a última segunda-feira, 29, quando o
Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado, Gaeco, braço do
Ministério Público Pará, visitou servidores ligados ao Hospital Santa Maria, de
propriedade do prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, o deputado Erick
Montteiro, do PSDB, aliado de Daniel, assumiu a posição de porta-voz do
prefeito, ao ponto de conceder entrevista tanto defendendo a administração
quanto acusando o governo do Estado.
Pelo que revelou aos jornalistas, o tucano deixou subentendido que há um
esquema de corrupção envolvendo diferentes hospitais do Estado, todos atendidos
com verbas do SUS - o Sistema Único de Saúde -, inclusive em Ananindeua, onde,
segundo ele, “uma clínica ligada a um político recebe R$ 2,5 mil por uma
endoscopia”. Erick sabe das coisas. O Hospital Modelo, de sua propriedade,
também era ligado ao suposto esquema.
No meio do pitiú
Em agosto do ano passado, por exemplo, o Hospital Modelo foi alvo de denúncias
sobre supostas fraudes envolvendo verbas do SUS. Àquela altura, a Coluna Olavo
Dutra denunciou, com exclusividade, a realização de cirurgias de glaucoma e
catarata em pessoas jovens no hospital. Esses procedimentos causam estranheza
por serem, de acordo com a literatura médica, normalmente realizados em pessoas
acima dos 40 anos, para glaucoma, e acima dos 60, para catarata. Casos em
crianças e jovens são extremamente raros.
Silêncio do MPF
À época, uma denúncia chegou a ser
feita pelo médico Wirley de Barros, então auditor do Sistema de Regulação
da Secretaria de Saúde de Ananindeua, ao Ministério Público do Pará, por meio
da Procuradoria do Município de Ananindeua, e ao procurador Bruno Valente,
titular da Procuradoria da República do Ministério Público Federal (MPF) no
Pará. Nada foi para a frente, ao que se sabe.
Conta do Modelo
Só em 2021, o Hospital Modelo
recebeu quase R$ 4 milhões do SUS. Desse montante, mais da metade, R$ 2.294.759,97,
relacionada a cirurgias oftalmológicas em pacientes jovens, todas recomendadas
pelo mesmo médico, o oftalmologista Carlos Augusto Alves, sempre com as
mesmas justificativas.
Outros R$ 700 mil aparecem, também pagos ao Hospital Modelo, em cirurgias
de retina e tomografias, além de exames de tomografia de coerência
óptica, solicitados sem o devido laudo de comprovação da real necessidade e
indicação, como recomenda o Protocolo de Solicitação emitido em nota
técnica pelo SUS.
Casa de marimbondo
Mas o parlamentar dono de hospital
parece querer mexer no vespeiro, sugerindo que o Iasep seja alvo de uma
devassa, como se nada tivesse a explicar sobre os recursos recebidos pelo
hospital de sua propriedade. Parece um comportamento “kamikaze”; e é.
Afinal, do jeito em que as coisas
estão - e no ponto em que chegaram -, nem a expressão “em terra de cegos, quem
tem um olho é rei” deve ser usada, pois não há cegos. E mais: desde a
entrevista, segunda-feira, o tucano segue de bico fechado.
Papo Reto
Assíduo leitor da coluna observa duas
situações interessantes com base em operações policiais que vêm ocorrendo na
Grande Belém nos últimos dias: “pelo menos de tédio a gente não morre”.
De fato. Segunda-feira em
Ananindeua e, ontem, em Belém, eis que vem à tona o que estava sob o tapete
havia anos e ninguém falava nada, a não ser nos convescotes da vida.
E conclui o leitor: “estou com medo
do desdobramento de tudo isso... Parece que estamos vivendo uma recaída da
Lava-Jato”.
Aliás, para muitos, não causou surpresa
a operação Plenitude, que envolve a Controladoria-Geral da União, Polícia
Federal e Receita Federal, investigando supostos desvios de recursos públicos
no Pará.
A empresa Terraplena, de Carlos
Nascimento, figura no olho do furacão, acusada de fraudar licitações e lavar
dinheiro público.
Pesquisa
Doxa registrada no TRE aponta que o prefeito marajoara de Bagre, Clebinho
Rodrigues, do PSD (foto), é o mais bem avaliado do Pará, com 93% de
aprovação.
Nessas condições, Clebinho deixa para
trás prefeitos de maior visibilidade, como a digital influencer Patrícia
Alencar, de Marituba. A diferença de intenção de votos do Clebinho para os seus
adversários é de quase 60%.
Acredite, o Brasil ultrapassou quatro
milhões de casos de dengue, mas a conta não para aí.
No
próximo dia 8 termina o prazo para tirar título eleitoral, sem o qual o
eleitor não poderá emitir documentos como o passaporte, nem se matricular no
ensino superior.
Mais de
3,4 milhões de motoristas com carteira nas categorias C, D e E estão em
situação irregular no Brasil.
Detalhe:
o prazo para realizar o necessário exame toxicológico terminou ontem.