Pré-candidatura do MDB à Prefeitura de Belém esbarra até na escolha do vice, mas tem apoio geral

Psol consegue remover propaganda antecipada na Justiça Eleitoral, o que representa claro revés para Igor Normando.

Por Olavo Dutra

05/05/2024 08:00
Pré-candidatura do MDB à Prefeitura de Belém esbarra até na escolha do vice, mas tem apoio geral
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Justiça Eleitoral do Pará determinou, na última sexta-feira, 3, que o pré-candidato à Prefeitura de Belém, Igor Normando, e o MDB, presidido no Pará pelo ministro Jader Filho, removam o vídeo divulgado em diversos canais televisivos e redes sociais que mostra o político ao lado do governador do Pará, Helder Barbalho. A liminar atendeu ao pedido do Psol, após a veiculação do vídeo de 40 segundos apresentando suposta propaganda eleitoral antecipada.


Qualquer um entre cinco cotados pode ser o escolhido, tanto quanto nenhum. Demora inquieta aliados do governo/Fotos: Divulgação.

A decisão, sem dúvida, é um revés relevante na pré-campanha do escolhido do governador, cuja desenvoltura ainda não empolgou as massas, embora tenha atraído o apoio formal do establishment político da cidade. Todos os partidos da base aliada do governo formalizaram apoio a Igor Normando, com exceção do PDT, PT, PCdoB e PSB, que construíam a base de apoio da eleição de Lula em 2022. Isso também implica apoio massivo de vereadores e de suas bases ao nome do MDB.

 

O nome do vice

 

Contudo, isso não expressa em números. O crescimento vegetativo de Igor Normando na recente pesquisa Doxa, a rigor, foi uma flutuação positiva dentro das margens de erro. “Com uma margem de erro de 3,5%, qualquer variação de até 7 pontos não merece comemoração”, disse um especialista em pesquisas consultado.

 

O mais eloquente hiato na chapa do MDB para a disputa em Belém é o lugar de vice. Muita especulação circula em torno desse tema. Nomes como do deputado Raimundo Santos, do vereador John Wayne, do secretário de Esportes do Estado, Cássio Andrade e do deputado Zeca Pirão animam os corredores da política, mas as apostas mais contundentes recaem sobre o nome da secretária de Cultura, Úrsula Vidal.

 

“A popularidade de Úrsula a coloca sempre nas primeiras posições nas enquetes realizadas na capital. Além disso, existe o carisma e a facilidade de comunicação, no que ela supera o próprio candidato, podendo lhe servir de suporte”, especula uma experiente jornalista política. Há que se destacar também a intervenção privilegiada que a secretária de Cultura teve em Belém, tendo sua assinatura os dois mais expressivos projetos de intervenção urbanísticos: o Porto Futuro 2 e o Parque da Cidade, ambos projetados pela Secretaria que dirige.

 

Única personagem do staff de Helder que saiu para ser candidata e voltou para o mesmo cargo, Úrsula Vidal demonstra prestígio junto ao governador, mas também ao ministro Jader Filho. No sábado, o ministro das Cidades tirou parte de seu tempo em Porto Alegre, onde acompanhava o presidente Lula, para prestigiar o programa da rádio de Úrsula Vidal, dando a ela longa entrevista exclusiva, o que certamente não aconteceu sem um planejamento prévio.

 

Pedras no caminho

 

Pode ser qualquer um desses nomes, ou nenhum deles. Como - quase - tudo na política paraense, a palavra final será de Helder Barbalho, o governador onipresente, que hoje dribla obstáculos que não teve nos quatro primeiros anos de sua gestão. O conflito em Ananindeua, que está consumindo tempo e dinheiro do governador, o nó górdio em Parauapebas, difícil de desatar, a celeuma em torno da indicação da vaga do TCM, que envolve desde parentes diretos do governador e até mesmo desafetos, e, por fim, o evidente atraso no cronograma de obras para a COP30, que virou campo de disputa com setores do governo federal desejosos de levar parte da Conferência do Clima para a Bahia, São Paulo ou mesmo Rio de Janeiro - hipóteses não descartadas se o cronograma em Belém seguir travado em descompassos internos.

 

A ruptura do Estado com a Prefeitura de Belém, por razões político-eleitorais, travou os canais de comunicação entre as instâncias, levando inclusive a uma guerra em que os órgãos correlatos responsáveis pela liberação de licenças, colidiram.

 

Atraso de decisões

 

“A falta de foco de Helder em Belém”, como classificou um deputado estadual aliado, está atrasando as decisões que podem mexer com os números e prognósticos.

 

O deputado federal Eder Mauro, que lidera as pesquisas, e Edmilson, que conta com um público cativo, aproveitam o tempo para tentar consolidar seus espaços, enquanto Igor Normando espera reforço capaz de fazê-lo acelerar a escalada que o governador pensa ser mais fácil se ancorada na máquina, essa provedora de milagres desde que o tempo é contado na ampulheta da política.

 

Papo Reto

 

· Observadores da cena política paraense avaliam que o MDB se divide em duas frentes com vistas às eleições deste ano: uma com o governador Helder Barbalho, e outra com o presidente do partido, ministro Jader Filho (foto).

 

· A municípios onde Helder encontra oposição, ou o candidato não é da sua preferência, quem vai é o ministro; o governador “só vai na boa”, como se diz.

 

· Outra dos observadores políticos: o prefeito Daniel Santos está apoiando Edmilson “por baixo dos panos”.

 

· A ideia de que o prefeito se abraçará abertamente com o bolsonarismo está equivocada; o bolsonarismo irá com ele sem que ele precise entregar a eles coisa alguma. É a lei da gravidade.

 

· Elas por elas: o prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol, riscou da folha de pagamento da Prefeitura de Belém pessoas indicadas por vereadores ligados ao governador do Estado, seja do MDB ou não.

 

· Dizem os aliados do prefeito que Edmilson anda cheio de confiança...

 

· Aviso aos navegantes e contempladores do rio Guamá: nem tudo é o que parece ser no campus da UFPA, onde tudo pode acontecer, inclusive nada. Fica a dica.

 

· Moradores do bairro da Cidade Velha, em Belém, pedem socorro à Cosanpa, à Secretaria Saneamento de Belém ou à Secretaria de Saúde do Estado.

 

· A questão é o entupimento do esgoto público no bairro. Muitos moradores passaram a lançar nas valas até o esgotamento sanitário, resultando que o bairro exala mau cheiro de fossa para todo lado.

 

·  Um sargento da PM lotado na Assembleia Legislativa do Estado teve furtada a mala de trabalho por pessoa desconhecida. Dentro da mala estava o fardamento e o colete balístico do policial.

 

· Ufa! Enfim, o governo federal abre a série de audiências públicas para discutir a tão sonhada implementação da Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais.


· A proposta, de autoria dos ex-deputados Arnaldo Jordy e Rubens Bueno, é considerada importante como incentivo à preservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável.

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