação de uma decisão para autorizar pagamento de penduricalhos a juízes federais de quase R$ 1 bilhão. Rápido no gatilho, Barroso fulminou o TCU e a AGU em menos de duas horas. O pedido era para revogar decisão do ministro Dias Toffoli, que dias antes assinou despacho dizendo que o TCU não tem competência para impedir pagamento autorizado pelo Conselho Nacional de Justiça.

Presidente do TJ Pará, a desembargadora Maria de Nazaré
Gouveia não se manifestou sobre as informações do CNJ; no Supremo, o presidente
Luís Roberto Barroso deu aval à retomada do pagamento de quinquênios a juízes
federais/Fotos: Divulgação.
O
presidente respondeu ao pedido da AGU informando que o caso dos penduricalhos
para juízes não se enquadrava nas decisões urgentes previstas pelo Regimento, e
encaminhou a solicitação para o ministro Dias Toffoli, que é o relator do
processo. Ou seja, Barroso não examinou o mérito da questão, mas ao negar o
recurso manteve em vigor decisão de Toffoli assegurando o pagamento dos
benefícios aos juízes federais.
O TCU
argumentou que o pagamento dos penduricalhos traria um risco de "prejuízo
irreparável para os cofres públicos", estimando que a inclusão do
benefício adicional representaria um impacto mensal de R$ 16 milhões e anual de
R$ 200 milhões. Barroso desenterrou o defunto: a decisão de Toffoli pode
fazer com que magistrados que ingressaram na carreira na década de 1990 possam
embolsar até R$ 2 milhões cada.
Penduricalho extinto
O
penduricalho em questão é o pagamento retroativo do chamado Adicional por Tempo
de Serviço, suspenso em abril pelo ministro do TCU Jorge Oliveira. O chamado
quinquênio permitia um aumento automático de 5% a cada cinco anos nos
contracheques dos magistrados. O penduricalho estava extinto desde 2006, mas,
em novembro de 2022, o Conselho da Justiça Federal ressuscitou a medida aos
magistrados mais antigos.
No
Pará, magistrados
se
destacam como mais
bem
pagos do País
A
magistratura estadual não foi alcançada pela decisão do TCU, que trata apenas
de juízes federais, mas não tem do que se queixar. Desde abril deste ano,
milhões de reais vêm sendo pagos aos magistrados que, neste fim de semana,
viraram notícia nacional: são os mais bem aquinhoados pelo erário.
Corre
Brasil afora - sem qualquer manifestação ou esclarecimento da presidência do
Judiciário, até o momento - que o Tribunal de Justiça do Pará gastou quase R$
19 milhões com subsídios dos magistrados em novembro. Foram pagos mais de R$
200 mil líquidos a 77 integrantes da Corte, emprestando à folha de pagamento do
Tribunal, em valores brutos, gastos de R$ 16,9 milhões. Férias, gratificações,
pagamentos retroativos e indenizações a desembargadores e juízes estaduais
bateram a casa dos R$ 60 milhões.
Dinheiro na mão
Os 77
magistrados receberam valores que variaram de R$ 201.371,33 a R$ 621.118,59.
Outros 323 custaram mais de R$ 100 mil em um único mês, desembolsando entre R$
104.826,04 e R$ 198.151,40. Suas excelências são, portanto, na avaliação do
Conselho Nacional de Justiça, “os 100 magistrados mais bem pagos” da Justiça
estadual em todo o País, com um plus: a desembargadora Maria de
Nazaré Saavedra Guimarães é top 10, embolsando, no período, R$ 621
mil líquidos, dos quais R$ 595 mil foram transferidos a título de
“retroativos”.
Detalhe:
se bem andou, a magistrada recebeu essa dinheirama toda já na condição de
aposentada; na ativa ela não está mais.
Papo Reto
Perguntar não ofende: quando custa
um Porsche Carrera? Ora, quase R$ 1 milhão, o que deveria dificultar sua compra
por um simples mortal. Só que não...
Em mensagem à coluna, o delegado
federal Everaldo Eguchi (foto) esclarece sobre a reportagem “O
dilema de Helder...”, publicada ontem: "Excelente a reportagem. Só errou
ao dizer que estou no grupo do governador; eu nunca falei com ele. Hoje, sou
independente".
O que se diz é que hackers andam
fazendo a festa com as contas bancárias dos aposentados estaduais. Advogados
experientes se manifestam horrorizados com a facilidade de acesso a crédito no
Banpará.
No banco estadual, como se sabe, a
ordem é complicar, menos para quem invade contas alheias. E ninguém deu o
alarme até agora.
A volta do atacante Nicolás ao
Paysandu, de onde saiu acusado de fazer corpo mole para ser transferido ao
Goiás, divide opiniões entre os bicolores. Calma, gente: melhor aguardar o
resultado das outras contratações.
Até ontem, a Agência Nacional de
Aviação Civil já havia emitido cerca de 5 milhões de bilhetes para passageiros
que vão embarcar em terminais pelas cinco regiões do País - só não explica os
preços nas alturas cobrados pelas voadoras.
A Petrobras deu um novo passo em
busca de óleo e gás na Margem Equatorial, só que em poço a 53 quilômetros da
costa do Rio Grande do Norte. Foz do Amazonas que é bom, nenhum grunhido...
Estimam-se em R$ 15 bilhões as
perdas anuais do governo com as mais diversas fraudes na venda de combustíveis.
Uma bomba eletrônica à prova de
fraudes já foi inventada, e deveria estar em todos os postos do País até
dezembro de 2024, mas o Inmetro impôs o prazo de cinco anos para validá-las.
Dane-se o consumidor.
Sete entidades médicas nacionais
assinaram pedido público de providências à Anvisa quanto ao uso indiscriminado
de implantes hormonais - o chamado chip da beleza - no
Brasil, frequentemente contendo esteróides e anabolizantes que podem induzir
até mesmo à morte.