Tráfico e milícia tomam serviços essenciais de assalto no Rio e expulsam cariocas para São Paulo

Parceria criminosa domina distribuição de TV, internet, energia e telefone e provoca “boom” imobiliário no Estado vizinho.

20/09/2023, 08:00
Tráfico e milícia tomam serviços essenciais de assalto no Rio e expulsam cariocas para São Paulo
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io de Janeiro, a “Cidade maravilhosa”,  se queda, impotente, ao crescimento irremediável da "parceria" entre milícia e tráfico, em uma simbiose que já domina a distribuição de serviços essenciais como TV, internet, energia e telefone. 


O controle criminoso de serviços prejudica até os sistemas de vigilância da autoridade policial carioca, mas os maiores danos vão para a população/Fotos: Divulgação.

 A operadora OI, por exemplo, teve recentemente toda a sua estrutura destruída por bombas e tiros nos bairros de Cavalcanti e Engenheiro Leal, culminando com o cancelamento dos serviços para 25 mil pessoas, obrigadas a migrar para o serviço de internet de propriedade do tráfico, que apresenta velocidades inferiores e péssima qualidade. 

 

A Oi também enfrenta cotidianas sabotagens e está proibida de fazer novos cabeamentos nos bairros de Quintino, Cascadura, Cachambi, Santa Cruz, Piedade, Madureira, Pilares,  Jacaré, Méier e Lins. Estima-se que a empresa irá deixar de atender 1,5 milhão de pessoas por "ordens e ataques da milícia e do tráfico". 

 

Territórios perdidos

 

A Vivo Fibra é outra vítima, e vem recebendo um colossal número de ataques à rede de fibra ótica, já dando como "perdidos" os bairros de Riachuelo, Vila Isabel, Engenho Novo e Engenho de Dentro, por conta do exagerado número de ataques de marginais, a mando do tráfico e da milícia. 

 

Outra que só consegue operar em bairros nobres é a Tim, que já perdeu 15% dos seus negócios envolvendo cabeamentos de fibra ótica para o submundo.

 

Investimentos cancelados

 

Não foi à toa que, recentemente, a Net cancelou qualquer novo investimento no Rio de Janeiro, passando a direcioná-los para outros Estados, mediante a expulsão que sofreu de 20% do território onde vinha atuando na cidade. 

 

Energia, filão dourado

 

A Ligth, empresa responsável pela distribuição da energia no município, perdeu 35% de suas redes para a milícia. Madureira, Pilares, Recreio, Santa Cruz, Campo Grande (sub-bairros). Em Cascadura, Cavalcanti, Engenheiro Leal, Tomás Coelho e outros 35 bairros - em sua totalidade ou parcialmente -, a empresa teve sua estrutura simplesmente confiscada pelos marginais, que assumiram as cobranças e  exigem dinheiro vivo. Pior: quem não paga sofre sessões de tortura e espancamentos. 

 

Nem o gás escapa

 

Com a CEG, que opera negócios com gás natural, não poderia ser diferente. A empresa enfrenta, diariamente, problemas em virtude de pedágios que o tráfico ou a milícias - ou ambos, juntos e misturados - cobram para que seja autorizada a fazer reparos em sua própria rede de distribuição. O drama já prejudica 2 milhões de pessoas, já que bairros inteiros do Rio já enfrentam desabastecimento de gás encanado.

 

Tudo para obrigar os moradores a comprarem botijões de gás da milícia ou do tráfico por até R$ 120. 

 

E antenas, muito menos

 

No Rio de Janeiro, hoje, até as antenas de telefonia móvel vêm sofrendo ataques por conta de um alto pedágio de R$ 30 mil por semana, arbitrado por traficantes e milicianos, e imposto às operadoras que desejam seguir trabalhando com aquele equipamento nos municípios da Baixada Fluminense e bairros do subúrbio carioca. 

 

São Paulo é logo ali


Cidades do interior de São Paulo,  como São José dos Campos, Taubaté, Tremembé, dentre outras, passaram a observar verdadeiro boom no mercado imobiliário por causa da incomum migração de cariocas fugindo do caos e da guerra sem fim que se instalou na antiga “Cidade Maravilhosa”.

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