AP, o clube, cancela contrato de aluguel por "falta de segurança" e tira chão de Bolsonaro em Belém

Antes da desistência definitiva, clube divulgou nota manifestando-se "apartidário", mas expectativa de público determinou decisão.

03/05/2024 08:00
AP, o clube, cancela contrato de aluguel por
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epois de muito disse-me-disse e atropelos de informação, a Assembleia Paraense cancelou ontem, em definitivo, o contrato para a realização do evento que deve reunir terça-feira, 7, em Belém, o ex-presidente Jair Bolsonaro e a mulher dele, Michelle, além de aliados, para filiações partidárias e lançamento de pré-candidaturas, entre as quais a do deputado federal Eder Mauro a prefeito de Belém. A desistência será dinheiro a menos nos cofres do clube que, segundo apuração da coluna, cobra entre R$ 18 mil e R$ 25 mil para eventos do tipo, por um dia.

Desistência implica não receber de R$ 18 mil a R$ 25 mil dos cofres do clube correspondentes ao aluguel/Fotos: Divulgação.

Em tempos em que negócio é negócio e política é política - ou pelo menos deveria ser -, a desistência sugere que a diretoria do clube se deixou vencer pelo argumento de que teria sido pressionada por sócios - ou seriam pressões políticas? - contra a realização do evento, embora, sendo negócio, abrigar uma promoção partidária paga não deveria nem de longe parecer apoio político. Pelo sim, pelo não - a AP não se destaca entre os maiores clubes do País por ações de filantropia, embora as faça, aleatoriamente -, criou um problemão para o locatário, o Partido Liberal, que até a noite de ontem, acionado pela Coluna Olavo Dutra, não havia encontrado um espaço apropriado para promover sua festa política.  

Um clube apartidário

Foi esse argumento que, antes da desistência, a AP chegou a colocar em uma nota divulgada para a imprensa. Na nota, o clube deixava claro que é apartidário e que, portanto, o evento não era do clube, nem tinha qualquer tipo de apoio, lembrando aos leitores que outros grupos políticos já utilizaram suas instalações, alugadas nas mesmas condições para eventos similares. Nas redes sociais, o imbróglio beirou as raias da bizarrice, suscitando comentários como “quem vai alugar a sede das AP é o MST”, o movimento de esquerda que reúne trabalhadores rurais.

A régua de cada um

Porém, apesar das negativas isoladas, a celeuma gerada por parte de sócios contrários ao movimento bolsonarista levou a diretoria da AP a recuar. Segundo fonte da coluna, enquanto na reunião semanal ordinária da diretoria, terça-feira, 30, a decisão foi de manter o evento, durante o feriado do 1º de Maio as pressões continuaram sobre a diretoria, que se reuniu novamente de forma extraordinária no final da manhã de quinta-feira e decidiu cancelar o contrato, desta feita sob o argumenta da “falta de segurança para um evento desse porte”. Em tempo: ultimamente, as redes sociais têm utilizado uma régua meio que empírica para medir a presença de público em manifestações nacionais envolvendo a esquerda e a direita, caso em que, diz a direita, Bolsonaro leva a melhor, culminando com a manifestação de 1º de Maio, em que o presidente Lula reclamou da desorganização do PT nos arranjos populares que acabou reunindo pequeno público.

Cenário polarizado

Ontem, um membro da diretoria da AP disse à coluna que houve muito diálogo e que foi uma decisão da diretoria. “A diretoria entendeu que, estando ainda o cenário político brasileiro muito polarizado entre bolsonaristas e lulistas, e que no Pará não é diferente, seria muito difícil para o clube garantir a segurança do evento, que, por ser particular, “exigiria grande reforço de segurança privada” - e neste momento o clube não tem a estrutura necessária para ofertar. “Nossa presidência inclusive deverá fazer esse mesmo esclarecimento à imprensa”, informou o membro da diretoria.

Não há novo local

Com a desistência da diretoria da AP, na tarde de quinta-feira, a direção do Partido Liberal estava à procura de outro local para acomodar o evento e divulgar para a militância. Até então, o convite é para receber o casal às 12 horas do dia 7 no Aeroporto Internacional de Belém, seguindo em motocarreata até a orla de Icoaraci para um almoço, e depois para o local do evento, ainda não definido.

De Belém, o casal Michelle e Bolsonaro segue, no dia 8 de maio, para a região sudeste do Pará, onde terá agenda de lançamento dos pré-candidatos de Parauapebas e Marabá.

Contrato cancelado

Veja a íntegra da nota definitiva divulgada ontem:

“A Assembleia Paraense, ratificando o compromisso com todo o seu quadro associativo no que diz respeito ao evento locado pelo Partido Liberal para o dia 07 de maio de 2024, vem comunicar que já notificou o contratante sobre a rescisão do referido contrato.

Em que pese a simples locação do espaço estar em conformidade com o nosso estatuto, a decisão se dá por fato superveniente à assinatura do instrumento.

Ocorre que, conforme ampla divulgação, trata-se de evento de massa, com uma quantidade esperada de pessoas muito maior do que a estimada nas tratativas para a assinatura do contrato, o que poderia colocar em risco a segurança dos nossos associados e do nosso patrimônio”.

Papo Reto

 

· Não será novidade se as contas do prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (foto), esbarrarem na rigorosa fiscalização dos tribunais de contas no Pará.

 

· Exoneraram o presidente da Comissão de Licitação da UFPA, que desgraçadamente questionou o preço e a empresa que constrói o prédio da nova editora da Universidade, chamada “Futuro castelo da rainha”.

 

· Conhecido por seu estilo discreto e comedido, o bispo de Abaetetuba, Dom José Maria Chaves, paraense de Óbidos e ex-vice presidente da CNBB Norte 2, baixou o cajado nas lideranças políticas do município onde atua.

 

· Em tom agressivo e em defesa do seu rebanho e da fé, Dom José Maria Chaves usou a palavra "cinismo" ao se referir a políticos e ao próprio prefeito de Abaetetuba pela falta de respeito à padroeira da cidade.

 

· Em tempos em que, via de regra, os bispos ligados à CNBB no Pará não veem nada e nada falam, consta-se que de onde não se espera é que sai.

 

· A Unimed Belém obteve 100% de conformidade na auditoria decorrente de resolução normativa 518, da Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS.

 

· Segundo a Agência, “operadora que comprovar o atendimento a todos os requisitos poderá solicitar a redução de fatores de capital regulatório a ser observado para atuação no setor de saúde suplementar”.


· Pela legislação, a adoção do capital baseado em riscos deverá refletir uma redução de R$ 24 milhões com a utilização dos fatores reduzidos em referência à data-base em janeiro de 2024.

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