Sucessão de erros que vão além das quatro linhas torna o futuro do Clube do Remo incerto e não sabido

Time é vice-lanterna da Série C, tem quase R$ 2 milhões bloqueados pela Justiça do Trabalho e atletas supostamente fazendo ‘corpo mole’ por falta do famoso “bicho”.

08/05/2024 12:00

O presidente Tonhão e a chuva de ovos em protesto no Baenão; vídeo é publicado sem áudio por causa da violência verbal/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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ecentemente, Cristiano Dresch, presidente do Cuiabá, time que ocupa a lanterna do Campeonato Brasileiro da Série A, deu uma declaração polêmica ao cobrar publicamente os jogadores que atribuíam os fracassos em campo à falta de incentivo para o elenco. “Incentivo, não. Falta é vergonha na cara!”, bradou, em alto e em bom tom, o dirigente.


Apesar de polêmica, esse é o tipo de declaração que dificilmente desagrada a torcida de times que ficam aquém do esperado em torneios onde a briga é por acesso a divisões superiores. É o caso do inferno astral vivido pelo Remo, cujo estádio, o Baenão, recebeu uma chuva de ovos lançados por torcedores após a sétima derrota seguida, a terceira só na Série C, onde o Leão ocupa a vice-lanterna e só não é o fona graças ao saldo de gols.

 

Histórico de fracassos

 

O problema é que se fala de um problema recorrente, cujo histórico de fracassos tem feito do torcedor azulino motivo de chacota, principalmente pelo maior rival, o Paysandu; e do time, um rosário de frustrações que, ano após ano, tem afastado o clube dos títulos, das alegrias e, principalmente, do equilíbrio financeiro.

 

Ano passado, já no final da gestão, Fábio Bentes, ex-presidente azulino, participou de uma cerimônia no Tribunal Regional do Trabalho que marcou o fim das dívidas trabalhistas do clube, e se arrastavam no órgão há pelo menos duas décadas. Um marco para o equilíbrio financeiro do clube, mas que segue sem resultados positivos concretos.

 

A culpa é do outro

 

Para piorar, o atual presidente azulino, Antônio Carlos Teixeira, o Tonhão, revelou que a história não é bem assim. As dívidas, de acordo com o mandatário azulino, teriam sido quitadas com os fornecedores, mas não com o INSS. "Ainda existem pendências na Justiça do Trabalho e nosso dinheiro ainda não foi liberado. Eu não recebi um tostão ainda do governo do Estado, do Parazão, e nem a nossa cota da Copa do Brasil, que recebemos apenas 40%”.

 

Justiça não perdoa

 

Os débitos do Remo levaram ao bloqueio, pela Justiça do Trabalho, de cerca de R$ 2 milhões entre cotas de patrocínio e direitos de transmissão de TV. Para tentar se explicar, Tonhão, em entrevista ao radialista José Maria Trindade, tentou jogar a responsabilidade para a gestão anterior - razão pela qual foi bastante criticado por torcedores, sócios e beneméritos.

 

E a tendência é de que novas dívidas da mesma natureza sigam complicando a vida de Tonhão e companhia. Mês passado, o treinador de goleiros Juninho, que trabalhou no clube entre 2018 e 2023, decidiu jogar o Leão na Justiça após sete anos de parceria. Está pedindo R$ 828 mil entre salários atrasados e direitos trabalhistas não cumpridos. O clube tenta fechar o acordo com o ex-funcionário.

 

Quem sabe domingo?

 

A sequência de derrotas tem tudo para ser interrompida no próximo domingo, quando o Leão enfrenta o Floresta, do Ceará, lanterna da competição e dono da defesa mais vazada do campeonato, jogo em Belém. Um presente para as mamães e um alento para a torcida.

 

Afinal, do jeito que as coisas andam, manter-se na Série C já seria um bom negócio para o Remo. Ainda que um negócio insignificante por tudo o que representa e merece o torcedor.

 

Papo Reto

 

· Engraçado: a Cohab alerta famílias atendidas pelo programa Sua Casa a acionarem o Procon por prática abusiva na venda de material de construção, com preços de até 40% acima do valor de mercado.

 

· E quem vai ser acionado para fiscalizar o abuso no uso da máquina pública, incluindo funcionários da companhia, para distribuição de verbas do programa?

 

· “Sua Casa” está sob controle exclusivo de dois deputados estaduais e ninguém tasca. Ambos exploram o programa em favor do próprio cargo.  

 

· Veja como são as coisas. A roleta da sorte da Assembleia Legislativa colocou o deputado Iran Lima (foto), do MDB, para confirmar o nome da ex-deputada Ann Cunha à vaga do TCM.

 

· Para quem alimentava o sonho de ganhar a vitaliciedade do cargo no Tribunal, parece ironia do destino; e é.

 

·  Secretaria de Saúde de Belém é acusada de ignorar - por não cumprir -   a Lei 13.342, que obriga ao pagamento de insalubridade sobre o piso da categoria dos agentes comunitários.

 

· Trata-se de lei federal, que prevê o pagamento do adicional incidindo sobre o piso da categoria, atualmente é de dois salários mínimos.

 

· A Secretaria, porém, paga apenas o adicional sobre um salário mínimo, causando um prejuízo mensal a mais de 3,3 mil servidores.

 

· Dizem que o MP em Ananindeua será acionado por moradores de Marituba cobrando providências da prefeitura contra “o escárnio” representado pelo programa de asfaltamento de ruas bancado pela Secretaria de Obras do Estado.

 

· Trechos considerados importantes do sistema viário secundário da cidade sucumbiram às chuvas em menos de seis meses e hoje aprisionam os moradores entre crateras e o caótico trânsito na BR-316.


· E o Remo, hein? Mandou cinco para o olho da rua. Sinal de que o passado não ensinou o dever de casa do futuro. Até quando...

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