io de Janeiro, a “Cidade maravilhosa”, se queda, impotente, ao crescimento irremediável da "parceria" entre milícia e tráfico, em uma simbiose que já domina a distribuição de serviços essenciais como TV, internet, energia e telefone.
A operadora OI, por exemplo, teve recentemente toda a sua estrutura destruída por bombas e tiros nos bairros de Cavalcanti e Engenheiro Leal, culminando com o cancelamento dos serviços para 25 mil pessoas, obrigadas a migrar para o serviço de internet de propriedade do tráfico, que apresenta velocidades inferiores e péssima qualidade.
A Oi também enfrenta cotidianas sabotagens e está
proibida de fazer novos cabeamentos nos bairros de Quintino, Cascadura,
Cachambi, Santa Cruz, Piedade, Madureira, Pilares, Jacaré, Méier e Lins.
Estima-se que a empresa irá deixar de atender 1,5 milhão de pessoas por
"ordens e ataques da milícia e do tráfico".
Territórios perdidos
A Vivo Fibra é outra vítima, e vem recebendo um colossal
número de ataques à rede de fibra ótica, já dando como "perdidos" os
bairros de Riachuelo, Vila Isabel, Engenho Novo e Engenho de Dentro, por conta
do exagerado número de ataques de marginais, a mando do tráfico e da
milícia.
Outra que só consegue operar em bairros nobres é a Tim,
que já perdeu 15% dos seus negócios envolvendo cabeamentos de fibra ótica para
o submundo.
Investimentos cancelados
Não foi à toa que, recentemente, a Net cancelou qualquer
novo investimento no Rio de Janeiro, passando a direcioná-los para outros
Estados, mediante a expulsão que sofreu de 20% do território onde vinha atuando
na cidade.
Energia, filão dourado
A Ligth, empresa responsável pela distribuição da
energia no município, perdeu 35% de suas redes para a milícia. Madureira,
Pilares, Recreio, Santa Cruz, Campo Grande (sub-bairros). Em Cascadura,
Cavalcanti, Engenheiro Leal, Tomás Coelho e outros 35 bairros - em sua
totalidade ou parcialmente -, a empresa teve sua estrutura simplesmente
confiscada pelos marginais, que assumiram as cobranças e exigem dinheiro
vivo. Pior: quem não paga sofre sessões de tortura e espancamentos.
Nem o gás escapa
Com a CEG, que opera negócios com gás natural, não
poderia ser diferente. A empresa enfrenta, diariamente, problemas em virtude de
pedágios que o tráfico ou a milícias - ou ambos, juntos e misturados - cobram
para que seja autorizada a fazer reparos em sua própria rede de distribuição. O
drama já prejudica 2 milhões de pessoas, já que bairros inteiros do Rio já
enfrentam desabastecimento de gás encanado.
Tudo para obrigar os moradores a comprarem botijões de
gás da milícia ou do tráfico por até R$ 120.
E antenas, muito menos
No Rio de Janeiro, hoje, até as antenas de telefonia
móvel vêm sofrendo ataques por conta de um alto pedágio de R$ 30 mil por
semana, arbitrado por traficantes e milicianos, e imposto às operadoras que
desejam seguir trabalhando com aquele equipamento nos municípios da Baixada
Fluminense e bairros do subúrbio carioca.
São Paulo é logo ali
Cidades do interior de São Paulo, como São José
dos Campos, Taubaté, Tremembé, dentre outras, passaram a observar verdadeiro boom no
mercado imobiliário por causa da incomum migração de cariocas fugindo do caos e
da guerra sem fim que se instalou na antiga “Cidade Maravilhosa”.